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professora primária e activista feminista portuguesa (1888-1993) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Deolinda Lopes Vieira (Santiago Maior, Beja, 8 de Julho de 1888 — São Mamede, Lisboa, 6 de Junho de 1993) foi uma professora primária, formada pela Escola Normal Primária de Lisboa, militante anarco-sindicalista, activista feminista[1] e membro da maçonaria[2]. Foi professora na Escola-Oficina n.º 1 [3], uma instituição educativa de Lisboa de influência anarquista e libertária, e no ensino oficial, nos quais se dedicou ao ensino primário e à educação infantil.
Deolinda Lopes Vieira | |
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Nome completo | Deolinda Lopes Vieira Pinto Quartin |
Nascimento | 8 de julho de 1888 Beja, Portugal |
Morte | 6 de junho de 1993 (104 anos) Lisboa, Portugal |
Residência | Lisboa |
Nacionalidade | Portuguesa |
Progenitores | Mãe: Maria Claudina Lopes Pai: José Gonçalves Vieira |
Cônjuge | António Tomás Pinto Quartim |
Filho(a)(s) | 3 filhos (Orquídea Vieira Quartin, Glicínia Quartin e Hélio Vieira Quartin) |
Ocupação | Professora primária |
Nascida a 8 de Julho de 1888, na cidade alentejana de Beja, Deolinda Lopes Vieira era filha de Maria Claudina Lopes, uma doméstica solteira, natural de Boliqueime, concelho de Loulé, e de José Gonçalves Vieira, um caixeiro viajante, que apenas a perfilhou em 1894.[4] Após ter frequentado o ensino primário na sua cidade natal, aos 12 anos de idade mudou-se com a família para Lisboa, onde completou o curso de professora primária na Escola Normal Primária de Lisboa [5], ao tempo uma instituição progressista dominada por um forte desejo de reforma pedagógica e social.
Ainda antes da Primeira República, durante a frequência do curso, na secção feminina, que se situava no Largo do Calvário, em Alcântara, começou a envolver-se em várias causas políticas e de direitos civis, nomeadamente ao aderir ao campo republicano, sendo entusiasta do Partido Republicano, ao feminismo e ao anarco-sindicalismo, tendo participado na greve académica de 1907, contra o governo de João Franco, e encontrado fundamento para as suas opções políticas e sociais na leitura das obras de autores como Leon Tolstoi, Piotr Kropotkin, Élisée Reclus, Sébastien Faure e Jean Grave.[6]
Em 1910, começou a trabalhar como professora na Escola-Oficina N.º 1, situada no Largo da Graça, em Lisboa. Por esta ocasião, com a chegada da República, e apesar das suas humildes origens, rapidamente conseguiu inserir-se nos meios intelectuais não só da alta sociedade portuguesa como nos mais ligados às ideologias de extrema-esquerda, anarquia e de livre pensamento, chegando a intervir no Segundo Congresso do Livre Pensamento, a 17 de Outubro, onde secretariou a sessão nocturna. Por esta ocasião, terá conhecido o seu futuro marido António Pinto Quartin, um intelectual e activista brasileiro de origem portuguesa, divulgador do anarquismo e promotor de projectos culturais e jornalísticos como O Protesto - Guerra Social (1908-1909), Amanhã [7] (1909), no qual Deolinda colaborou, e Terra Livre (1913).
Em 1913, partiu para o Brasil, acompanhando o futuro marido que fora expulso de Portugal devido à sua militância anarquista. Permaneceu no país até 1915, ano em que a família foi autorizada a regressar a Portugal.
Após o regresso do Brasil, voltou a trabalhar na Escola-Oficina N.º 1, mas também leccionou em algumas escolas móveis republicanas, actividade que manteve até à extinção daquelas escolas em 1930, resultado da repressão da Ditadura Nacional. Ao mesmo tempo participava nas experiências pedagógicas que eram conduzidas no âmbito dos movimentos libertários e da acção de reforma da educação infantil promovida por Adolfo Lima e o seu grupo de professores e educadores normalistas.
Regressou à Escola Normal Primária de Lisboa, ao tempo já a funcionar em Benfica, onde em 1919 se especializou em educação infantil, sob a égide de Adolfo Lima. A partir de então passou a trabalhar alternadamente na Escola-Oficina e no ensino oficial pré-escolar, recém-criado no âmbito das reformas educativas da Primeira República Portuguesa.
Após a Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926 a sua acção foi progressivamente reduzida, primeiro com a extinção das escolas móveis em 1930 e depois com o fim do ensino infantil em 1932. Foi então transferida para uma escola do ensino primário oficial onde se manteve até se aposentar em 1940.
A sua participação na vida pública não se limitou ao âmbito do ensino primário e infantil, incluindo, para além participação activa num projecto de escola alternativo ao ensino e educação oficiais, centrado na Escola-Oficina N.º 1 de influência anarquista e libertária, a participação em movimentos sociais feministas, de inspiração republicana, como o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, fundado em 1914, e em projectos maçónicos, com destaque para a introdução em Portugal de um ramo da maçonaria mista francesa Le Droit Humain (L'Ordre Maçonnique Mixte et International "Le Droit Himain"[8]), sendo fundadora da Loja Humanidade (1923) da cidade de Lisboa, na qual adoptou o nome simbólico de Maria Amália Vaz de Carvalho[6].
No âmbito da militância feminista, foi uma das pioneiras do feminismo em Portugal. Fez parte da comissão organizadora e participou no 1.º Congresso Feminista e de Educação, realizado em Lisboa de 4 a 9 de Maio de 1924 no salão nobre da Associação dos Socorros Mútuos dos Empregados de Comércio de Lisboa. Nesse congresso apresentou uma tese de carácter pedagógico-social intitulada "Educação de anormais", versando questões relacionadas com o ensino de crianças portadoras de deficiência[6].
Embora já em plena vigência da Ditadura Nacional precursora do Estado Novo, o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, com Deolinda Lopes Vieira na comissão organizadora, realizou em Junho de 1928 o 2.º Congresso Feminista Português, no qual apresentou uma tese sobre a "Escola Única", em defesa da coeducação, ao tempo um tema de grande sensibilidade e actualidade já que no ano anterior a Ditadura Nacional fizera publicar o Decreto n.º 13791, de 16 de Junho de 1927, abolindo o regime de coeducação na generalidade das escolas de ensino primário[9].
Foi membro activo da Liga de Acção Educativa, sendo em 1928 eleita para a Comissão de Educação e Defesa da Criança[10]. Também participou activamente em órgãos sindicais do pessoal docente, entre os quais a Associação dos Professores de Portugal.
Colaborou em revistas pedagógicas e na Liga de Acção Educativa[11] e foi uma destacada militante feminista, participando na organização de várias associações, entre elas o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, em cujas actividades participou desde a fundação em 1914 até à extinção em 1947. Foi membro fundador da maçonaria feminina em Portugal, integrada na Loja Humanidade da Ordem Maçónica Mista e Internacional "O Direito Humano"[12]. Casou em Lisboa, na 1.ª Conservatória do Registo Civil, a 24 de junho de 1936, com o jornalista António Pinto Quartin[13], com quem já tinha sido mãe de Orquídea Vieira Quartin, de Hélio Vieira Quartin (Lisboa, 21 de Novembro de 1916 - Almada, Almada, 25 de Dezembro de 2003) e da actriz Glicínia Quartin (Lisboa, 1924 - 2006).
Morreu a 6 de junho de 1993, na freguesia de São Mamede, em Lisboa.[4]
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