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desenho cuja finalidade é identificar indivíduos de um determinado grupo ou cargo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Brasão de armas ou, simplesmente, brasão, na tradição europeia medieval, é um desenho especificamente criado — obedecendo às leis da heráldica — com a finalidade de identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações. O desenho de um brasão é normalmente colocado num suporte em forma de escudo que representa a arma de defesa homónima usada pelos guerreiros medievais. No entanto, o desenho pode ser representado sobre outros suportes, como bandeiras, vestuário, elementos arquitetónicos, mobiliário, e objetos pessoais. Era comum, sobretudo nos séculos XIV e XV, os brasões serem pintados ou cosidos sobre as cotas de malha, o vestuário de proteção usado pelos homens de armas. Por isso, os brasões também são, ocasionalmente, designados por cotas de armas.
Em sentido restrito, o termo brasão refere-se apenas à descrição do desenho inserido no escudo de armas. No entanto, em sentido lato, pode designar-se por brasão a descrição do conjunto das armas, incluindo, além do escudo, os elementos exteriores (coronel, timbre, virol, paquifes, etc.). Por extensão, o termo brasão, passou a aplicar-se não só à descrição, mas, também ao próprio objecto descrito: o escudo ou o conjunto armorial completo.
Não se sabe, com rigor, quando é que esta prática teve início. O campo de estudo dos brasões denomina-se heráldica. Os brasões não eram fornecidos ao acaso para as pessoas. Tiveram as suas origens em actos de coragem e bravura efetuados por grandes cavaleiros. Era uma maneira de os homenagear e às suas famílias. Com o passar do tempo, como era um ícone de status, passou a ser conferido a famílias nobres no intuito de identificar o grau social delas, assim sendo, somente os heróis ou a nobreza possuíam tal ícone e o poderiam transmitir a seus descendentes.
A partir do século XIX, com a ascensão ao poder da burguesia e o declínio da aristocracia, o brasão foi perdendo a sua importância. No século XX o brasão renasceu, mas, desta vez, aplicado na simbologia de municípios, corporações, estados e outras entidades colectivas. De observar que, desde o século XIX, por tradição, muitas dessas entidades chamaram "brasões" aos seus emblemas distintivos. No entanto, trata-se de emblemas e não propriamente brasões, já que, apesar da denominação formal de "brasão", não obedecem às regras da heráldica.[carece de fontes] Atualmente é frequente o uso de brasões como símbolo de freguesias, município ou regiões, que têm sua bandeira, onde normalmente figura um Brasão. Associações, clubes (especialmente clubes de futebol), empresas e mesmo pessoas físicas continuam a usar brasões de armas como elemento gráfico de identificação.
Os brasões podem dividir-se em diferentes classes, segundo as entidades que representam.[1] A classificação básica, divide-os em duas classes:
Os brasões também podem ser classificados segundo a categoria da entidade que representam:
Além disso, os brasões ainda podem ser classificados segundo as suas características ou o seu historial:
Emblemas, insígnias, marcas ou distintivos de entidades não são brasões de armas quando não se enquadrarem nos critérios da heráldica.[1]
Os brasões também podem ser classificados ainda quanto:
Brasões ou armas têm como elemento fundamental o escudo, que contém o desenho fundamental do brasão.
Os restantes elementos são os chamados elementos exteriores, que incluem:
De observar que o único elemento obrigatório de um brasão de armas é o seu escudo. Independentemente de terem sido atribuídos elementos exteriores a um brasão, este pode ser representado apenas pelo seu escudo, ou até, pelo desenho incluído no escudo, colocado sobre outro tipo de suporte.
Por outro lado, em certas representações artísticas de um brasão de armas, podem-lhe ser acrescentados certos elementos exteriores que não lhe tenham sido, formalmente, atribuídos. É o caso, por exemplo, dos suportes e dos tenentes, colocados em certos brasões apenas como decoração.
Já outros elementos exteriores, só podem ser colocados na representação de um brasão, no caso de terem sido, formalmente atribuídos ao titular do mesmo. É o caso, por exemplo, das coroas e dos coronéis.
O escudo, ou seja, o suporte material básico do brasão de armas, foi sendo representado, conforme a época e o local, com diversos formatos, alguns deles bastantes fantásticos e rebuscados. Os principais são os seguintes:
Ao descrever-se a organização de um escudo, deve ter-se em conta que ele é descrito pelo ponto de vista do, suposto, portador do escudo. Assim, por convenção a direita (ou dextra) do escudo é a esquerda de quem o olha de frente. Igualmente a esquerda (ou sinistra) do escudo é a direita em relação ao observador frontal.
O escudo organiza-se em 9 zonas fundamentais, chamadas pontos:
Adicionalmente existem: Ponto de honra (H) e Umbigo (N).
Os pontos podem ainda agrupar-se, formando quatro partes: Chefe (por extensão) — agrupando os pontos 1, 2 e 3, Flanco direito (por extensão) — agrupando os pontos 1, 4 e 7, Flanco esquerdo (por extensão) — agrupando os pontos 3, 6 e 9 e Ponta (por extensão) — agrupando os pontos 7, 8 e 9.
O escudo pode ser subdividido em partições obtidas através de quatro traços principais, correspondentes aos golpes de espada que lhe podiam ser desferidos:
Repetindo a mesma ou combinando várias das partições, pode obter-se um sem número de subpartições, bem como peças de honra, obtidas a partir daquelas.
De acordo com a circular de 4 de Abril de 1930 da Direcção Geral da Administração Pública de Portugal, as comissões administrativas das câmaras municipais portuguesas foram obrigadas a normalizar os brasões segundo o parecer compulsório da secção de heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Tal regra preconiza que as freguesias urbanas ou povoações simples sejam representadas por uma coroa mural de três torres, as vilas, de quatro torres, e as cidades, de cinco torres, sendo coroa e torres de prata.
Dentre os 308 municípios portugueses, somente Lisboa, Caldas da Rainha e Horta fogem a esse padrão. Lisboa, por ser a capital do País, distingue-se dos demais municípios por possuir brasão com coroa e torres de ouro. Já Caldas da Rainha e Horta possuem brasões que sobreviveram à normalização de 1930. Caldas da Rainha mantém o brasão de sua fundadora, a Rainha D. Leonor, ladeado à esquerda pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e à direita pelo emblema de D. João II (o pelicano). Já Horta possui coroa ducal e, como timbre, um braço de prata armado duma espada do mesmo metal. Adicionalmente, os brasões dos municípios portugueses ainda devem ser compostos de escudo português e de listel com o nome do município (sendo que 16 municípios também acrescentam colar envolvendo o escudo, denotando agraciamento com a Ordem da Torre e Espada).
Ao contrário de Portugal, o Brasil não normalizou as regras heráldicas domiciliares. Além disso, com a Proclamação da República em 1889 e a Revolução de 1930, as autoridades brasileiras não mais adotam a classificação tradicional do antigo Império Português (que separava as aglomerações administrativas em freguesias, vilas e cidades), sendo todas as sedes de municípios brasileiros categorizadas então como cidades de acordo com o Decreto-Lei nº 311 de 2 de março de 1938. Assim, os brasões municipais foram adotados no Brasil com total liberdade de criação, apresentando variado conjunto heráldico. Alguns brasões retêm características puramente lusas como o escudo português e a coroa mural de quatro a oito torres (e importante observar que quando estamos observando a Coroa Mural o ângulo frontal impede que enxerguemos as torres escondidas, uma vez que se trata de uma figura em três dimensões... logo quando observamos uma coroa e esta visível 3 torres na verdade são 4 torres e por analogia ...4 torres são 6 torres e finalmente quando enxergamos 5 torres na realidade são 8 torres...Comendador Regino Barros), sendo que a quantidade de torres varia conforme o uso histórico (que pode ser atualizado). Contudo, a imensa maioria dos brasões municipais brasileiros poderia na verdade ser classificada como de luso-brasileiros, dado que além de apresentarem tais características heráldicas puramente portuguesas também são acrescidos de brasilianismos não presentes na heráldica portuguesa, tais como:
Por fim, há também brasões municipais brasileiros que buscaram elementos heráldicos longe da tradição heráldica portuguesa (ex: Itumbiara, Goiás[5]), e alguns que inclusive nem mesmo se enquadram dentro de quaisquer regras tradicionais de heráldica. Com uma maior disseminação da heráldica e da vexilologia no Brasil, recentemente há esforços pontuais,[6][7] para, partindo desta heráldica luso-brasileira, ou harmonizar os brasões municipais existentes ou criar brasões municipais ainda inexistentes. Listam-se a seguir alguns de tais exemplos de brasões:
O Artigo 13 da atual Constituição Brasileira faculta aos municípios brasileiros a adoção de símbolos próprios.
A heráldica socialista, apresentada nos emblemas oficiais dos Estados socialistas, notadamente dos integrantes da antiga União Soviética, tende a usar como tema principal em sua simbologia comunista as ferramentas e produtos da produção agrícola e industrial de base, em geral sobre fundo rubro. Os elementos gráficos mais comuns na heráldica socialista são: estrelas vermelhas ou amarelas/douradas; sóis-nascentes ou raios de sol; campos e feixes de cereais (trigo, arroz, milho, centeio, cevada); engrenagens; barragens hidrelétricas; torres de transmissão elétrica; ferramentas (foice, martelo, pá, enxada, facão, compasso, pincel); armas de fogo (em contraste com armas brancas da heráldica medieval).
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