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Desmond Tutu

arcebispo sul-africano Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Desmond Tutu
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Desmond Mpilo Tutu (Klerksdorp, 7 de outubro de 1931Cidade do Cabo, 26 de dezembro de 2021) foi um arcebispo da Igreja Anglicana agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid em seu país natal. Desmond foi o primeiro negro a ocupar o cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo, tendo sido também o Primaz da Igreja Anglicana da África Austral entre 1986 e 1996.

Factos rápidos 10º Arcebispo da Cidade do Cabo, Informações ...
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Biografia

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Desmond Mpilo Tutu nasceu em Klerksdorp em 7 de outubro de 1931, sendo o segundo filho de Zacheriah Zililo Tutu, um professor, e de Aleta, uma cozinheira. A família de Tutu mudou-se para Johannesburgo quando ele tinha apenas 12 anos de idade. Na cidade de Johannesburgo, Tutu conheceu Trevor Philips, chefe da paróquia de Sophiatown.

Apesar de Tutu ter o desejo de se tornar um médico, sua família não tinha como pagar os seus estudos de Medicina e Tutu resolveu seguir os passos de seu pai. Tutu estudou na Pretoria Bantu Normal College entre 1951 e 1953, quando foi para a Escola Normal de Joannesburgo. Depois foi para a King's College de Londres onde adquiriu bacharelato em Teologia.

Em 1975, se tornou o primeiro negro a ser nomeado deão da catedral de Santa Maria, em Johannesburgo. Após ser sagrado bispo, dirigiu a diocese de Lesoto de 1976 a 1978, ano em que se tornou secretário-geral do Conselho das Igrejas da África do Sul. Sua proposta para a sociedade sul-africana incluía direitos civis iguais para todos; abolição das leis que limitavam a circulação dos negros; um sistema educacional comum; e o fim das deportações forçadas de negros.

Sua firme posição militante antiapartheid[1] – a política oficial de segregação racial – e trabalho de conscientização pelos direitos civis e humanos lhe garantiram, em 1984, o Nobel da Paz.[2][3] Recebeu o título de doutor honoris causa de importantes universidades dos Estados Unidos (EUA), do Reino Unido, do Brasil e da Alemanha.

Em 1996 presidiu a Comissão de Reconciliação e Verdade, destinada a promover a integração racial na África do Sul após a extinção do apartheid. Esta comissão tem poderes para investigar, julgar e anistiar crimes contra os direitos humanos praticados na vigência do regime.

Em 1997 divulgou o relatório final da comissão, que acusa de violação dos direitos humanos tanto as autoridades do regime racista sul-africano quanto as organizações que lutavam contra o apartheid na África do sul. Foi membro do comitê de patrocínio da Coordenação internacional para o Decênio da cultura da não violência e da paz.

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Apartheid

Ao lado de Nelson Mandela, Desmond Tutu foi uma das figuras centrais do movimento contra o Apartheid. Tutu iniciou centenas de protestos em locais públicos contra o governo sul-africano, e mesmo assumindo posições altas no clero africano, Tutu continuou a lutar contra a segregação racial em seu país. Como reconhecimento por seus esforços para promover a igualdade na África do Sul, Desmond Tutu recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984.

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Reconhecimento

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Desmond Tutu recebeu diversos prêmios e reconhecimentos internacionais por seu trabalho pela igualdade entre as raças, entre os quais:

Tutu também recebeu dezenas de doutorados honorários em vários países, como Universidade de Kent (1978), Universidade Harvard (1979), Ruhr University (1981), University of Aberdeen (1981), Howard University (1984), Universidade de Oxford (1990), Universidade de Cambridge (1999), Universidade de Alberta (2000), Universidade de Pretória (2002), Universidade de Gante (2005), Universidade de Genebra (2009), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2011), e como amigo de diversas cidades pelo mundo.[4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][14][15]

Vida Pessoal

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Em 2 de julho de 1955, Desmond Tutu se casou com Nomalizo Leah Shenxane, uma professora que ele conheceu durante a época colegial. Tutu e Nomalizo tiveram quatro filhos: Trevor Thamsanqa Tutu, Theresa Thandeka Tutu, Naomi Nontombi Tutu e Mpho Andrea Tutu. Todos se formaram na Waterford Kamhlaba School na Suazilândia.[16]

Trevor Tutu, o filho mais velho e mais polêmico de Desmond Tutu, provocou uma evacuação no Aeroporto de Londres em 1989 através de uma falsa denúncia de bomba e foi detido. Três anos depois Trevor foi condenado por causar pânico em um avião da South African Airways no mesmo aeroporto, porém se recusou a pagar a sentença e só foi preso em Johannesburgo em 1997.

Naomi Tutu é a fundadora da Fundação Tutu baseada na cidade de Hartford no estado norte-americano de Connecticut. Naomi seguiu os passos de seu pai e ingressou no ativismo dos direitos humanos, sendo atualmente uma coordenadora da Fisk University de Nashville, Tennessee.[17]

Mpho Tutu também seguiu os passos de seus pais na religião e em 2004 foi ordenada sacerdotisa por seu pai.[18]

Em 10 de junho de 2010, durante o Show de Abertura da Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, Desmond Tutu reapareceu publicamente. Trajado com o uniforme da Seleção Sul-Africana, discursou de forma bem-humorada no palco do espetáculo, causando a euforia do público presente. Tutu falou sobre nacionalismo e sobre os efeitos do evento no país, e ao final pediu que o povo saudasse Nelson Mandela.

Morte

Tutu morreu na Cidade do Cabo no Oasis Frail Care Centre na manhã de 26 de dezembro de 2021.[19][20][21] Tinha 90 anos de idade.[22][23]

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Tutu no mundo atual

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África do Sul

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Arcebispo Desmont Tutu no Forum econômico mundial de 2009.

Desde o fim do Apartheid, Tutu permaneceu uma das figuras centrais da política sul-africana. Ao lado de seu amigo, Nelson Mandela, Tutu é respeitado por toda a população de seu país natal por sua luta incansável contra a segregação racial. Certa vez Mandela disse que "a voz de Desmond Tutu será sempre a voz dos sem vozes". Desde seu afastamento da política, Tutu manteve uma relação estreita com os políticos da África do Sul e fez duras críticas ao governo, acusando os governantes de corrupção e ineficácia para lidar com a pobreza e com os surtos de xenofobia recentes no país.[24]

Tutu também foi muito crítico com a elite política do país e já chegou a dizer em um discurso público que o país estava "sentado num barril de pólvora".[25]

As principais críticas de Tutu foram de que o país não conseguiu amenizar os índices de pobreza uma década após o Apartheid. Tutu também não se conformava com a exclusão dos negros em alguns ambientes. Tutu manteve-se extremamente crítico com os governantes de seu país e os acusou de xenofobia e corrupção ativa.

Desmond Tutu participou ainda, com outros ex-líderes de Estado, do grupo "The Elders", fundado por Nelson Mandela.[26]

Oriente Médio

Embora Tutu reconhecesse os judeus como participantes ativos da luta contra o Apartheid na África do Sul, Tutu se posicionava contra os conflitos na Palestina e o incentivo ao armamento bélico de Israel. Tutu comparou a segregação israelita contra os palestinos à segregação racial que seu povo sofreu durante o Apartheid.

Em 1988, o American Jewish Committee (AJC) fez algumas observações sobre as críticas de Tutu e chegou à conclusão de que Tutu se mostrou muito crítico com Israel e comparou os militares israelenses com os racistas do Apartheid. Tutu negou ter feito declarações antissemitas,[27] mas manteve sua posição contra os militares judeus e afirmou que "o Sionismo é paralelo ao Apartheid e parecido com o racismo e o efeito de ambos é o mesmo".[28]

Durante os anos 2000, Tutu mostrou-se menos crítico com Israel,[29] mas defendeu intensamente o fim dos conflitos na Faixa de Gaza. Em 2006, Tutu foi convocado pela ONU para ser o líder de uma investigação sobre os ataques israelenses contra a cidade de Beit Hanoun durante a Operação Chuvas de Verão. O estado de Israel não permitiu a entrada de Tutu no país até 2008.

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Escritos

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Tutu é o autor de sete coleções de sermões e outros escritos:

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Referências

  1. AFP, Da; Cabo, na Cidade do (22 de julho de 2010). «Nobel da Paz sul-africano Desmond Tutu vai se retirar da vida pública». Mundo. Consultado em 1 de maio de 2024
  2. Yeung, Larry Madowo, Jessie. «Arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Nobel da Paz, morre aos 90 anos». CNN Brasil. Consultado em 1 de maio de 2024
  3. «Full list of Desmond Tutu's Awards and Honours» (PDF). South Africa History Online. Consultado em 22 de julho de 2024
  4. «09. Desmond Tutu – Awards, Honours and Legacy». University of Johannesburg (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2024
  5. «Archbishop Tutu Receives Special Award». Anglican Communion Office. 2 de julho de 1996. Consultado em 22 de julho de 2024
  6. «BBC News | Africa | Tutu awarded Legion of Honour». news.bbc.co.uk. Consultado em 22 de julho de 2024
  7. «Now that we are free». www.brownalumnimagazine.com (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2024
  8. «Archbishop Desmond Tutu receives Special Award». Mo Ibrahim Foundation (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2024
  9. «Desmond Tutu». Templeton Prize (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2024
  10. «Desmond Tutu, guardonat amb el Premi Internacional Catalunya 2014». 3Cat (em catalão). 8 de maio de 2014. Consultado em 22 de julho de 2024
  11. «Archbishop Desmond Tutu invested into the Royal Order of Francis I». Sacred Military Constantinian Order of St George (em inglês). 13 de junho de 2014. Consultado em 22 de julho de 2024
  12. «Vale Archbishop Desmond Tutu». St John International (em inglês). 26 de dezembro de 2021. Consultado em 22 de julho de 2024
  13. Spearie, Steven. «Remembering Tutu: Retired archbishop called visit to Lincoln Presidential Library 'moving'». The State Journal-Register (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2024
  14. «Our Patron - Archbisho Desmond Tutu». Cape Town Child Welfare. Consultado em 6 de junho de 2008. Arquivado do original em 18 de maio de 2008
  15. «Nontombi Naomi Tutu». Kent State University. Consultado em 1 de junho de 2008. Arquivado do original em 18 de março de 2008
  16. «The Reverend Mpho A. Tutu». Tutu Institute. Arquivado do original em 23 de julho de 2008
  17. Berger, Marilyn (26 de dezembro de 2021). «Desmond Tutu, Whose Voice Helped Slay Apartheid, Dies at 90». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 26 de dezembro de 2021
  18. Bourke, Jason. «Archbishop Desmond Tutu, giant in fight against apartheid South Africa, dies at 90». The Guardian. "… at the age of 90, he died peacefully at the Oasis Frail Care Centre in Cape Town this morning," Dr Ramphela Mamphele, … said in a statement on behalf of the Tutu family. She did not give details on the cause of death.
  19. «Desmond Tutu, exuberant apostle of racial justice in South Africa, dies at 90». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 26 de dezembro de 2021
  20. «South African anti-apartheid campaigner Archbishop Tutu dies aged 90». Reuters (em inglês). 26 de dezembro de 2021. Consultado em 26 de dezembro de 2021
  21. «South Africa's Archbishop Desmond Tutu dies at 90». BBC News. 26 de dezembro de 2021. Consultado em 26 de dezembro de 2021
  22. Tutu, Mbeki & others (2005). «Controversy: Tutu, Mbeki & the freedom to criticise». Centre for Civil Society. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2007
  23. «Tutu warns of poverty 'powder keg'». BBC. 23 de novembro de 2004
  24. Dossiê Globo News veiculado em 22/11/11
  25. Shimoni, Gideon (1988). «South African Jews and the Apartheid Crisis» (PDF). American Jewish Committee. American Jewish Year Book. 88. 50 páginas
  26. Barthos, Gordon (20 de dezembro de 1989). «Israelis uneasy about Tutu's Yule visit». Toronto Star
  27. «Jornal de Angola - Notícias - Luto nos direitos humanos com a morte de Desmond Tutu ocorrida ontem». Jornal de Angola. 27 de dezembro de 2021. Consultado em 28 de fevereiro de 2022
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Ligações externas

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