Limão (Citrus x limon) é o fruto do limoeiro, uma pequena árvore de folha perene originária da região sudeste da Ásia, da família das rutáceas.[1][2] No Brasil é também popularmente denominado limão-siciliano, de forma a distingui-lo de três outras espécies de citrinos chamadas de "limões" no Brasil e "limas" nos restantes países lusófonos:[3][4] Citrus × latifolia ou limão-taiti,[5][6] Citrus × aurantiifolia ou limão-galego,[6][7] Citrus x limonia ou limão-cravo.
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Limão | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Citrus x limon Carolus Linnaeus (L.) - Burm.f. 1758 |
Apresenta diversas variedades cultivadas, sendo uma dezena delas frequentes, como, por exemplo, o limão-eureca,[8] o limão-lisboa,[9] o limão-fino, o limão-verno, o limão-villafranca,[10] o limão-lunário, etc.
História
O limão-siciliano foi trazido da Pérsia pelos árabes, disseminando-se na Europa.[11] Há relatos de limoeiros cultivados em Génova em meados do século XV, bem como referências à sua existência nos Açores em 1494.
Séculos mais tarde, em 1742, os limões foram utilizados pela marinha britânica para combater o escorbuto, mas apenas em 1928 se obteve a ciência sobre a substância que combatia tal doença, batizado ácido ascórbico ou vitamina C, a qual o limão proporciona em grande quantidade: o sumo do limão contém aproximadamente 500 miligramas de vitamina C e 50 gramas de ácido cítrico por litro. Atualmente, é uma das frutas mais conhecidas e utilizadas no mundo.
Popularizou-se no Brasil durante a chamada gripe espanhola (epidemia gripal de 1918),[12] quando atingiu preços elevados, chegando a ser comprada por de dez a vinte mil réis cada unidade.
O limão-siciliano tem origem no Sudeste da Ásia, provavelmente no sul da China, ou Índia. Sua história é, por vezes, pouco clara.
Não era uma fruta comum no mundo antigo grego e romano. Vários fatos indicam que uma fruta cítrica parecida com o limão era conhecida, mas não se sabe se era o limão ou a cidra, uma espécie vizinha e muito semelhante, e não existem evidências paleobotânicas.[13] Os gregos utilizavam o limão ou a cidra para proteger as roupas das traças.
As primeiras descrições claras do uso da fruta para fins terapêuticos remontam às obras de Teofrasto, aluno de Aristóteles, considerado o fundador da fitoterapia.
Os helenos utilizavam o cultivo de limoeiros ou de cidreiras perto de oliveiras para preservá-las de ataques de parasitas.[14] O limão pode ter sido retratado na arte romana:[2] há representações de frutas cítricas em mosaicos romanos em Cartago e afrescos em Pompeia, que possuem uma semelhança impressionante com laranjas e limões.
Diz-se que Nero era um consumidor regular desta fruta, pois assim tentava se prevenir de um possível envenenamento.[14]
O limão também foi muito utilizado no Mediterrâneo de maneira ornamental em jardins islâmicos.
Os egípcios do século XIV conheciam o limão. Ao longo da costa mediterrânea do Egito, as pessoas bebiam kashkab, uma bebida feita de cevada fermentada, folhas de hortelã, arruda, pimenta preta e limão. A primeira referência do limão no Egito é nas crônicas do poeta e viajante persa Nácer Cosroes, que deixou um relato valioso da vida no Egito sob o mandato do califa fatímida Almostancir (1035-1094).[13]
O comércio de suco de limão foi bastante considerável em 1104. Sabemos a partir de documentos em Geniza Cairo - registros da comunidade medieval judaica no Cairo a partir do século X até o século XIII - que as garrafas de suco de limão, qatarmizat, foram feitas com muito açúcar e era consumidas localmente e exportadas.[13]
No Ocidente, o limão tornou-se mais difundido no ano 1000, graças aos árabes que o levaram a fruta para a Sicília. A origem do nome vem do persa. Na Europa, havia o cultivo de limões-reais em Génova, em meados do século XV. Em 1494, apareceram limões em Açores, enquanto que, na América, o limão e outros cítricos foram levados pelos missionários espanhóis após a descoberta de Cristóvão Colombo.[14]
A fruta também foi introduzida nos países do norte europeu, através de viagens marítimas, pagando-se por eles com bens valiosos ou até mesmo ouro. Os frutos comprados eram revendidos a preços muito elevados nos países do norte: o limão foi considerado um produto de luxo, sendo usado principalmente como um ornamento e um medicamento.[14]
Posteriormente, os médicos tornaram-se conscientes de que a ingestão diária de suco de limão evitava surtos de escorbuto entre os marinheiros em longas viagens marítimas. Navios ingleses foram obrigados por lei a carregar bastante suco de limão para cada marinheiro.[2]
De 1940 a 1965, a produção aumentou e os Estados Unidos tornaram-se um importante fornecedor de limões. Mais de 50 por cento da safra de limão dos Estados Unidos é transformada em suco e produtos. A casca, polpa e sementes são usadas para se fazer óleos, pectina, ou outros produtos.[2]
O limão também tem sido é usado externamente para acne, fungos (micose e pé de atleta).[2]
Origem
Os limoeiros são árvores pequenas (não atingem mais de 6 metros de altura),[15] espinescentes, muito ramificadas, de caule e ramos castanho-claros; as folhas são alternas, oblongo-elípticas, com pontuações translúcidas; as inflorescências são de flores axilares, alvas ou violeta, em cacho. Reproduz-se por estacas de galhos, em solo arenoso e bem adubado, de preferência em regiões de clima quente ou temperado.
Propaga-se também por sementes, que requerem solo leve, fértil e bem arejado, em local ensolarado e protegido dos ventos. Frutifica durante todo o ano, em inúmeras variedades, que, embora mudem no tamanho e na textura da casca, que pode ser lisa ou enrugada, quanto à cor, variam do verde-escuro ao amarelo-claro, exceto uma das espécies, que se assemelha a uma tangerina.
Características
Ao contrário de outras variedades cítricas, o limoeiro produz frutos de forma contínua.[2]
Farmacologicamente, o limão é principalmente importante pelo seu valor nutricional de vitamina C e potássio.[2]
No Brasil, os chamados limão-galego e o limão-taiti, na verdade, não são limões, mas sim limas ácidas. O chamado limão-verdadeiro, também conhecido como siciliano, eureca ou lisboa, é a espécie mais consumida na Europa e nos Estados Unidos, possuindo o nome científico Citrus x limon; esse limão possui uma casca amarela.[4]
As principais diferenças entre limões e limas ácidas são o tamanho e o gosto ligeiramente diferente, pois limões têm sabor um pouco mais suave. Apesar disso, todas essas espécies têm origens parecidas. Outra coisa que diferencia os limões de limas ácidas é o rendimento para fazer sucos, sendo que as limas são melhores para esse uso.[4]
O chamado limão-cravo é uma mistura de limão e tangerina. Possui uma coloração interna alaranjada e é muito usado para temperos.[4]
Partes usadas
Os que têm cor amarelada ou amarelo-esverdeada, são cultivados sobretudo pelo sumo, embora a polpa e a casca também se utilizem em culinária. Os limões contêm uma grande quantidade de ácido cítrico, o que lhes confere um gosto ácido.[15] No suco de limão, essa acidez chega a um pH de 2 a 3, em média.
Informações nutricionais
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Propriedades
As suas aplicações na vida doméstica são inúmeras. Com o suco da fruta, preparam-se refrigerantes, sorvetes, molhos e aperitivos, bem como remédios, xaropes e produtos de limpeza. Da casca, retira-se uma essência aromática usada em perfumaria e no preparo de licores e sabões.
Estudos epidemiológicos associam a ingestão de frutas cítricas, com uma redução no risco de várias doenças. O limão também mostra alguma atividade antimicrobiana.[2]
O limão possui uma substância própria denominada limoneno[18]. Além disso, o limão possui o ácido cítrico, que fornece ao suco do limão, um pH ácido (entre 2 e 3), cerca de 10.000 a 100.000 vezes mais ácida que a água pura. Apesar da extrema acidez, não é capaz de alterar o pH do estômago (pH entre 1,5 e 2,0) e do sangue (pH em torno de 7,4), pois estes possuem mecanismos próprios de controle da acidez ou alcalinidade [19]. Apesar de supostas propriedades no trato urinário devido à presença de citratos e íons metálicos alcalinos (potássio, cálcio, magnésio), não se detectou a presença de excreção aumentada de solutos litogênicos urinários, incluindo cálcio, oxalato, fosfato, ácido úrico e sódio, juntamente com excreção urinária reduzida de inibidores de cristalização, como citrato e magnésio. Portanto, não foi encontrada cientificamente evidências sobre tais propriedades na melhora da redução de cálculos urinários. [20]
Produção
A Índia encabeça a produção mundial de limão e lima com cerca de 19% da produção total, seguido pelo México (~ 14,6%), China (7,5%), Argentina (~ 7,4%), Brasil (~ 7,2%) e Estados Unidos (~ 6,1%).
Principais produtores de lima e limão – 2009 | |
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País | Produção (Toneladas) |
Índia | 2 571 530 |
México | 1 987 450 |
China | 1 014 446F |
Argentina | 1 000 000* |
Brasil | 972 437 |
Estados Unidos | 827 350 |
Turquia | 783 587 |
Irão | 711 729 |
Espanha | 551 000 |
Itália | 486 200 |
Mundo | 13 607 350 |
Sem símbolo = dado oficial, F = estimativa segundo a FAO, * = Dados da FAO com base na metodologia de imputação; |
Produção no Brasil
Em 2019, o Brasil produziu 1,5 milhão de toneladas de limão, sendo o 5º maior produtor do mundo. São Paulo responde sozinho por cerca de 75% da produção nacional (1,1 milhão de toneladas), principalmente na região de Itajobi. Entre os maiores produtores do país estão também Pará (104 mil toneladas), Minas Gerais (84 mil toneladas) e Bahia (69 mil toneladas). O Brasil é o maior exportador de limão do mundo, tendo a Europa como principal mercado. [21][22][23]
Ver também
Referências
- «Limoeiro». Dicionário Caldas Aulete. Consultado em 12 de junho de 2022
- «Complete Lemon information from Drugs.com». Drugs.com. Consultado em 17 de janeiro de 2012
- «Limão: origem e variedades». Portal Doce Limão. Consultado em 22 de dezembro de 2011
- «Quantos tipos de limão existem? - Mundo Estranho». mundoestranho.abril.com.br. Consultado em 20 de janeiro de 2012
- Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, Cultura - Limão Tahiti Arquivado em 30 de agosto de 2011, no Wayback Machine.
- Dirceu de Mattos Junior, José Dagoberto De Negri, José Orlando de Figueiredo e Jorgino Pompeu Junior, 2005, CITROS: principais informações e recomendações de cultivo, Boletim Técnico 200 (IAC).
- Gernot Katzer, 2000, [http://gernot-katzers-spice-pages.com/engl/Citr_aur.html?spicenames=pt Lime (Citrus aurantifolia (Christm. et Panz.) Swingle)
- José Orlando de Figueiredo; José Dagoberto de Negri; Dirceu de Mattos Junior; Rose Mary Pio; Francisco Ferraz Laranjeira; Valéria Xavier Paula Garcia, 2005, Revista Brasileira de Fruticultura vol.27 no.1, "Comportamento de catorze porta-enxertos para o limão eureka, Citrus limon (L) Burm. F., km 47 na região de Araraquara-SP1",
- «Quantos tipos de limão existem?». Portal Mundo estranho. Consultado em 29 de dezembro de 2011
- {«Lemon trees (Limoeiros)». Global Orange Groves UK (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2012
- «Segredos do limão». Revista Viva Saúde Online. Consultado em 22 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2012
- Leandro Carvalho Damacena Neto. «A "medicina popular" durante a epidemia de gripe espanhola de 1918 no município de São Paulo». Histórica: Revista on line do arquivo público de São Paulo. Consultado em 22 de dezembro de 2011
- «Did You Know: Food History - History of Lemonade» (em inglês). Consultado em 18 de fevereiro de 2012
- «The origins» (em inglês). Consultado em 18 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 19 de outubro de 2011
- «Limão - Como Plantar». Portal Globo Rural. Consultado em 22 de dezembro de 2011
- Emedix. «Valor nutricional dos alimentos». Portal UOL. Consultado em 20 de dezembro de 2011
- «Limoneno». Consultado em 20 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 6 de outubro de 2009
- Ruggenenti, Piero; Caruso, Maria Rosa; Cortinovis, Monica; Perna, Annalisa; Peracchi, Tobia; Giuliano, Giovanni Antonio; Rota, Stefano; Brambilla, Paolo; Invernici, Giuliana (1 de janeiro de 2022). «Fresh lemon juice supplementation for the prevention of recurrent stones in calcium oxalate nephrolithiasis: A pragmatic, prospective, randomised, open, blinded endpoint (PROBE) trial». eClinicalMedicine (em inglês). ISSN 2589-5370. PMID 34977512. doi:10.1016/j.eclinm.2021.101227. Consultado em 17 de abril de 2023
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