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Casa Edison

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Casa Edison foi a primeira casa gravadora no Brasil e na América do Sul, fundada em 1900 por Fred Figner no Rio de Janeiro. Inicialmente, a casa funcionava como importadora e vendedora de fonógrafos, cilindros e discos, instalou um estúdio no fundo da loja e realizou as primeiras sessões de gravação feitas no país a partir de 1902. No início do século XX, a Casa Edison teve papel fundamental na formação do mercado fonográfico brasileiro, registrando repertórios populares e eruditos e distribuindo gravações para todo o país. A casa encerrou suas atividades na indústria fonográfica na década de 30 e manteve operações comerciais até meados do século XX.

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A Casa Edison é reconhecida como peça-chave na institucionalização do mercado fonográfico no Brasil e na documentação das práticas musicais entre o final do século XIX e início do XX. Suas gravações e documentos sustentam análises sobre formação de repertório, circulação de música e as relações entre tecnologia e indústria cultural no país.

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História

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Propaganda dos Gramofones, Grafofonos, Fonógrafos e cilindros da Casa Edison no Correio Paulistano, em 1902.

A Casa Edison foi aberta em 1900 na Rua do Ouvidor, 107, no centro do Rio de Janeiro,[1] por Fred Figner, um imigrante e empresário alemão que havia se dedicado à divulgação do fonógrafo e à venda de aparelhos sonoros, inicialmente importando e revendendo cilindros fonográficos (utilizados nos fonógrafos de Thomas Edison) e discos (utilizados nos gramofones de Emil Berliner).[2][3] Porém, em 1902, Figner passou a atuar como representante e distribuidor exclusivo de matrizes e selos estrangeiros (parcerias que ampliaram o catálogo disponível), estabelecendo acordos com empresas europeias e trazendo técnicas para montar instalações de gravação nos fundos da loja, o que transformou o comércio em uma gravadora ativa, além de reorganizar o setor e reduzir a autonomia de pequenos fabricantes e distribuidores.[4]

Entre as primeiras sessões de gravação em que foram registradas músicas e intérpretes brasileiros na Casa Edison se encontram nomes como Bahiano, Cadete e a Banda do Corpo de Bombeiros, além de instrumentistas eruditos como Patápio Silva.[5] Essas primeiras edições foram posteriormente prensadas e catalogadas, marcando o início da documentação sonora da música brasileira. Estudos indicam que, na fase mecânica de gravação (que, no Brasil, durou até cerca de 1927), a Casa Edison lançou milhares de títulos e foi responsável por uma parcela significativa da produção fonográfica do país.[3][6] O catálogo da Casa Edison incluia lundus, modinhas, maxixes, choros, marchas, bandas militares e gravações de música clássica, refletindo a diversidade sonora da virada do século no Rio de Janeiro. A presença da Casa Edison possibilitou que repertórios regionais e urbanos fossem fixados, o que teve efeitos duradouros para pesquisas musicológicas e para a circulação de compositores e intérpretes no Brasil.[3][4]

Anos mais tarde, em 1917, lançaria também o primeiro samba gravado no país, "Pelo Telefone", de autoria de Donga e Mauro de Almeida, executado também por Baiano.[7] Desde a fundação, foi representante da Odeon Records e dos vários selos que a empresa alemã possuía. A partir de 1912, também começa a administrar a fábrica recém-aberta pela Odeon no Rio de Janeiro. Em 1926, a gravadora perderia a representação da Odeon e, no ano seguinte, passaria a gravar pelo selo Parlophone.[8][9] Após perder essa e outras representações e enfrentar a modernização técnica e as reestruturações de mercado, a firma de Figner entrou em declínio e deixou de operar como gravadora especializada por volta de 1932, quando sairia definitivamente da indústria fonográfica, passando a operar com máquinas de escrever, geladeiras e mimeógrafos até encerrar suas atividades em 1960.[4][10][9]

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Acervo

Parte do acervo documentário e sonoro associado à história da Casa foi preservado por colecionadores e instituições. Destacam-se esforços de catalogação, digitalização e edição do material histórico, como o projeto editorial/preservação coordenado por Humberto Franceschi em parceria com instituições culturais, que tornaram disponível um conjunto significativo de gravações e documentos para pesquisa. Esses arquivos são hoje fonte importante para historiadores da música, musicólogos e curadores.[4]

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A Banda da Casa Edson

As gravações do Hino Nacional Brasileiro, feitas em 1902 e 1903, foram importantes marcos históricos, pois representam algumas das primeiras vezes que o hino foi gravado e distribuído em formato físico. Essas gravações foram feitas em discos de 78 rpm, que eram a mídia predominante na época para gravações musicais.[9]

Essas gravações instrumentais pela Banda da Casa Edison são notáveis não apenas pelo conteúdo, mas também pelo que representam em termos da evolução da indústria musical brasileira, mostrando o início da capacidade de registrar e preservar a música brasileira em forma gravada. A tecnologia utilizada e o fato de que uma loja comercial tomou a iniciativa de fazer essas gravações destacam a importância crescente da música gravada na vida cultural e social do Brasil naquela época.

Ver também

Referências

  1. «Endereço Casa Edison RJ». Correio da Manhã nº 135 de 27 de Outubro de 1901
  2. «Casa Edison». Dicionário MPB. 2021. Consultado em 26 de novembro de 2025
  3. Gonçalves 2003, pp. 255-256
  4. «Disco». Discografia Brasileira. Consultado em 13 de abril de 2024
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Bibliografia

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