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Carlos Costa é um autor e artista português - dedicado ao teatro, performance e literatura - que também exerce atividade como docente universitário, investigador e ativista político.
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Nasceu no Porto, em 1969.[1] Entre 1987 e 1993, frequentou a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito e pós-graduou em Estudos Europeus (vertente de Economia); posteriormente frequentou também a Licenciatura em História, na Universidade Aberta. Foi em Coimbra que se começou a dedicar às artes, primeiro ao cinema, no CEC - Centro de Estudos Cinematográficos, da Associação Académica de Coimbra (1990 - 1992), depois ao Teatro, no CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (1992 - 1994), onde faz formação com Paulo Lisboa, João Grosso, Andrejev Kowalski, Dato de Weerd, entre outros. Posteriormente, teve também algumas participações pontuais em projetos audiovisuais como ator, dobrador de animação e manipulador de marionetas.
Fundou o Visões Úteis em 1994[2] (com Ana Vitorino, Catarina Martins, Nuno Cardoso, Pedro Carreira, entre outros), continuando a frequentar diversas ações de formação, nomeadamente com Anatoli Vassiliev, Abraxa Teatro e Marcia Haufrecht, e exercendo atividade, primeiro como ator, depois como encenador e finalmente como dramaturgista e dramaturgo, destacando-se a coautoria de inúmeros processos de criação original para teatro, Performance na Paisagem e em Comunidade e outros formatos (muitos deles alvo de leituras vídeo) e passagens pela Bélgica, Espanha, França, Itália, Grécia, Reino Unido e Suécia.
Entre 2005 e 2013 foi professor de Dramaturgia na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto, e assumiu a Direção da participação portuguesa em diversas parcerias europeias de aprendizagem[3] e criação. Em 2009, foi responsável, no Visões Úteis, pela introdução do Serviço Educativo, do Programa de Associação de Artistas e da compensação pela pegada carbono da produção artística.
No mesmo período, regressa à academia, primeiro na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2006 - 2009), onde obteve o grau de Mestre, em Texto Dramático, com uma dissertação acerca da Escrita de Cena.[4] Depois na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (2010 - 2014) onde atingiu o grau de Doutor, em Estudos Teatrais e Performativos, com uma tese dedicada à estética e política da participação.[5] Em 2016 passou a ser Professor Auxiliar Convidado da Universidade de Coimbra. Em 2018, abriu, no Visões Úteis, uma mais ampla linha de curadoria e programação,[6] reforçando a integração dos processos criativos contemporâneos nas comunidades envolventes, bem como o papel da arte como fator de inclusão, participação política, qualidade de vida e, mais recentemente, desenvolvimento do território; e ainda colocando a sustentabilidade ecológica da atividade, não só na agenda do Visões Úteis mas também do setor das artes performativas. Neste processo, deslocalizou a companhia para Campanhã, ao mesmo tempo que aquela assumia a direção do Polo do programa “Cultura em Expansão'', na freguesia mais oriental da cidade do Porto.
Ao longo da sua carreira, esteve sempre envolvido na discussão de políticas culturais[7] (a nível local, nacional e europeu), em particular para as artes performativas e para a propriedade intelectual, enquanto associado e cooperador de diversas organizações do setor, como a Plateia - Associação de Profissionais das Artes Cénicas, o IETM - International Network for the Contemporary Performing Arts e a GDA - Gestão dos Direitos dos Artistas.
A sua obra para teatro tem sido sucessivamente publicada pelas editoras de referência em Portugal, como as Quasi Edições, Imprensa da Universidade de Coimbra e Companhia das Ilhas.
Nos primeiros anos de atividade profissional (1994-2000), e com o Visões Úteis,[2] dedicou-se sobretudo ao trabalho de ator, com os encenadores Paulo Lisboa, Nuno Cardoso, Carlos Curto, João Paulo Seara Cardoso, José Wallenstein, Diogo Dória e António Feio, levando a cena um vasto leque de autores como Jean Genet, José Gomes Ferreira, Eugène Ionesco, Samuel Beckett, Boris Vian, Gregory Motton, Martin McDonagh e Al Berto; a que se seguem experiências de teor mais colaborativo, a partir de Franz Kafka, Tonino Guerra, Anton Tchekov, Luigi Pirandello, Bohumil Hrabal, Henrik Ibsen, Juan José Millás e Gemma Rodriguéz.
Entretanto, e sobretudo a partir do ano 2000, assume a autoria de espetáculos completamente originais, alicerçados numa metodologia de escrita de cena que se irá sedimentar ao longo das duas décadas seguintes. Neste processo, eminentemente colaborativo, contou sempre com a cumplicidade de Ana Vitorino[8] e também, durante a primeira década do século XXI, de Catarina Martins e Pedro Carreira.[9] Durante estes 20 anos contou também com a colaboração próxima de artistas como João Martins, José Carlos Gomes e Inês de Carvalho. A partir da terceira década do século iniciou uma colaboração mais próxima com o dramaturgo Jorge Palinhos e começou a escrever também a solo.[10]
Contudo, a criação para teatro esteve sempre acompanhada de uma constante atividade em áreas transdisciplinares, gerando uma particular acumulação de produtos híbridos, dirigidos por si ou em colaboração com os coautores indicados: Audio-Walks,[11] Teatro in Itinere,[12] Peças para Smartphone,[13] Peças para Chamada de Voz,[14] Campeonatos de Jogos de Tabuleiro,[15] Peças para Realidade Mista,[16] etc.
Cratera (Teodolito, 2018) foi o seu primeiro romance,[17] transportando para a literatura algumas das tensões sociais que já explorara no âmbito do teatro e da performance na paisagem. A ação decorre em poucos dias, em torno de uma família do Porto e do seu cão. Um dia o cão desaparece. Tentam encontrá-lo, mas sem resultados. O pai não tem tempo para tratar do problema. A mãe também não. Na sexta-feira antes do carnaval, alguém telefona. O filho sai atrás do cão. A mãe atrás do filho. O pai atrás dos dois. A filha já tinha saído. E perdem-se todos numa cidade que não conhecem, sem se conhecerem. cratera explora simultaneamente as tensões do indivíduo, da família e da cidade, jogando com a geografia e a paisagem de um território concreto em que as personagens são lentamente consumidas.[carece de fontes]
Em 2021, também com a Teodolito, publica o segundo título,[18] desenvolvendo, numa mesma linha de thriller social, uma relação íntima com a cidade do Porto. Skyline, situa-se num futuro próximo e apresenta a distopia de uma cidade perdida - por entre instituições políticas, empresariais e desportivas - no desenvolvimento da obra pública com que se pretende projetar à escala mundial. Emocionante e reflexivo, Skyline é o relato das relações perigosas entre a intimidade dos afetos e a política do espaço público. E a certeza que, a qualquer momento, podemos sempre mudar de vida.
É Professor Auxiliar Convidado da Universidade de Coimbra,[19] onde é responsável pelas disciplinas de História do Teatro e do Espetáculo II e Dramaturgia e Escrita Teatral, respetivamente na Licenciatura e Mestrado em Estudos Artísticos.[carece de fontes] Em 2022, começou a colaborar com a A3ES – agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, enquanto membro de Comissões de Avaliação Externas dos ciclos de estudo na área do teatro.
É também Investigador Integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares,[20] da Universidade de Coimbra, tendo como áreas de interesse: Profissionalização, identidade, inscrição, memória e arquivo. De destacar a atenção que dedicou à economia das artes performativas[21] bem como ao fim das carreiras na mesma área.[22]
É presidente da Mesa da Assembleia-Geral da PLATEIA – Associação de Profissionais das Artes Cénicas, de que é associado desde 2004. Aqui, integrou a Direção da Associação em diversos mandatos, tendo acompanhado uma pluralidade de dossiers vitais para a política cultural,[23] em particular para as artes performativas, nomeadamente no que respeita ao Apoio às Artes, à sua inscrição plurianual no Orçamento de Estado e ao Estatuto do Trabalhador da Cultura. Em 2018, integrou o grupo de trabalho, criado pelo Ministro da Cultura, para a revisão do Modelo de Apoio às Artes.[24]
Entre 2009 e 2018, foi também um participante muito ativo no IETM - International Network for the Contemporary Performing Arts. Aqui integrou o Advisory Board[25] (2013-2016) bem como diversos grupos de trabalho, em particular de advocacia para a integração da cultura e das artes na estratégia de desenvolvimento da União Europeia; e em 2018, diligenciou no sentido da realização de uma reunião plenária da organização, no Porto, cidade a partir da qual sempre trabalhou.
Entre 2013 e 2017, integrou a Direção da GDA - Gestão dos Direitos dos Artistas,[26] dedicando-se à propriedade intelectual, e em particular aos Direitos Conexos ao Direito de Autor; neste mandato acompanhou de perto tanto a cobrança como a distribuição de direitos, bem como a revisão da lei relativa à Cópia Privada. Também na mesma altura, integrou o Conselho de Curadores da Fundação GDA, contribuindo para a definição das suas estratégias e integrando diversos júris de concursos de apoio às artes. A partir de 2017, assumiu a Vice-Presidência da Mesa da Assembleia-Geral da Cooperativa, acompanhando diversos dossiers, como o apoio de emergência aos artistas (durante os confinamentos de 2020 e 2021) e a transposição da diretiva europeia para o Mercado Único Digital.
De um modo geral, esta tendência para a participação política esteve sempre presente, de modo direto, na sua atividade enquanto artista, nomeadamente pelo caráter pioneiro da insistência na transição energética[27] da criação artística, pela disponibilização da maior parte do seu trabalho com licenças Creative Commons[28] e pela afetação dos recursos da produção artística a iniciativas de cariz social.[29]
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