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Diego Medina (Porto Alegre, 29 de julho de 1974) é um compositor, cantor, multi-instrumentista, ator, dublador e artista gráfico brasileiro.
Diego Medina | |
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Diego Medina e uma prancha de surf decorada com seu trabalho gráfico, 2015. | |
Nascimento | 29 de julho de 1974 (50 anos) Porto Alegre, RS |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | |
Carreira musical | |
Período musical | 1994-presente |
Medina demonstrou interesse pelas artes visuais desde a infância, tendo no desenho suas primeiras experiências. Em 1999 iniciou sua carreira profissional como ilustrador, produzindo trabalhos para diversos veículos da mídia de grande circulação, como a Folha de S.Paulo, a Revista Vip e a Revista Superinteressante, bem como para publicações editadas no Brasil, Espanha, Argentina, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e Japão. Já realizou exposições com seu trabalho gráfico, caracterizado pela força do grafismo, pelas cores vibrantes e pelo caráter psicodélico, delirante e escatológico.[1][2][3]
O artista declarou que aprecia o excesso, sente a necessidade de preencher todos os espaços em branco,[2] desenha "muita craca, que para mim é uma coisa suja, irregular, gosmenta",[3] e Leo Felipe, curador de uma individual no Museu do Trabalho em Porto Alegre, assim descreveu sua produção: "São ilustrações que começam numa explosão e parecem nunca mais ter fim, assim como o universo. [...] Suas visões são as de um Hieronymus Bosch pós-moderno que furunga o nariz e ouve Mr. Bungle enquanto pinta o apocalipse num tríptico de figurinha de chiclete. A perversão de seu imaginário nos anuncia que Diego é profeta de um deus sacana".[1]
Como ator seu trabalho mais conhecido foi uma série de comerciais para a cerveja Polar, onde fazia dupla com Ricardo Kudla, um dos fundadores do bar Garagem Hermética. O contrato durou 13 anos e produziu em média três peças publicitárias por ano, que receberam larga divulgação em todo o território gaúcho.[2][3] Como dublador destaca-se a sua participação na série de animação X-Coração, criada por Guto Bozzetti e Lisandro Santos, com roteiros de Carlos Gerbase, Iuli Gerbase e Lisandro Santos, e produção da Cartunaria Desenhos, mostrando as peripécias de três amigos que se juntam para tocar rock e sonham em fazer sucesso. Com 26 episódios de 11 minutos, a série estreou em 2014 no canal a cabo Disney XD e em 2015 foi incluída na programação da TV aberta TV Brasil, sendo veiculada em toda a América Latina.[4][5]
Na música seu envolvimento também foi precoce, tendo aulas de violâo com Júlio Reny, e depois explorando outros instrumentos como o baixo, o teclado e a guitarra. Em 1994 fundou a banda Doiseu Mimdoisema, que encerrou suas atividades em 1996. No mesmo ano fundou com Michel Vontobel o Grupo Musical Jerusalém, que foi o embrião da Video Hits (1998-2002).[1][6] A Doiseu tinha uma proposta bem-humorada e irreverente baseada no rock, e explorava recursos eletrônicos e procedimentos alternativos como a casualidade, o nonsense e o improviso, enquanto o Jerusalém e a Video Hits tinham um perfil mais tradicional. Sua produção se inseriu em uma fase de intensa movimentação na cena roqueira independente e alternativa do Rio Grande do Sul,[7] chamou a atenção pela sua originalidade e veio mais tarde a ser considerada um ícone cult.[8][9] O músico foi elogiado por Marcelo Firpo na revista Manguenius como "um dos heróis do underground gaúcho",[10] Ricardo Alexandre o chamou de "genial", e seu trabalho influenciou outros grupos.[9]
Em 1994 Medina gravou uma fita demo intitulada Nunca Mais Vai Passar o Que Eu Quero Ver, cuja faixa "Epilético" se tornou um sucesso instantâneo nas rádios locais. A demo da Doiseu era essencialmente um trabalho solo "de estúdio", que na verdade foi o próprio quarto do músico, mas um grupo de formação variável era convidado para apresentações ao vivo.[2][9] A repercussão valeu um convite para gravar pelo prestigiado selo Banguela Records, mas a gravadora em seguida fechou suas portas e o disco nunca aconteceu.[9] Em 2006 Alexandre Matias incluiu a demo na sua lista de 25 álbuns fundamentais do indie brasileiro, e disse que ela "está para o rock gaúcho atual como Angel Dust, do Faith No More, está para o novo metal".[11]
Com a Video Hits Medina ganhou mais visibilidade. O trabalho Doces, Refrescos e Tratamentos Dentários, gravado de forma independente em 1999 no Estúdio Dreher, foi lançado em 2000 e admirado por Marcelo Camelo, da Los Hermanos, que o mostrou para a direção artística da Gravadora Abril, resultando num contrato de gravação e no álbum Registro Sonoro Oficial. Contudo, segundo Medina, o resultado deixou muito a desejar porque a gravadora interferiu demais na produção e amenizou as irregularidades e idiossincrasias da música para torná-la mais popular.[2] O CD recebeu críticas mistas mas diversos elogios entusiasmados, além de ser incluído em algumas listas de melhores.[12][13] Mairon Machado, escrevendo para a Consultoria do Rock, o considerou "um baita achado no rock nacional" e lamentou que a banda não tivesse produzido outros. Na mesma matéria Diego Camargo disse: "Banda e disco ímpar no cenário musical brasileiro, uma mistura absurdamente inusitada de Faith No More e Jovem Guarda, com ótimos convidados (Gerson King Combo e o mestre Ronnie Von) e musicalidade latente. [...] Esse disco deveria ter sido um clássico e no final das contas acabou se tornando apenas um cult para ‘descolados’, hoje em dia até em lista de melhores aparece. Eu ouço regularmente e acabei fazendo com que virasse um dos preferidos até da minha mulher. Discaço!".[13] Silvio Essinger fez uma crítica em geral positiva:
A frustração com as gravadoras abreviou a vida da banda, mas ela ainda deixou a fita demo Feito em Casa com Muito Orgulho, e sua música "Perdido e Meio" foi trilha sonora do filme Houve uma Vez Dois Verões, de Jorge Furtado.[15] Depois Medina desenvolveu outros projetos, como Senador Medinha, Os Desgraçados do Ritmo, Jesus Buceta, Projeto Daytona e The Medina Brothers Orkestra, em geral efêmeros,[15][16] e colaborou em shows e eventos de diversos outros artistas.[17]
Desses projetos, Os Massa foi duradouro, um grande coletivo de formação flutuante que registrava suas chalaças caseiras sempre que possível. De suas chalaças, selecionaram algumas faixas e criaram duas fitas demo, Demo Pop 1 e 2.[15][18] Nas palavras de Medina, as Demos Pop "foi um momento que quis fazer uma coisa arrumada, bonitinha, e não deu certo. No final das mixagens, eu já estava estressado. Ninguém d'Os Massa é músico, sabe tocar bem e muito menos um virtuose. Eles chegaram para mim e disseram que eu estava viajando já que a proposta desde o início era se divertir. Os Massa nunca foi projeto para ser pop e nunca será. Quando caiu a ficha, parei de me encucar com isso".[15] Um trabalho paralelo a Os Massa foi uma ópera rock com temática zumbi, Zombieoper, criada em 2007 por Medina e Desirée Marantes, com 24 faixas e 80 minutos de duração, contando com a participação de Gruff Rhys, Gabriel Bubu, Roberto Panarotto, Thomas Dreher e outros.[2][19]
Entre 2005 e 2006 gravou outro disco, que só foi lançado em 2015 pelo selo do artista, o Suma! Discos, intitulado Ansiedade Song. O disco foi elogiado por Marcelo Costa na revista Scream & Yell como "brilhante", reunindo "14 músicas que se situam entre o pop e o esquizofrênico, territórios que Diego Medina transita com propriedade. [...] Um álbum que esbanja frescor, surrealidade, diversão e insanidade, adjetivos que andam fazendo muito falta no cenário musical brasileiro",[16] e foi incluído em listas de melhores da MTV e do Rock in Press.[20][21]
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