Loading AI tools
pintor brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Cleber Machado (Porto Alegre, 25 de junho de 1937) é um artista brasileiro. Escultor e pintor, hoje mora e trabalha em São Paulo. Expõe individualmente desde 1971 e em grupo desde 1968. A literatura do artista inclui textos de importantes críticos. Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais e sua obra integra importantes acervos públicos e particulares.
Cleber Machado | |
---|---|
Nome completo | Cleber Machado Neto |
Nascimento | 25 de junho de 1937 (87 anos) Porto Alegre, Rio Grande do Sul |
Morte | 22 de novembro de 2020 (83 anos) Sao Paulo, Sao Paulo |
Nacionalidade | brasileiro |
Prémios | 1970 Arte Contemporânea Brasileira - Bankboston 1971 Pesquisa Joia - XI Bienal Internacional de São Paulo, Brasil 1972 Pesquisa - I Bienal Nacional São Paulo, Brasil 1991 Especial Escultura - II Bienal Internacional Makurazaki, Japão |
Área | artista plástico |
Filho de Marina Machado Neto e João Pedro Pereira Neto, em 1960, Cleber muda-se com a família para o Rio de Janeiro, onde começa a participar do movimento estudantil, ao lado dos amigos e também artistas da Escola de Belas Artes do Rio, Artur Barrio e Rubens Gerchman. Em 1968, em meio a passeatas e o Salão Nacional de Arte Moderna, é preso e solto em 24 horas - por influência de um amigo do pai. O susto o afastou das manifestações de rua, mas não lhe tirou o interesse e engajamento político. Antes de definir-se como escultor, quando morava no bairro de Santa Tereza, Cleber começou a desenhar e produzir joias em prata e em acrílico. Incursão que lhe rendeu o Prêmio de Pesquisa em Joia, na 11ª Bienal de São Paulo. Anos mais tarde, ele retoma a produção de joias, dessa vez ainda mais fortemente influenciado pela escultura, com a criação da Linha Sculpture to Wear, composta de verdadeiras esculturas para serem usadas nos dedos como anéis.
Entre 1970 e 1974, manteve um estúdio no bairro de Botafogo onde ministrou diversos cursos e, à convite da Bienal de São Paulo, participou da Sala Brasília, tendo um trabalho adquirido pelo Presidente Juscelino Kubitschek para compor o acervo do futuro Museu de Arte Brasileira, construído na capital federal.Depois de uma passagem por Guaratiba, praia a 40 quilômetros do Rio, onde retomou uma antiga paixão pela caça submarina, muda-se para São Paulo e realiza com o MAM-SP uma exposição às margens do Lago do Ibirapuera. De São Paulo embarca para um período em Nova Iorque e, na sequência, se estabelece por três anos na Cidade do México onde mostra sua instalação "Arqueologia do ano 4000" (segundo ele, uma grande responsabilidade, já que seu trabalho foi exposto logo após o encerramento da exposição de Henry Moore.
De volta ao Brasil e ao Rio de Janeiro, Cleber constrói um estúdio no bairro de São Cristóvão onde segue trabalhando por dois anos. Sua participação na 20ª Bienal Internacional de São Paulo é marcada pela performance “Terra, Água e Ar”, de um helicóptero que simula a presença e aterrissagem de um disco voador no Lago do Parque Ibirapuera.No início dos anos 90, volta a morar em São Paulo e, recuperado de um período de depressão, retoma com ainda mais vigor sua linguagem original, como ele mesmo gostar de chamar, a ”geometria onírica”. A volta ao trabalho é marcada por uma exposição no jardim da Casa das Rosas (atual Espaço Haroldo de Campos de Poesia).
“ | Ninguém entende de arte... Arte não é feita para ser entendida. Arte é feita somente para ser sentida. | ” |
O teórico e crítico de arte argentino Fermín Fèvre (1939-2005) coloca Cleber como um dos escultores mais prestigiados do Brasil, que, apesar das diferentes fases e suas respectivas diversas ênfases, mantêm um trabalho de extraordinária continuidade.
“ | Em todas as suas obras – quer nas estáticas, quer naquelas em que a mobilidade proporciona uma situação ambígua entre o que é real e o que é virtual – Cleber Machado expõe a fragilidade dos objetos no espaço, seu equilíbrio sempre instável e parcial (...) O tema da precariedade é constante dessas buscas espaciais e estruturais. As estruturas são mutáveis. Têm um com que de provisório. Acontece com elas o mesmo que com o homem, que transita pelo mundo ciente de sua condição mutante e precária. Assim, a obra de Cleber Machado assume um aspecto metafórico e simbólico que transcende sua própria materialidade. | ” |
Referindo-se a obra “Cubo-Esfera-Cubo”, o autor e escritor suíço Peter Karl Wehrli qualifica como uma tarefa histórica a façanha de Cleber de cubificação da esfera e esferação do cubo.
“ | Ele é o inventor do cubo esférico e da esfera cúbida. Coloca estes dois elementos básicos em movimento – em todas as direções ao mesmo tempo. Girando, eles incluem cada uma e todas as formas existentes. Há uma palavra para isso: “onifacção”. Ou ainda mais precisa: “Onificação”. É o que Cleber Machado pratica. | ” |
O professor doutor e matemático Luiz Barco visita o ateliê de Cleber Machado, lança a questão se o Universo é ou não infinito e narra seu encontro com o Cubo-Esfera-Cubo.
“ | Vi lá, nesse desconstruir, construir, duas imensas esferas. Uma tornada cubo e outra retornada esfera. Não consigo imaginá-las separadas. São como o Universo, ora expandido, ora aglomerado, e de quebra não são estáticos como diria Galileu Galilei: Eppur si muove. | ” |
Aracy Amaral percebe o desafio da escultura na trajetória de Cleber. Sejam as questões de equilíbrio exploradas nos projetos de móbiles da metade dos anos 1960, ou a força rara de combinações não convencionais de materiais, como o vidro e a madeira. Em seguida, destaca a fixação em formas geométricas, que se mantém até hoje.
“ | Nestes últimos anos vemos o círculo circunscrito no círculo, círculo virtual versus círculo real, jogos perspectivistas com retângulos, paralelogramos ou triângulos, ou esferas, reais ou virtuais, visualização de faces de ângulos poliédricos, jogos intermináveis de reflexos na pintura automotiva prateada, a simular a magia do espelho também virtual. Faces espelhadas, portanto, que se movem no espaço, que se constitui antes como moldura. | ” |
Octopus
Como disse o crítico de arte e amigo pessoal de Cleber, Pierre Restany, em texto escrito por ele em 1982, “...Machado é, efetivamente, um portador de mensagens. Ele concebeu todo um programa de intervenções, do qual “Octopus” é o ponto de partida, para dar à sua arte a envergadura existencial de um fenômeno vital.Olhe no céu de Nova Iorque a evolução de um polvo gigante. Quais serão as reações das pessoas numa esquina? A imaginação toma o poder entre os arranha-céus de Wall Street, acaricia a Estátua da Liberdade. Mais do que arte em liberdade, Machado tenta interessar-nos em nossa essencial liberdade de ser. Seu sonho, se compartilharmos, é uma chamada à ordem, à ordem existencial, à lei da grande natureza.”[2]
Um ovni em São Paulo
Para ser apresentada nos Eventos Especiais da 20ª Bienal Internacional de São Paulo (1989), Cleber Machado prepara uma interferência urbana para lá de especial. Do Aeroporto de Congonhas (SP), um helicóptero disfarçado de disco voador decola, equipado com 20 fachos de luz verdes e azuis. O “disco” voa sobre a cidade por volta de 40 minutos, descrevendo rotas simétricas e desce em espiral sobre o lago do Parque Ibirapuera.
Segundo Cleber, o objetivo dessa interferência é possibilitar um mergulho da fantasia na realidade, provocando os indivíduos, estimulando-os a novas sensações ou nova percepção da realidade.
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.