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Catuquinas ou Katukinas é uma denominação atribuída a pelo menos três grupos indígenas.
O primeiro deles, da família linguística katukina,[2] os chamados Katukina do Rio Biá,[3] localizados na região do rio Jutaí,[4] no sudoeste do estado do Amazonas, nas Terras Indígenas Paumari do Cuniuá, Paumari do Lago Paricá, Rio Biá e Tapauá.
São também chamados Katukina dois grupos da família linguística pano,[5] localizados no estado do Acre. Mas nenhum desses dois grupos pano reconhece o termo "katukina" como autodenominação. Um deles, localizado nas margens do rio Envira, próximo à cidade de Feijó, autodenomina-se Shanenawa e seria parte de um clã do povo Yawanawá:
Já o outro grupo, denominado Katukina-Pano, habitante das aldeias localizadas nas margens dos rios Campinas e Gregório, não reconhece qualquer significado no nome “Katukina” na sua língua, mas aceita a denominação. Dizem os seus integrantes que ela foi “dada pelo governo”. No entanto, nos últimos anos, jovens lideranças indígenaestimulamdo a consolidação da denominação de Noke Kuin, Noke Kui ou Noke Koi[7] (em português, “gente verdadeira”) para o grupo. Internamente, são usadas seis outras autodenominações, que se referem aos seis clãs nos quais o grupo se divide. Observou-se que tais denominações são praticamente idênticas aos nomes de alguns clãs do povo Marubo, com o qual os chamados Katukina-Pano apresentam várias outras semelhanças linguísticas e culturais.[8][9]
Portanto, os chamados Katukina do Acre, sem qualquer parentesco com os katukinas do Amazonas, foram assim denominados, aparentemente pelas primeiras expedições de contato realizadas por não índios na região, e acabaram aceitando essa denominação.
Os Katukina-Pano distribuem-se entre duas Terras Indígenas:
A Terra Indígena Katukina/ Kaxinawá,[11] no município de Feijó (Acre), foi assim denominada por engano. Ali estão, de fato, dois povos Panos, aparentados: um deles é o Kaxinawá.[12] Mas o outro povo não é o Katuquina: trata-se, na verdade, dos autodenominados Shanenawa (povo do pássaro azul). Estudos linguísticos realizados na década de 1990 comprovam que, embora a língua shanenawa seja da família Pano (assim como a língua dos Kaxinawá e a dos chamados Katukina-Pano), apresenta diferenças significativas em relação à língua falada pelos Katukina-Pano do rio Campinas e do rio Gregório (Terra Indígena Campinas/Katukina e T. I. Rio Gregório, ambas no Acre).[11][13] Por receio de perder o direito às terras e considerando todo o histórico de violência e injustiça que sofreram, os Shanenawa resolveram não desfazer o equívoco.[14]
Historicamente, os etnônimos Katukina, Kanamari e Kulina foram utilizados para designar povos bem diferentes, em diversos lugares. Isso porque os primeiros colonos da região do rio Juruá classificavam os índios em “dóceis” e “rebeldes”. Os termos Kanamari, Katukina e Kulina eram associados aos índios dóceis, enquanto o sufixo -naua (ou -nawa) era normalmente associada aos índigenas guerreiros, que combatiam a presença do homem branco. Os Kaxinawá, por exemplo, eram identificados como rebeldes. Assim, para fugir das expedições de captura e matança organizadas por colonos brasileiros, muitos povos adotaram os etnônimos Katukina, Kanamari e Kulina.[15] Mas, internamente, os chamados Katukina do Acre denominam-se conforme os seus clãs - kamãnawa (povo da onça ou do cachorro, dependendo da fonte), varinawa (povo do sol), satanawa (povo da lontra), neianawa (povo do Céu), entre outros clãs menos numerosos.
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