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político brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Carlos Augusto Bresser (São Paulo, 10 de abril de 1842 – 16 de janeiro de 1915) foi um pioneiro da industrialização paulista, juiz de paz, Diretor de Edificações da Província de S. Paulo, alferes da Guarda Nacional, vereador e empresário. O bairro do Brás foi, oficialmente, fundado por ele.[1]
Carlos Augusto Bresser | |
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Nascimento | 10 de abril de 1842 São Paulo, Império do Brasil |
Morte | 16 de janeiro de 1915 (72 anos) São Paulo, Estados Unidos do Brasil |
Residência | Chácara Bresser, São Paulo |
Progenitores | Mãe: Anna Clara Müller Pai: Carlos Abrão Bresser |
Parentesco | Marechal Daniel Pedro Müller (sobrinho), General João Guilherme Christiano Müller (neto) |
Cônjuge | Ana Hasta Edwiges von Seehausen |
Filho(a)(s) | Gustavo Augusto, Clara Augusta, Hermínia, Oscar Eugênio, Oscália, Leofredo Accácio, Júlia, Carlos Augusto Jr., Leonor, Ismael, Arthur Accácio |
Ocupação | Empresário industrial, Vereador de São Paulo, 4º Juiz de Paz da Freguezia do Braz, Alferes da Guarda Nacional |
Religião | Catolicismo |
Casado com Anna Bresser, teve 11 filhos, originando uma "linhagem rica e influente na cidade de São Paulo",[2] uma das maiores e mais nobres da Família Bresser.
Em Guarulhos, deixa uma rua com seu nome.
Nascido na Chácara Bresser, Carlos Augusto Bresser era filho de Carlos Abrão Bresser e Ana Clara Müller; era neto de Christian Heinrich Breßer, comerciante prussiano, e do General João Guilherme Christiano Müller, diretor da Academia Real das Sciencias de Lisboa; bisneto de João Miguel Müller, Engenheiro Mór dos Ducados de Grubenhagen e de Calemberg e Professor da Universidade de Giessen; era trineto de Johann David Köhler, pioneiro da biblioteconomia moderna e historiador da Universidade de Göttingen; sobrinho do marechal Daniel Pedro Müller, assessor de Dom Pedro I e Governador das Armas da Província de Santa Catarina; e, sobrinho-bisneto de João Daniel Müller, célebre teólogo alemão. [3][1][4]
Aos 14 anos, Carlos Augusto Bresser perdeu seu pai e teve de dedicar-se à administração das propriedades da família ainda jovem. Assim, logo empreendeu a importação de sementes da Alemanha.[1]
Em 1863, aos 21 anos de idade e dono de terras, Carlos Augusto Bresser casou-se com a nobre prussiana Ana Hasta Edwiges von Seehausen. Ana era filha do Barão Gustav von Seehausen e de Elise von Schkopp, próximos aos descendentes da Dinastia Piast e tradicionais frequentadores dos salões de Berlim. Além disso, era sobrinha de Otto Bernhard von Schkopp, general e governador de Estrasburgo; trineta do célebre Regimentschef Friedrich Wilhelm Quirin von Forcade de Biaix, afilhado do rei Frederico I da Prússia; e tetraneta de Jean de Forcade de Biaix, Comandante da Casa Real de Berlim e Cavaleiro da Ordem da Águia Negra.[5][6] Por essa razão, segundo relatos, D. Anna Bresser foi batizada na mesma pia e ao lado do kaiser Guilherme II da Alemanha, o último rei da Prússia. Ainda, em tempos próximos à criação da Lei Áurea, Anna dedicou-se à alfabetização de escravos, ganhando notabilidade pela iniciativa inusitada para a sociedade paulistana oitocentista.[7][1]
Durante seu matrimônio, Carlos Augusto Bresser e Ana Hasta Edwiges von Seehausen tiveram 11 filhos. Dentre eles, estavam:
"O fato é que embora eu não estudasse organizadamente, pelo fato de ter nascido na casa de dona Hermínia Bresser de Lima aprendi o que era livro, a importância de estudar e com pouco mais de seis anos adquiri uma disciplina." [8]
"Na casa de minha madrinha, uma senhora da família Bresser que falava francês, tocava piano [...] Lá aprendi a ler."[9]
“Aquilo que poucos da plebe conseguiam ter, a ideia do que era a outra vida, a vida dos ricos, dos poderosos – eu era capaz de perceber através de experiências concretas. Isso foi importante porque me levou a valorizar a instrução, a querer ler e estudar, a procurar uma ponte para não me conformar com aquela situação que eu ficava.” [10]
Por meio dessa união, surgia uma das linhagens de maior destaque da aristocracia brasileira, descendendo de diversos pais fundadores da Europa, chefes e conselheiros de Estado, intelectuais e santos. Ascendência na qual constam os seguintes fundadores de linhagens dinásticas: Santo Arnoul de Metz, por 10 linhagens, ao menos; Alfredo, o Grande, por 7 linhagens, ao menos; Carlos Magno, por 5 linhagens, ao menos; Meroveu, por 5 linhagens, ao menos; Hugo Capeto, por 3 linhagens, ao menos; entre uma pletora de outras personalidades históricas. [11][12][13][14]
Dentre seus afilhados de batismo, figura Armando Augusto Lichti, futuro cônsul da Noruega e presidente do Santos Futebol Clube, homenageado em Praça de Bertioga.[15]
Carlos Augusto Bresser ocupou-se da administração da Chácara Bresser muito antes de comprá-la de sua mãe, Ana Clara Müller, em 1882. Ele administrava a importação e venda de sementes de hortaliças, assim como fábricas situadas na própria Chácara Bresser, dedicadas à produção de licores, polvilho, e à moeção e torrefação de café. Assim, Carlos Augusto foi um dos pioneiros na industrialização da cidade de São Paulo, chegando a construir o primeiro moinho[16] da cidade, em 1872.
A Chácara, definida pelo professor Nelson Zanotti como um "sítio de vários alqueires, na Mooca"[17], também era exemplar nas técnicas de engenho de açúcar e criação de gado, não se dedicando exclusivamente à cultura do café, característica das propriedades paulistas.
Em instituições públicas, foi 4º Juiz de Paz da Freguezia do Braz[18], diretor da Cia. de Calçamentos e Edificações[19], alferes da Guarda Nacional[1] e vereador da capital. Além de nomear e estruturar as primeiras ruas do Brás, uma de suas mais importantes obras foi a construção da Igreja de São João Batista.
Em 1885, Carlos Augusto Bresser foi contrário ao projeto da Câmara Municipal de construir um chafariz no Marco de Meia Légua, e propôs a construção de uma capela, que ruiu logo após sua construção. Pouco depois, com o apoio de sua esposa, Carlos Augusto construiu a Igreja de São João Batista, que foi doada, em 1910, a dom Duarte Leopoldo e Silva, então Arcebispo de São Paulo.
Em breve historiografia da Igreja relata-se:
"Diversas personalidades importantes da história de São Paulo, em especial moradores do Brás antigo, tiveram participação fundamental nesta saga, principalmente na construção da igreja e no desenvolvimento da Paróquia. [...] A igreja foi, por muitas décadas, considerada um dos templos mais importantes e majestosos da cidade. Muitos, dentre os mais ilustres cidadãos paulistanos, cujos nomes foram dados às ruas mais importantes do Brás, foram grandes colaboradores na construção da Matriz, e inesquecíveis benfeitores da Paróquia."[20]
Por sua atividade enquanto Juiz de Paz, era muito estimado pela sociedade paulistana. Como demonstra o ânimo agradecido de um de seus contemporâneos, em 1869:
"Cumpre-me,entretanto, render um preito de devida homenagem ao muito distincto e honrado brasileiro o illm. sr. alferes Carlos Augusto Bresser, que, [...] soube fazer justiça á causa da minha liberdade; e dest'arte congratulo-me com os habitantes da freguezia do Braz, por terem como garantia de segurança individual e de propriedade tão benemerita autoridade, que, dotada como é, de um carater integro e justiceiro, sabe harmonisar a inteireza do juiz com a qualidade de cavalheiro civilisado. Aceite, pois, s. s. esta manifestação sincera que humildemente tributo ao seu merito e qualidades."[21]
Antes de morrer, Carlos Augusto iniciou o loteamento de suas terras no Brás - inclusive a Chácara Bresser - e foi o primeiro a vender terrenos e prédios a prestações na região. Seus 500 lotes[22] tiveram compradores diversos: desde as indústrias de Francesco Matarazzo a imigrantes recém-chegados ao Brasil. A industrialização empreendida no Brás, no início do século XX, rendeu ao bairro o apelido de "Terceira Cidade do Brasil".
A família, como relatado por Leofredo Bresser, se fixou onde era o antigo Cine Roxy, no Palacete dos Bresser[23], primeiramente. Depois, construíram outros prédios e casas para moradia até o Brás tornar-se uma região comercial. Com isso, mudaram-se da região, como explicado por Diva Bresser à revista Marie Claire:
"O bairro foi endereço de médicos e mansões. Por ali, mocinhas como dona Diva circulavam com jóias, luvas, chapéus e laçarotes na cabeça.[...] 'Nossa casa de esquina na rua Bresser, com cinco criados, vivia aberta.' [...] Veio o comércio, a degradação, as 'famílias boas' se mudaram. Dona Diva mora em Higienópolis, mas ainda vai rever amigas no Brás, no Carrão, e fazer compras na rua Oriente. [...]"[24]
Carlos Augusto Bresser faleceu aos 76 anos, viúvo, por problemas cardíacos. O colapso ocorreu a bordo do navio Duca de Genova retornando ao Brasil de uma das suas viagens à Europa, em busca de tratamento para seu filho, Carlos Augusto Bresser Júnior, que era paraplégico[25]. Fato contrário à nota publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo:
Por um radiogramma recebido hontem nesta capital, sabe-se ter fallecido a bordo do paquete italiano "Duca de Genova" em viagem ao Brasil, o sr. Carlos Augusto Bresser, estimado cavalheiro e capitalista aqui residente.
O finado fora à Europa em busca de melhoras para sua saúde e regressava agora ainda bastante enfermo.
Residia há longos annos no bairro do Braz e entretinha nessa capital as melhores relações de amizade adquiridas pela bondade de seu coração e pela affabilidade de seu temperamento.
O sr. Carlos Augusto Bresser [...] deixa diversos filhos, todos muito relacionados em São Paulo.[...] e será transportado a esta capital afim de ser inhumado no jazigo da família.
Acompanhado por seu filho Ismael Bresser, que era médico, Carlos Augusto foi embalsamado e colocado num piano de armário que era trazido pela família ao Brasil. Chegou primeiramente a Santos[26], sendo depois sepultado no Cemitério da Consolação, após missa na Igreja de São João Batista:
"A´s 10 horas, pelo revmo. conego Manuel Meirelles Freire, virtuoso vigario da parochia de S. João Baptista, foi celebrada missa de corpo presente, com "libera me", cantado.
O templo achava-se rigorosamente ornamentado para aquellas cerimonias, e numerosas foram as pessoas das relações da família enlutada, que se associaras àquellas demonstrações de pesar.
Durante as tocantes solemnidades o maestro que regeu a orchestra [...] executou marchas de Pucci e o solo 'Pie Haendel'.
O cortejo funebre sahiu da matriz de S. João Baptista ás 16 horas e 30, para o cemiterio da Consolação onde será inhumado em jazigo perpetuo da familia. [...]"[27]
No centro de Guarulhos, seu nome é registrado em rua. O que sucede também a seus filhos e noras: Gustavo, Leonor, Júlia, Izaura, Zulmira e Eugênia.
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