Christ for all Nations
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A Christ for all Nations (CfaN) é uma organização evangelística criada em 1974 pelo missionário alemão Reinhard Bonnke e sua esposa, Anni, então servindo em Maseru, Lesoto.[1] A partir dali, difundiu-se por vários outros países da África, tendo alegadamente convertido ao cristianismo mais de 90 milhões de pessoas.[2]
Em 1969, os Bonnke começaram sua missão evangelística no país encravado Lesoto, localizado dentro da África do Sul. Após vários anos, nos quais suas pregações não obtiveram grande êxito, Reinhard Bonnke começou a sentir-se muito frustrado. Todavia, conforme relata, um dia teve um sonho no qual o mapa da África era "lavado no precioso sangue de Jesus", e uma voz, que ele afirmou ser do Espírito Santo, exclamou: "a África deve ser salva". Bonnke a princípio não teria levado em grande conta a mensagem, mas após o sonho se repetir durante quatro dias seguidos, comentou com a esposa: "Anni, acho que Deus está tentando me dizer alguma coisa".[3]
A partir daí, com o apoio de uma pequena igreja local, Bonnke iniciou sua primeira cruzada, mas apenas 100 pessoas compareceram nesta reunião inicial. Todavia, minutos depois dele ter começado a pregação, um homem levantou-se dentre a congregação e gritou estar curado, sendo seguido por vários outros presentes. A repercussão deste evento trouxe um afluxo crescente de pessoas para as próximas reuniões, as quais começaram a lotar estádios. A partir de então, Bonnke começou a peregrinar de nação em nação africana, arregimentando grandes cruzadas evangelísticas que se tornavam cada vez maiores. A CfaN construiu então uma primeira tenda móvel (a "Tenda Amarela"), com capacidade para abrigar dez mil espectadores; esta, todavia, em pouco tempo tornou-se pequena, e uma estrutura maior, a "Grande Tenda", capaz de receber 30 mil espectadores sentados foi construída; ainda assim, não era capaz de comportar todos os milhares que queriam presenciar as pregações.[3]
Depois do seu grande sucesso na África, a CfaN estendeu-se para a Ásia, realizando cruzadas nas Filipinas, Malásia, Indonésia, Singapura e Índia.[1] Numa fase posterior, atingiu a América Latina, incluindo o Brasil, onde a organização mantém uma escola de evangelismo em Curitiba, Paraná.[4]
Em 2009, após ter servido por vários anos ao lado de Reinhard Bonnke, o evangelista Daniel Kolenda foi nomeado pelo fundador da CfaN como presidente da organização, e indicado seu sucessor. A transição foi concluída em 2019, com a morte de Reinhard Bonnke.[5]
Deve ser ressaltado que as pregações da CfaN não atraíram somente simpatizantes: em 1990, ocorreram protestos na predominantemente muçulmana cidade de Kano, na Nigéria setentrional, onde Bonnke havia sido autorizado a realizar uma de suas cruzadas. Nos tumultos que se seguiram, cerca de oito pessoas morreram, segundo dados oficiais. A equipe da CfaN teve que ser retirada do local da cruzada às pressas, por militares, e conduzida ao aeroporto da capital, Lagos, por onde deixaram o país. Depois do incidente, vistos para que a CfaN atuasse na Nigéria foram negados, durante dez anos. As relações com o governo nigeriano só começaram a mudar favoravelmente em 1999, com a chegada ao poder do presidente Olusegun Obasanjo.[6]
Segundo a professora Esther Mombo, do Center for Christian-Muslim Relations in Eastleigh (CCMRE), Nairóbi, Quênia, o impacto das cruzadas de Bonnke e da CfaN na África é complexo, e pode exigir dos pesquisadores algum tempo até ser corretamente avaliado. Segundo Mombo, as pregações nem sempre alimentavam uma coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos, mas estimulavam a rivalidade e o ódio. Apesar disso, ela conclui:[6]
Seus ministérios de cura pareciam estranhos e, até certo ponto, um circo. No entanto, tenho certeza de que, através do seu ministério, algumas pessoas conheceram Cristo e cresceram na fé.[6]
Em 2003, a CfaN foi envolvida num esquema fraudulento criado por Gregory Setser, um autodeclarado "investidor cristão" e fundador da International Product Investment Corp. (IPIC), que ludibriou várias organizações evangélicas prometendo lucros de 25% a 50% em períodos de três a seis meses. O responsável por introduzir Setser na alta direção da CfaN, T. Thomas Henschke, era um ex-empregado da organização, preso na operação do FBI que deteve Setser e outros comparsas. A CfaN alega que foi vítima do esquema e que Setser participou de apenas duas reuniões de diretoria, tendo dado "uma contribuição substancial para o ministério", antes da sua prisão.[7]
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