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Poema de Catulo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Pedicabo ego vos et irrumabo é o primeiro verso, por vezes usado como o título, de Carmen 16 na coleção de poemas de Caio Valério Catulo (c. 84 a.C. – 54 a.C.). O poema, escrito em hendecassílabos (versos quantitativos, não os das línguas modernas), foi considerado tão explícito que uma tradução completa em inglês só foi publicada no final do século XX.[1] O primeiro verso foi chamado de "uma das expressões mais sujas já escritas em latim".[2]
Carmen 16 é significante na história da literatura não só como obra artística censurada por sua obscenidade, mas também pelo fato de o poema levantar questões a respeito da relação mais apropriada do poeta, ou sua vida, com seu trabalho.[3] Poetas latinos posteriores referiram-se ao poema não por seu caráter invectivo, mas por servir como justificativa para tratar de um tema que desafiava o decoro ou ortodoxia moral prevalecente. Ovídio, Plínio o Jovem, Marcial e Apuleio evocaram a autoridade de Catulo em definir que, apesar do poeta ter de ser uma pessoa respeitável, sua obra não deve ser constrita ou limitada.[4][5][6][7]
Catulo destina o poema a dois homens, Fúrio (Furius) e Aurélio (Aurelius). Fúrio refere-se a Marco Fúrio Bibáculo, um poeta do século I que teve um caso com Juvêncio, namorado de Catulo, enquanto Aurélio refere-se a Marco Aurélio Cota Máximo Messalino, um cônsul durante a dinastia júlio-claudiana. Aparentemente, Fúrio e Aurélio consideravam os versos de Catulo molliculi ("suaves demais"). Catulo responde então com intensos insultos e invectivas.[8][9][10]
Verso | Texto em latim | Tradução para o português[11] |
---|---|---|
1 | Pedicabo ego vos et irrumabo, | Meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos, |
2 | Aureli pathice et cinaede Furi, | Aurélio bicha e Fúrio chupador, |
3 | qui me ex versiculis meis putastis, | que por meus versos breves, delicados, |
4 | quod sunt molliculi, parum pudicum. | me julgastes não ter nenhum pudor. |
5 | Nam castum esse decet pium poetam | A um poeta pio convém ser casto |
6 | ipsum, versiculos nihil necessest (necesse est); | ele mesmo, aos seus versos não há lei. |
7 | qui tum denique habent salem ac leporem, | Estes só tem sabor e graça quando |
8 | si sunt molliculi ac parum pudici | são delicados, sem nenhum pudor, |
9 | et quod pruriat incitare possunt, | e quando incitam o que excite não |
10 | non dico pueris, sed his pilosis | digo os meninos, mas esses peludos |
11 | qui duros nequeunt movere lumbos. | que jogo de cintura já não tem |
12 | Vos, quod milia multa basiorum | E vós, que muitos beijos (aos milhares!) |
13 | legistis, male me marem putatis? | já lestes, me julgais não ser viril? |
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