Os seljúcidas, seldjúcidas ou seljuques (em turco: Selçuklular; em árabe: سلجوق; romaniz.: Saljūq, pl. السلاجقة, al-Salājiqa; em persa: سلجوقيان; romaniz.: Ṣaljūqīyān) eram um povo nômade turco[1][2][3] de religião islâmica sunita que gradualmente adotou a cultura persa e contribuiu para a tradição turco-persa[4][5] na Ásia medieval Central e Ocidental. Estabeleceram o chamado Império Seljúcida que se estendia das estepes cazaques da Ásia Central até às atuais Turquia e Palestina.[6] Devido à conquista desta última, tornaram-se alvo dos cristãos ocidentais.[7]
História
Migração e apogeu
Os seljúcidas são originários do ramo Qynyk dos oguzes,[1] que no século IX viveram na periferia do mundo islâmico, ao norte dos mares Cáspio e Aral no Grão-Canato Yabgu da confederação oguz,[8] nas estepes do Turcomenistão.[9] Durante o século X, devido a vários eventos, os oguzes entraram em contato estreito com as cidades muçulmanas.[10]
Quando Seljuque, o líder do clã seljúcida, desentendeu-se com Yabgu, o chefe supremo dos oguzes, ele dividiu seu clã da maior parte dos turcos-oguzes e montou acampamento no banco ocidental do baixo rio Sir Dária (Jaxartes). Ca. 985, Seljuque converteu-se ao Islã.[10] No século XI os seljúcidas migraram de suas terras natais para o interior da Pérsia, na província de Coração, onde encontraram o Império Gasnévida. Lá, eles derrotaram os gasnévidas na batalha das planícies de Nasa em 1035.[11] Tugril Neo (r. 1037–1063), Chagri (r. 1040–1060) e Jabgu receberam as insígnias de governador, doações de terras, e o título de degã.[12] Na batalha de Dandanacã eles derrotaram o exército gasnévida, e após um cerco bem sucedido de Ispaã por Tugril em 1050-1051,[13] estabeleceram um império mais tarde chamado Império Seljúcida. Os seljúcidas se misturaram com a população local e adotaram a cultura e língua persas nas décadas seguintes;[14][15] a última foi empregada como língua oficial do governo.[1][16][17][18][19]
Os turcos seljúcidas fizeram suas primeiras explorações do outro lado da fronteira bizantina na Armênia em 1065 e em 1067 sob o nome líder deles Alparslano (r. 1063–1072). Em 1067, invadiram a Ásia Menor, atacando Antioquia e, em 1069, Icônio,[20] mas um contra-ataque bizantino os expulsou. No verão de 1071, enquanto eram conduzidos por Alparslano para a Armênia, foram atacados por um exército bizantino sob o comando do imperador Romano IV Diógenes (r. 1068–1071). Na batalha de Manziquerta os bizantinos, além de sofrerem uma pesada derrota, tiveram seu imperador capturado. Alparslano o tratou com respeito e não impôs condições pesadas aos bizantinos.[21] Com os sucessos militares dos anos precedentes, os seljúcidas lançaram um ataque contra o Levante, conquistando do Califado Fatímida a cidade de Jerusalém em 1078.[22][nt 1]
O sucessor de Alparslano, Maleque Xá I (r. 1072–1092), aproveitando-se da vitória de seu pai em Manziquerta, realizou vigorosos esforços militares para conquistar a Anatólia. Até 1081, os seljúcidas expandiram seu domínio sobre quase todo o planalto da Anatólia e Armênia, a leste da Bitínia, e no ocidente fundaram, em 1077, o Sultanato de Rum, com capital em Niceia, a apenas 88 km de Constantinopla.[21] Em 1084 Antioquia é tomada[25] e Esmirna[26] torna-se a capital de um emir semi-independente chamado Tzacas que lança nos anos seguintes (até 1095) raides contínuos contra o Egeu no intuito de tomar algumas posições na região. Conseguiu algumas vitórias sobre os bizantinos, capturando ilhas como Quios e Lesbos, e autoproclamou-se imperador,[27][28][29] mas acabou sendo repelido.[30][31] Em 1091, as poucas cidades ainda sob controle bizantino na Anatólia são perdidas e Constantinopla é cercada por forças seljúcidas-pechenegues.[32]
Linhagem
Seljuque Bei o "Senhor da Guerra" (1092-1107) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Muça ibne Seljuque (?-1047) | Arslã Israil (?-1032) | Micail ibne Seljuque (?-? ) [33][34] | Iunus ibne Seljuque (?–?) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Cutalmiche | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
1. Salomão Xá (1077-1086) | Almançor ibne Cutalmiche (????-????) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
2. Quilije Arslã I (1092-1107) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
3. Maleque Xá (1110-1116) | 4. Maçude I (1116-1155) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
5. Quilije Arslã II (1155-1192) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
7. Solimão II (1196-1204) | Caicosroes I 6. (1192-1196) 9. (1205-1211) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
8. Quilije Arslã III (1204-1205) | 10. Caicaus I (1211-1220) | 11. Caicobado I (1220-1237) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
12. Caicosroes II (1237-1245) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
13. Caicaus II (1245-1260) | Caicobado II (1249-1257) | 14. Quilije Aslam IV (1260-1266) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Feramürz | 16. Maçude II (1284-1297) | 15. Caicobado III (1266-1284) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
17. Caicobado III (1297-1302) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Notas
Referências
- «SALJUQS iii. SALJUQS OF RUM» (em inglês). Consultado em 11 de novembro de 2013
- Grousset 1991, p. 161; 164.
- Nishapuri 2001, p. 9.
- O'Brien 2002, p. 88.
- O'Brien 2002, p. 94.
- Freeman-Grenville 2006, p. 51.
- Alatir 2002, p. 35.
- Bosworth 1963, p. 242.
- Jaques 2007, p. 476.
- «ŠAHRBĀNU» (em inglês). Consultado em 11 de novembro de 2013
- Ravandi 2005, p. 157-169.
- «PERSIAN MANUSCRIPTS i. IN OTTOMAN AND MODERN TURKISH LIBRARIES» (em inglês). Consultado em 11 de novembro de 2013
- Perry 2001, p. 193-200.
- Blake 1991, p. 123.
- Koprulu 2006, p. 149.
- Sherrard 1966, p. 164.
- «The Battle of Manzikert» (em inglês). Consultado em 16 de setembro de 2012
- Rustow 2008, p. 329.
- «HISTORY OF JERUSALEM» (em inglês). Consultado em 16 de setembro de 2012
- Thomas 2000, p. 425.
- Arundell 1834, p. 376.
- Kazhdan 1991, p. 2134.
- Polemis 1968, p. 66.
- Skoulatos 1980, p. 147.
- Pryor 1988, p. 113.
- Haldon 1999, p. 96.
- Haldon 2003, p. 15.
- Mikail teve dois filhos: Chagri (989-1060) e Tugril (990-1063). O Império Seljúcida foi fundado por eles.
- Gabor Agoston-Bruce Mestres: Encyclopaedia do Império Otomano ISBN 978-0-8160-6259-1 p. 516
Bibliografia
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