Concerto para violino (Mendelssohn)

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O Concerto para violino, escrito na tonalidade de mi menor e catalogado como seu opus 64, é a maior obra orquestral de Felix Mendelssohn.


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Tema de abertura do concerto.

Depois de assumir o cargo de principal diretor da orquestra do Gewandhaus de Leipzig em 1835, Mendelssohn nomeou seu amigo de infância, Ferdinand David, um ilustre violinista, como mestre de concertos.[1][2] O concerto para violino surgiu como uma colaboração entre ambos. Em carta de 30 de julho de 1838, Mendelssohn disse a David: "Eu gostaria de escrever um concerto para violino para você no próximo inverno. Já tenho uma ideia para um em mi menor, cuja abertura não deixa minha cabeça descansar".[3]

Passaram-se seis anos para que a obra fosse completada. Foram aventadas várias hipóteses para justificar a demora: dúvidas do autor,[4] a criação neste intervalo de uma sinfonia,[5] e uma indesejada temporada em Berlim por ordem do rei Frederico Guilherme IV da Prússia.[6] Neste período Mendelssohn e David mantiveram uma correspondência regular, mostrando o compositor a buscar aconselhamento técnico e estético, uma prática que depois se tornou habitual para outros compositores.[3][5]

Foi orquestrado para duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, dois cornes franceses, dois trompetes, tímpanos e cordas.[5][7] Organizado na forma clássica de três movimentos, trouxe, não obstante, várias inovações para o gênero, incluindo a entrada antecipada do solista e um encadeamento melódico e harmônico entre os movimentos, que devem ser tocados sem pausa entre eles.[4][5] Os dois movimentos externos são muito exigentes em termos técnicos, com numerosas passagens de bravura, embora o virtuosismo em si não fosse um objetivo para o compositor.[4][8][9] As cadenzas são escritas por extenso, deixando muito pouco espaço para a improvisação do solista, como era habitual.[4]

A estreia ocorreu em Leipzig em 13 de março de 1845, com David como solista e Niels Gade na regência. A recepção da obra foi entusiástica, e no fim do século já era considerado um dos maiores concertos do repertório violinístico.[4][5] Passou a ser visto como um degrau inescapável na carreira de todo violinista que almejasse o sucesso, multiplicando-se os recitais e gravações.[10] Hoje é considerado uma das principais composições de Mendelssohn e um dos mais importantes exemplos de seu gênero, continuando a desfrutar de grande popularidade.[4][5][11]

Movimentos

O concerto consiste em três movimentos, nos seguintes andamentos:

Concerto para violino em mi menor, Op. 64



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  1. Allegro molto appassionato (Mi menor)
  2. Andante (Dó maiorLá menor)
  3. Allegretto ma non troppo – Allegro molto vivace (Mi maior)

Allegro molto appassionato

12 a 14 minutos

Estruturado na forma sonata, com uma exposição do tema principal, elaboração e recapitulação, à qual se segue uma coda.[2][9]

Andante

7 a 9 minutos

Uma peça lírica que lembra o estilo das Canções sem Palavras do compositor.[4][5]

Allegretto ma non troppo – Allegro molto vivace

6 a 7 minutos

Uma breve transição leva ao movimento final, construído como um rondò-sonata, aproveitando material precedente em novas elaborações combinadas a um tema secundário.

Gravações

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Perspectiva

Dentre a vasta discografia que contém gravações do concerto, há algumas que se destacaram ao receber prêmios e resenhas relevantes:

  • 1964: Josef Suk (violino), Czech Philharmonic, Karel Ančerl (regente), Supraphon – "Altamente recomendada" pelo Gramophone Classical Music Guide, 2010
  • 1981: Kyung-Wha Chung (violino), Montreal Symphony Orchestra, Charles Dutoit (regente), Decca – "4 estrelas" pelo Penguin Guide
  • 1993: Anne Akiko Meyers (violino), Philharmonia Orchestra, Andrew Litton, (regente), RCA Red Seal – "Arrebatadora é sua interpretação" pelo Gramophone
  • 1998: Robert McDuffie (violino), Scottish Chamber Orchestra, Joseph Swensen (regente), Telarc – "Rosette" pelo Penguin Guide
  • 2007: Daniel Hope (violino), Chamber Orchestra of Europe, Thomas Hengelbrock (regente), Deutsche Grammophon – "10/10" pelo Classicstoday.com; "Gravação altamente recomendada" pela Gramophone magazine, Abril de 2014
  • 2010: Hilary Hahn (violino), Oslo Philharmonic, Hugh Wolff (regente), Sony Recording
  • 2010: James Ehnes (violino), Philharmonia Orchestra, Vladimir Ashkenazy (regente), Onyx – "Escolha do Editor" pela Gramophone magazine, Fevereiro de 2011; "Gravação recomendada" pela ClassicFM; No. 1 Mendelssohn Top Recording, Gramophone, Fevereiro de 2016
  • 2011: Ray Chen (violino), Swedish Radio Symphony Orchestra, Daniel Harding (regente), Sony Classical – "Disco do mês" pela Gramophone magazine, Junho de 2012
  • 2012: Philippe Quint (violino), Orquesta Sinfónica de Minería, Carlos Miguel Prieto (regente) – "Escolha do Editor" pela Gramophone magazine, Fevereiro de 2012

Referências

  1. Mercer-Taylor, P. J. The Cambridge Companion to Mendelssohn. CUP, 2004
  2. "Ferdinand David". In: The Musical Times, 47, (761)
  3. Rietz, J. Letters of Felix Mendelssohn, 1833–1847. Ayer, 1970
  4. Keefe, S. P. The Cambridge Companion to the Concerto. CUP, 2005
  5. Steinberg, Michael. The Concerto: A Listener's Guide. OUP, 1998
  6. Jacobson, J. H. The Classical Music Experience. Sourcebooks, 2002
  7. Mendelssohn, F. Violin Concerto in E minor, Op. 64. Dover Miniature Scores, 1999
  8. Stowell R. The Cambridge Companion to the Violin. CUP, 1992
  9. Mendelssohn, F. Violin Concerto in E minor, Op. 64. Bärenreiter, 2005
  10. Reel, J. "All Things Strings: Give it a Break". In: Strings Magazine, 2007; 147
  11. Mendelssohn, F. Violin Concerto in E minor, Op. 64. Eulenberg Miniature Scores

Ligações externas

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