O Conclave
Foi razoável incluir os nomes dos cardeais eleitores porque em primeiro lugar se depara com uma prova fiel do “nepotismo” por parte dos pontífices anteriores e que muitos desses “príncipes da igreja” pertenciam a várias das famílias poderosas da península itálica que para tanto comprar seus votos fosse muito difícil, já que sua honra era reconhecida e careciam de necessidades econômicas; as riquezas dos Bórgia não eram excessivas pelo qual, por lógica, se descarta a simonia, já que esses cardeais inclusive podiam comprar votos entre eles mesmos.[6]
O dia 6 de agosto foi consumido pela elaboração e subscrição da capitulação em conclave, que, embora não tenha sobrevivido aos nossos dias, é conhecido por ter restringido o número de novos cardeais que poderiam ser criados pelo novo papa.[5]
Entre os mais “papabiles” encontra-se num primero escalão Caraffa, Costa e Ardicino della Porta, assim como logo se falou de Zeno e Piccolomini, entretanto, Giuliano della Rovere era apoiado pela França e Gênova, que teriam 300 mil ducados de ouro depositados em Roma para usá-los em favor de sua eleição como também o rei de Nápoles o apoiava com suas tropas nas portas de Roma. De Borja só se falava como uma remota possibilidade.[5]
Na primeira votação, os mais votados foram Caraffa e Costa; na segunda, esta tendência mudou para della Rovere e Ascanio Sforza, este último apoiado por Borja, mas devido a seu irmão Ludovico Sforza ter grandes ambições para com a “Cidade Eterna”, Sforza decidiu dar seu apoio ao vice-chanceler que finalmente o acompanhou, não obstante se Sforza não podia ser eleito com o apoio de Borja, dificilmente este último podia ser eleito com o apoio de Sforza.
As principais razões para que Borja não fosse eleito eram, em primeiro lugar, sua nacionalidade espanhola e no conclave, além dele, o único estrangeiro era o purpurado português Jorge da Costa, que já era considerado “papabile”. Além disso, Borja era considerado inimigo por França, Nápoles, Veneza e Florença, devido a sua supremacia na Igreja que não era agradável para os Príncipes Temporais.[5] Por exemplo, se o fraco Papa Inocêncio VIII pode causar terríveis males ao rei de Nápoles, então o inimigo Borja era de se temer ainda mais.
Devido a essas razões, o vice-chanceler não conseguiu sequer apresentar seu nome, já que os outros dois cardeais espanhóis não se encontravam no conclave. Supostamente, alguns consideram simoníaca a eleição, não obstante se assim tivesse sido, o cardeal della Rovere teria sido eleito pelo apoio dos grandes Estados mais ricos que qualquer outro indivíduo.
O conclave finalmente elegeu por unanimidade [Um conclave aprova a eleição quando se obtém os dois terços de todos os eleitores, no caso de Rodrigo Borja o conclave foi com votação oral e quando se obteve os dois terços daqueles que estavam votando, se deu por concluída a eleição, sem importar o resto dos votos ainda não emitidos] ao vice-chanceler, pois os cardeais decidiram que nenhum candidato apoiado por outro Estado podia ser eleito porque Roma ficaria subjugada sob o poder estrangeiro. Também lembraram do Papa Calisto III, acusado de nepotismo porque quase todos os integrantes deste conclave eram criados por ele. Algo necessário era um candidato forte e com conhecimentos nos assuntos da igreja. Além disso, independente do resto dos Estados e nesses aspectos, Borja se encaixava à perfeição. Cabe destacar que entre todos os cardeais, na administração e na força, ele era o melhor, de tal forma que foi eleito em 11 de agosto de 1492, para ser coroado com a “tríplice coroa” no domingo 16 de agosto[7] pelo cardeal protodiácono Francesco Todeschini-Piccolomini, adotando o nome de Alexandre VI, não tanto em homenagem a Alexandre Magno, porque não era muito favorável ter um nome com tamanha característica militar, mas também pelo Papa Alexandre III, que obrigou a Frederico Barbarossa a respeitar a Igreja de Roma.