Remove ads
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Condado de Edessa foi um dos estados latinos do Oriente criados durante a Primeira Cruzada. Tinha a sua capital em uma cidade com uma longa história e uma prévia tradição de cristianismo: Edessa, hoje a cidade de Şanlıurfa, na província homônima na Turquia.
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Setembro de 2020) |
Comitatus Edessanus Condado de Edessa | ||||
| ||||
Brasão
| ||||
Evolução territorial do Condado de Edessa entre 1098 e 1131. | ||||
Continente | Ásia | |||
País | Actual sul da Turquia e norte da Síria | |||
Capital | Edessa (1095-1144) / Turbessel (1144-1150) | |||
Língua oficial | Francês antigo, armênio, latim | |||
Religião | Ortodoxia arménia, Cristianismo ocidental | |||
Governo | Suserania heriditária | |||
Condes de Edessa | ||||
• 1098–1100 | Balduíno I, filho adoptivo de Teodoro de Edessa | |||
• 1100–1118 | Balduíno II, primo de Balduíno I | |||
• [119–1131 | Joscelino I, primo de Balduíno II | |||
• 1131–1159 | Joscelino II, filho de Joscelino I (apenas titular a partir de 1149) | |||
• 1159-c.1190 | Joscelino III, filho de Joscelino II (apenas conde titular) | |||
Governadores ou Regentes | ||||
• 1095-1098 | Teodoro de Edessa, governador arménio de Edessa | |||
• 1104–1108 | Tancredo da Galileia, regente | |||
• 1104–1108 | Ricardo de Salerno, governador | |||
• 1118 | Galerano de Puiset, senhor de Bira, governador, primo de Balduíno II | |||
Período histórico | Idade Média | |||
• 1095 | Teodoro de Edessa é reconhecido senhor de Edessa | |||
• 9 de Março de 1098 | Balduíno I herda o território e torna-o num condado cristão | |||
• 24 de Dezembro de 1144 | Zengui conquista a cidade de Edessa | |||
• 1150 | Noradine conquista Turbessel | |||
Membro de: Estados cruzados |
Este estado cruzado diferenciava-se dos outros por ser o único não costeiro ao mar Mediterrâneo. Estava afastado dos restantes e em relações menos boas com o seu vizinho mais próximo, o Principado de Antioquia. Metade do território, incluindo a sua capital, encontrava-se a leste do rio Eufrates, muito a leste dos restantes vizinhos cristãos, tornando-o particularmente vulnerável. A parte a oeste do Eufrates era controlada a partir da fortaleza de Turbessel. Os seus principais vassalos eram Turbessel, Bira (Biredjik), Marache (Kahramanmaraş) e Melitene (Malatya).
Apesar de ser um dos maiores estados cruzados, era o menos populoso. A cidade de Edessa tinha cerca de 10 000 habitantes, mas o resto do condado consistia principalmente de fortalezas. A oeste ficava o Principado de Antioquia, a leste passava do rio Eufrates, pelo menos no período de maior extensão territorial. Também ocupou terras até à Arménia no norte. A sul e leste estavam as poderosas cidades muçulmanas de Alepo, Moçul e al-Jazira (território que englobava os actuais nordeste da Síria e noroeste do Iraque).
Os habitantes de Edessa em principalmente assírios, jacobitas ortodoxos e cristãos ortodoxos arménios, com alguns ortodoxos gregos e muçulmanos. Apesar de o número de latinos ter sempre permanecido pequeno, tinha um patriarca católico romano, e a queda da capital foi o catalisador da Segunda Cruzada em 1146.
O domínio de Edessa não foi completamente uma criação da Primeira Cruzada. Em 1050 a cidade ainda era bizantina, e depois o general armênio Filareto Bracâmio tomou-a em 1077, passando a governar um principado que se estendia de Antioquia (atual Antáquia) a Edessa (atual Şanlıurfa). O seu poder e a sua localização geográfica perturbavam os turcos seljúcidas, que lhe conquistaram rapidamente a maior parte das suas terras, deixando-lhe apenas os arredores de Marache. A cidade de Edessa foi tomada em 1086.
Em 1095, um antigo lugar-tenente de Filareto, Teodoro, eliminou as forças turcas da cidadela e tornou-se senhor da cidade. Resistiu aos ataques seljúcidas, mas teve de pedir ajuda aos cruzados que vinham cercar Antioquia em 1098, a caminho de Jerusalém. Balduíno de Bolonha, irmão de Godofredo de Bulhão respondeu ao apelo. Separou-se do grosso do exército cruzado, dirigindo-se para a Cilícia a sul e depois Edessa a leste.
Balduíno impôs-se pouco a pouco, ameaçou partir para se juntar aos restantes cruzados e obrigou Teodoro de Edessa a adoptá-lo como filho e herdeiro. Teodoro professava a fé cristã ortodoxa grega, em conflito com a ortodoxia arménia dos seus súbditos. A 9 de março de 1098 foi assassinado, desconhecendo-se se Balduíno esteve envolvido no assunto. Seja como for, este sucedeu-lhe, tomando o título de conde, uma vez que já era conde de Verdun, e prestando vassalagem ao seu irmão Godofredo de Bulhão, soberano de Jerusalém.
Os francos criaram boas relações com os seus súbitos arménios, e houve vários casamentos entre os dois grupos - os três primeiros condes casaram-se com mulheres arménias. A esposa de Balduíno morreu em 1097 e, depois de este suceder a Teodoro, casou-se com Arda, filha de Teodoro de Marache, um nobre local. Balduíno II casar-se-ia com Morfia, filha de Gabriel de Melitene, e Joscelino I com uma filha do príncipe armênio Constantino I.
Para as boas relações com os arménios, Balduíno I teve o mérito de repelir os turcos com eficácia, o que lhe permitiu aumentar os seus domínios até ao rio Eufrates. Tencionava levar o condado até Diarbaquir e depois Moçul, mas entretanto chegou a notícia da morte de Godofredo, protector do Santo Sepulcro.
Assim, em 1100 Balduíno tornou-se rei de Jerusalém e o Condado de Edessa passou para o seu primo Balduíno II. Joscelino I juntou-se ao conde e tornou-se senhor da fortaleza de Turbessel no rio Eufrates, um importante posto avançado de protecção contra os turcos seljúcidas, que controlava o oeste do Eufrates e definia a fronteira com Antioquia.
Balduíno II continuou a política do seu predecessor. Fez alianças com os senhores arménios de Marache e Melitene, alargando a sua suserania até estes territórios. Rapidamente se envolveu nos assuntos regionais, ajudando a assegurar o resgate de Boemundo I de Antioquia dos danismêndidas em 1103 e, aliado ao principado deste, atacou o Império Bizantino na Cilícia em 1104. Ainda no mesmo ano tentou tomar Harã, primeira etapa para a conquista de Moçul, mas os dois soberanos foram derrotados e aprisionados na batalha.
Tancredo da Galileia, primo de Boemundo tornou-se regente de Edessa, até Balduíno e Joscelino serem resgatados em 1108. Na prática, foi Ricardo de Salerno que governou o território e o defendeu contra os turcos, apesar de perder a parte norte do condado. Quando foi libertado, Balduíno II de Edessa teve de lutar contra o regente do seu condado para retomar o controlo da cidade. Tancredo acabou por ser derrotado, mas Balduíno teve de se aliar a alguns governantes muçulmanos locais.
Em 1110, todas as terras a leste do rio Eufrates foram perdidas para Moçul. No entanto, tal como em outros ataques, a este não se seguiu uma investida contra a cidade de Edessa, uma vez que os governantes islâmicos precisavam em primeiro lugar de consolidar o seu próprio poder.
Quando Balduíno I morreu em 1118, Balduíno II tornou-se rei de Jerusalém. Apesar de Eustácio III, irmão de Balduíno I, ter mais direito sucessório, estava em França e hesitou antes de aceitar o reino. O agora rei colocou inicialmente um primo seu, Galerano de Puiset, como governador do condado.
Edessa foi então oferecida a Joscelino I em 1119, que manteve o Senhorio de Turbessel como seu território e da sua descendência. Mas foi aprisionado mais uma vez em 1122, e quando Balduíno II foi tentar socorrê-lo também foi capturado, deixando Jerusalém sem rei. Em 1123 um grupo de cinquenta arménios, disfarçados de mercadores, ganharam acesso à cidadela onde Joscelino estava detido e, com o sacrifício da maioria dos seus, durante o combate permitiram a fuga do conde, que conseguiu obter a libertação de Balduíno no ano seguinte. Joscelino conseguiu alargar o condado e chegar até ao rio Tigre a norte de Moçul.
Joscelino I morreu em batalha em 1131 e foi sucedido pelo seu filho Joscelino II. Mas por esta altura o governante seljúcida Zengui unira Alepo e Moçul, começando a ameaçar Edessa. Joscelino II descurou a segurança do condado, envolveu-se nas querelas teológicas sírias e desentendeu-se com os condes de Trípoli, que depois lhe recusaram ajuda.
Zengui cercou Edessa em 1144, conseguindo tomá-la a 24 de Dezembro desse ano. Joscelino II continuou a governar as terras a oeste do rio Eufrates a partir de Turbessel, e conseguiu tirar proveito da morte de Zengui e da revolta da população arménia, em Setembro de 1146, para retomar a sua antiga capital.
A cidade foi mais uma vez perdida em novembro, e Joscelino escapou por pouco. Os arménios foram massacrados e os sírios expulsos, apesar da sua francofobia. A 4 de Maio de 1150, o conde foi capturado na tomada de Turbessel por Noradine, filho de Zengui, e aprisionado em Alepo até à sua morte em 1159. A sua esposa vendeu o que restava do condado ao imperador bizantino Manuel I Comneno. Depois, juntamente com a sua família, mudou-se com o tesouro da venda para o Reino de Jerusalém, para perto de Acre.
As terras do condado foram conquistadas por Noradine e pelo sultão de Rum no ano seguinte. Edessa foi o primeiro estado cruzado a ser criado, e também o primeiro a ser perdido.
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.