Funções implícitas e explícitas

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Na matemática, usam-se os termos função implícita e função explícita para designar funções definidas por expressões matemáticas[1] sendo que:

  • nas funções explícitas a fórmula é dada como f(x) = φ(x), em que φ é uma expressão em x, ou seja, utiliza apenas constantes, funções anteriormente definidas e a variável x[2].
  • nas funções implícitas a fórmula é dada como Φ(f, x) = 0, em que Φ é uma expressão em f e x, ou seja, utiliza apenas constantes, funções anteriormente definidas e as variáveis f e x. Esta fórmula é interpretada como f = f(x)[2].

Em uma função explícita é fornecida uma prescrição para a determinação do valor de saída da função y em termos do valor de entrada x:

y = f(x).

Em contraste, a função é implícita se o valor de y é obtido de x por resolver-se uma equação da forma:

R(x,y) = 0.

Ou seja, ela é definida como o conjunto de nível de uma função em duas variáveis: uma variável ou o outro pode determinar a outra, mas não é dada uma fórmula explícita para um em termos do outro.

Funções implícitas podem frequentemente ser úteis em situações onde seja conveniente resolver explicitamente uma equação da forma R(x,y) = 0 para y em termos de x. Mesmo que seja possível reorganizar a equação para obter y como uma função explícita f(x), pode não ser desejável fazê-lo desde a expressão de f que pode ser muito mais complicado que a expressão de R. Em outras situações, a equação R(x,y) = 0 pode falhar em definir uma função em todos, e sim definir um tipo de função multivalorada. No entanto, em muitas situações, ainda é possível trabalhar com funções implícitas. Algumas técnicas de cálculo, tais como diferenciação, pode ser realizada com relativa facilidade usando diferenciação implícita.

O teorema da função implícita fornece uma ligação entre funções implícitas e explícitas. Ele estabelece que se a equação R(x, y) = 0 satisfaz algumas condições brandas sobre suas derivadas parciais, então pode-se, em princípio, resolver esta equação para y, pelo menos durante alguns pequenos intervalo. Geometricamente, o gráfico definida por R(x,y) = 0 irá sobrepor-se localmente com o gráfico de uma função y = f(x).

Existem vários métodos numéricos para resolver-se a equação R(x,y)=0 para encontrar uma aproximação para a função implícita y. Muitos destes métodos são iterativos em que eles produzem-se melhores aproximações sucessivas, de modo que uma precisão requerida pode ser alcançada. Muitos destes métodos iterativos são baseados em alguma forma do método de Newton.


Funções implícitas

Resumir
Perspectiva

No cálculo, a diferenciação implícita é um meio de derivar equações implícitas, ou seja, funções onde y não está definido como função explícita de x, por exemplo: . Equações onde não temos de um modo explicito uma relação entre as duas variáveis pela qual possamos escrever

Uma função explícita é aquela que podemos escrever por exemplo: onde .

Já a função implícita é aquela onde temos por exemplo:



No caso essa equação não está em termos de x, nem de y. Mas ao resolver em termos de y obtemos:




Ou seja, é uma forma implícita de definirmos tanto a função como a função . Muitas vezes, não é sequer possível obter uma forma explícita de em relação a , como no caso da equação .

Diferenciação implícita

Quando temos uma função implícita e precisamos derivá-la, o que devemos fazer? Devemos derivar tudo em relação à variável dependente. Isso significa que, se quisermos derivar em relação a , faremos as derivadas levando em conta a variável dependente como . Já se quisermos derivar em relação a , tomaremos a variável dependente como sendo .


Exemplo:


Derivemos a função em relação a x.




Ao derivarmos temos de ter o cuidado de que nosso é a função em si, ou seja, ele é a variável que representa toda a função. Temos então de usar a Regra da cadeia nele.



Deriva-se o restante normalmente



Isolamos o quociente de diferenciais que representa a derivada



Simplificamos e obtemos finalmente a derivada.



A ideia ao realizarmos a diferenciação implícita é justamente derivarmos sempre em relação à variável independente e, ao nos depararmos com a variável dependente, trabalharmos a mesma com a regra da cadeia, já que ela representa uma função, isto é, ao derivarmos estamos derivando simplesmente o quadrado da variável dependente, mas ao derivarmos , estamos derivando a função contida nessa variável, a função que a variável representa, ou seja, .


Isolar nem sempre é uma tarefa fácil. Por isso, recorremos à diferenciação implícita. Ao derivarmos esse , estamos justamente aplicando a regra da cadeia, ou seja:


Exemplos

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Perspectiva

Funções inversas

Funções implícitas normalmente surgem como um meio de descrever a noção de uma função inversa. Se f é uma função, então a função inversa de f é uma solução da equação

para y em termos de x. Intuitivamente, uma função inversa é obtida de f por intercambiar-se os papeis das variáveis dependente e independente. Dito de outra forma, a função inversa é a solução y da equação

Exemplos.

  1. O logaritmo natural y = ln(x) é a solução da equação x  ey = 0.
  2. O log-produto é uma função implícita dada por x  y ey = 0.

Funções algébricas

Uma função algébrica é uma solução y para uma equação R(x,y) = 0 onde R é um polinômio de duas variáveis. Funções algébricas desempenham um importante papel em análise matemática e geometria algébrica. Um exemplo simples de uma função algébrica é dada pelo círculo unitário:

Resolvendo para y tem-se

Note-se que há dois "ramos" para a função implícita: um onde o sinal é positivo e o outro onde ela é negativa. Ambos os ramos são considerados como pertencentes à função implícita. Deste modo, funções implícitas podem ser de múltiplos valores.

Referências

  1. Implicit Functions and their Differentiation, curso MA1002 Calculus - Differential Calculus, por Dr John Pulham, site www.maths.abdn.ac.uk
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