Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
"Dark Ballet" é uma canção gravada pela cantora e compositora norte-americana Madonna para seu décimo quarto álbum de estúdio Madame X (2019). Escrita e produzida por Madonna e seu colaborador de longa data Mirwais Ahmadzaï, a faixa contém uma amostra de O Quebra-Nozes (1892) de Pyotr Ilyich Tchaikovsky. Inspirada na figura histórica Joana d'Arc, é uma balada ao piano de pop experimental e electro-gospel, com vocais com efeito de vocoder que falam sobre se rebelar contra o patriarcado. A canção foi lançada em 7 de junho de 2019 como o terceiro single promocional do álbum.
"Dark Ballet" | |
---|---|
Single promocional de Madonna do álbum Madame X | |
Lançamento | 7 de junho de 2019 |
Formato(s) | |
Gênero(s) | |
Duração | 4:14 |
Gravadora(s) | Interscope |
Composição |
|
Produção |
|
Faixas de Madame X | |
18 faixas
|
A faixa recebeu resenhas positivas de críticos musicais, que a consideraram um destaque de Madame X, além de uma das músicas mais estranhas e experimentais de Madonna. No Reino Unido, "Dark Ballet" atingiu o número 83 na tabela oficial de downloads. Um videoclipe, dirigido por Emmanuel Adjei, foi lançado em 7 de junho de 2019, apresentando o rapper Mykki Blanco interpretando Joana d'Arc. Madonna cantou "Dark Ballet" pela primeira vez durante o Met Gala de 2018, então conhecida como "Beautiful Game", e como o segundo número de sua Madame X Tour entre 2019 e 2020.
Em 2017, Madonna se mudou para Lisboa, Portugal, buscando uma escola de futebol para seu filho David, que queria se tornar um jogador de futebol de uma associação profissional.[1] Enquanto morava na cidade, ela começou a conhecer artistas, pintores e músicos, que a convidavam para "sessões de sala de estar". Nessas sessões, eles traziam comida, sentavam-se à mesa e os músicos começavam a tocar instrumentos, cantando fado e samba.[1] Encontrando-se "conectada através da música", a cantora decidiu criar um álbum; "Encontrei minha tribo [em Lisboa] e um mundo mágico de músicos incríveis que reforçaram minha crença de que a música em todo o mundo está realmente totalmente conectada e é a alma do universo".[1][2] Em 15 de abril de 2019, Madonna revelou como sendo Madame X o título de seu décimo quarto álbum de estúdio. Para o projeto, ela trabalhou com o colaborador de longa data Mirwais Ahmadzaï, que já havia trabalhado em seus álbuns Music (2000), American Life (2003) e Confessions on a Dance Floor (2005), além de Mike Dean, que atuou como produtor em Rebel Heart (2015), e Diplo.[3]
"Dark Ballet" foi escrita e produzida por Madonna e Ahmadzaï, e contém amostras de O Quebra-Nozes (1892) de Pyotr Ilyich Tchaikovsky.[4][5] Foi descrita como uma balada ao piano de pop experimental,[6] e electro-gospel,[7] com vocais com efeito de vocoder que falam sobre a fé da cantora e "cruzada de uma vida contra as forças patriarcais da religião, gênero e celebridade".[8][9] No verso de abertura, Madonna canta com "forte confiança" a frase "Posso me vestir como um menino / Posso me vestir como uma garota"[nota 1] e, num tom irônico, como "nosso mundo está obcecado pela fama".[10] Após um interlúdio de piano, ela se transforma em um fragmento "sinistro"[11] e "mutilado, falhado" de Dança dos Tubos de Bambu de O Quebra-Nozes, em que Madonna canta com uma voz robótica fortemente editada: "Não denunciarei as coisas que eu disse / Não renunciarei à minha fé em meu querido Senhor".[nota 2][12][13] Esta última parte, de acordo com Stephen Thomas Erlewine, da AllMusic, evoca o filme de 1971, A Clockwork Orange, de Stanley Kubrick.[11] Madonna então pronuncia a frase "A tempestade não está no ar / está dentro de nós".[nota 3][14] A música termina com a cantora soprando ar pelos lábios, simulando o vento.[10] Madonna disse que a principal inspiração da música foi Joana d'Arc. Durante uma entrevista à Rolling Stone, ela explicou: "[Joana d'Arc] lutou contra os ingleses e venceu, os franceses ainda não estavam felizes [...] Ainda assim eles a julgaram. Disseram que ela era um homem, disseram que ela era lésbica, eles disseram que ela era uma bruxa e, no final, a queimaram na fogueira, e ela não temia nada. Admiro isso".[15] "Dark Ballet" foi lançada como o terceiro single promocional do álbum em 7 de junho de 2019.[15]
"Dark Ballet" recebeu resenhas geralmente positivas de críticos musicais. Stephen Thomas Erlewine da AllMusic considerou-a uma "canção sinistra" e um dos destaques de Madame X.[11] El Hunt, da NME, disse que era "tão ignóbil e sinistra quanto os momentos mais sombrios de Ray of Light", e a comparou ao single de 2002 da cantora, "Die Another Day".[13] Sal Cinquemani, da Slant Magazine, disse que seu tema lírico lembrava Franz Kafka.[9] Também da Slant Magazine, Alexa Camp elogiou a faixa por ser "ambiciosa", além de "um lembrete da mágica maluca que Madonna e Mirwais são capazes de preparar juntos".[16] Jeremy Helligar, da Variety, considerou esta, ao lado de "God Control", como um dos momentos em Madame X em que "a verdadeira estranheza se instala" e "o mais próximo que Madonna pode chegar a sua 'Bohemian Rhapsody'".[7] Robbie Barnett, do Washington Blade, escreveu que era uma das faixas de destaque do álbum, além de "uma declaração ousada de extrema expressão artística".[10] Ao escrever para o Idolator, Mike Wass chamou-a de "um pouco pesada, mas mesmo assim hipnotizante".[17] Em outra crítica, Wass disse que era o single "mais experimental" da cantora.[12] Daniel Megarry do Gay Times comentou que a faixa era "indiscutivelmente a canção mais bizarra" de todo o catálogo de Madonna, bem como a quinta melhor faixa em Madame X.[18]
Daniel Welsh, do HuffPost, disse que "Dark Ballet" era a música mais estranha do álbum, onde a cantora "aproveita a oportunidade para deixar seus detratores saberem que não importa o que seja jogado nela, ela não vai se render".[19] Louise Bruton, do The Irish Times, afirmou que a música é "uma posição experimental contra o autoritarismo".[20] Johnny Coleman, do The Hollywood Reporter, observou que Madonna "faz uma boa impressão de Wendy Carlos" em "Dark Ballet".[21] Sean Maunier, da Metro Weekly, chamou-a de "estranhamente infecciosa".[22] Jaime Tabberer, do Gay Star News, comparou-a com os singles anteriores de Madonna, "Human Nature" (1995) e "What It Feels Like for a Girl" (2001), pois todas as três músicas exalam "a mesma atitude feroz" e tocam no temas de discriminação e sexismo.[23] Michael Arceneaux, da NBC News, selecionou a faixa como uma das "esquisitices" do álbum.[24] Em uma crítica negativa, Rich Juzwiak, da Pitchfork, disse que "a melancolia 808 de 'Dark Ballet' é horrível".[25] Mark Kennedy, do Chicago Sun-Times, escreveu que a faixa "começa promissora o suficiente, mas chega a uma pilha de slogans inúteis e sem sentido alterados por computador".[26]
O videoclipe de "Dark Ballet" foi lançado em 7 de junho de 2019 e foi dirigido por Emmanuel Adjei.[5] Ele estrelou o rapper americano Mykki Blanco no papel de uma Joana d'Arc transgênero que é queimada na fogueira.[16][27] Madonna conheceu Blanco através do produtor Mike Dean e ficou interessada em trabalhar com ele.[28] Depois de contatá-lo, Blanco voou para Londres e a conheceu em sua casa. Ela o fez ouvir a versão finalizada do álbum e pediu que ele retratasse Joana d'Arc no vídeo.[29] Blanco é abertamente homossexual e HIV positivo, e Madonna sentiu que ele poderia se relacionar com as lutas de Joana.[29] Segundo Blanco, Madonna atuou como co-diretora e até trabalhou na coreografia, cinematografia e figurino, mas não foi creditada.[29] Em 5 de junho, ela compartilhou duas prévias do vídeo em sua conta do Instagram: uma a mostrava usando um véu, intercalada com iconografia religiosa, enquanto a outra mostrava Blanco sendo queimado.[30]
O vídeo começa com uma citação de Joana D'Arc: "Uma vida é tudo o que temos e vivemos como acreditamos em vivê-la. Mas sacrificar o que você é e viver sem crença, esse é um destino mais terrível do que morrer".[5] Contada em uma narrativa não-linear, começa com Blanco mantido em cativeiro em uma cela de pedra, vestindo uma túnica branca suja com os pulsos amarrados.[16] Ele é então levado por clérigos "com cara de pedra" para sua execução enquanto canta junto com a letra.[28][15] Blanco é então visto dançando, primeiro em uma catedral vestindo um espartilho de ouro, semelhante ao que Madonna usava em sua Blond Ambition World Tour (1990), pedindo aos homens que o poupassem, e depois em um altar.[16] A cena final é de Blanco nu, com a cabeça raspada, sendo queimado na fogueira, enquanto um grupo de freiras com véu, uma delas Madonna, olha de baixo.[29][16] O vídeo termina com uma citação "inspiradora" de Blanco: "Eu andei nesta terra, negro, queer e soropositivo, mas nenhuma transgressão contra mim foi tão poderosa quanto a esperança que tenho dentro de mim".[15]
O videoclipe recebeu análises positivas de críticos. Althea Legaspi, da Rolling Stone, o chamou de "cinematográfico".[15] Alexa Camp da Slant Magazine notou uma cena rápida inspirada no filme de Carl Theodor Dreyer, A Paixão de Joana d'Arc, de 1928, logo no início.[16] Ela também viu semelhanças com o vídeo de Madonna para "Like a Prayer" de 1989, especificamente no uso de imagens religiosas e na história que gira em torno de uma pessoa negra perseguida.[16] Camp concluiu que, ao lançar uma pessoa de cor e não a si mesma como "oprimida", Madonna estava destacando "o impacto desproporcional do patriarcado nas minorias".[16] Para Justin Moran, da revista Paper, "a opinião [de Mykki Blanco] sobre Joana d'Arc reflete como o seu cotidiano aprecia o meio", também apontando a ausência da cantora no vídeo.[28] Mike Wass do Idolator saudou o vídeo como um "pesadelo gótico" e "misterioso".[30] Segundo Chloe Melas, da CNN, o vídeo era "uma nova prova de que Madonna nunca teve medo de ultrapassar os limites".[31] O vídeo foi indicado em setembro de 2019 para o UK Music Video Awards na categoria de "Melhor Vídeo Pop - Internacional".[32]
Madonna cantou pela primeira vez "Dark Ballet", conhecida então como "Beautiful Game", no Met Gala de 2018.[33] Depois de cantar "Like a Prayer" e um cover de "Hallelujah" (1984), de Leonard Cohen, ela começou a cantar a música usando um espartilho e um acessório metálico para os braços, com os cabelos trançados e repartidos no meio.[34][35] Vários dançarinos, vestindo trajes semelhantes, realizaram uma coreografia que parecia controlar e restringir os movimentos da artista.[33] Um fragmento de "Dark Ballet" foi incluído durante a performance de Madonna de "Like a Prayer" e "Future" no Festival Eurovisão da Canção 2019.[19][36] A canção foi incluída na Madame X Tour, realizada entre 2019 e 2020, onde era a segunda música do repertório.[37] A apresentação contou com "referências de Joana d'Arc, roupas religiosas e batalhas com dançarinos usando máscaras de gás que lembram os ratos de O Quebra-Nozes", bem como uma intermissão de balé no meio da performance.[38][39] Em um ponto, a artista é empurrada do piano por um dos dançarinos.[40] Joe Lynch, da Billboard, elogiou a "mistura convincente de iconografia cristã e pompa pagã".[41]
No Reino Unido, "Dark Ballet" alcançou o número 83 na tabela oficial de downloads na semana de 14 de junho de 2019.[43]
Tabela musical (2019) | Melhor posição |
---|---|
Reino Unido (UK Singles Downloads Chart)[43] | 83 |
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.