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Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Denomina-se labirinto a forma de bordado tradicional praticada em certas áreas do Nordeste brasileiro, bem como, em menor monta, noutras regiões do Brasil.[1][2] As origens do bordado são incertas, havendo quem[quem?] o relacione às antigas técnicas rendeiras do norte europeu, trazidas ao Brasil durante a colonização neerlandesa do Nordeste, apontando, como indício, as similitudes entre o labirinto e bordados tradicionais belgas.[3] Outros,[quem?] no entanto, aduzem que esta renda seria oriunda da ação colonizatória portuguesa, sendo descendente direta do crivo lusitano, bordado outrora comum em várias regiões de Portugal.[4] Seja como for, parece ter havido uma certa influência indígena sobre o modo como técnica foi implantada no Brasil, notadamente pela possibilidade de substituição dos tecidos de linho, indispensáveis nas rendas europeias, pelos de algodão, aos quais se adiciona a goma de mandioca, para dar-lhes a rigidez característica daquele tecido.[4]
O labirinto distingue-se das outras formas de bordado pela complexidade de sua técnica, a qual demanda das artesãs um expressivo tempo para confecção de cada peça.[5] A finalização de cada renda exige de 7[6][7] a 10[5] etapas bem definidas, cada uma das quais requer sua própria técnica e artesãs capacitadas a exercê-la.[8] A primeira etapa consiste em riscar o tecido, definindo as áreas a serem desfiadas e as que serão preservadas, formando intricados padrões geométricos conhecidos por matame.[9] A etapa seguinte consiste em desfiar, isto é, remover fios alternados do tecido a fim de se chegar a uma tela na qual os bordados possam ser desenhados com linha e agulha.[10] A seguir, tem início a etapa de bordar, na qual a artesã, utilizando-se de uma armação circular conhecida como bastidor, linha e agulha, preenche as áreas desfiadas de motivos florais e formas geométricas.[10] Na etapa de torcer, as linhas desfiadas não preenchidas são enroladas à linha, com ajuda da agulha, de modo a dar mais destaque aos bordados confeccionados na etapa anterior.[11] Depois de torcido, o labirinto é perfilado, aplicando-se aos matames um contorno à linha.[7] Por fim, o tecido, imundo após longos meses de trabalho, é lavado e engomado, preso a uma armação de madeira conhecida como grade.[7] Regiões há em que adicionam-se à cadeia produtiva as etapas de paletar, casear e acabar, tornando o bordado mais delicado.[5]
Outrora parte importante da economia de diversas localidades do interior paraibano, bem como instrumento de independência financeira das mulheres dessas regiões, o labirinto tem passado por um longo período de decadência.[5] A complexidade de sua técnica, que demanda uma longa cadeia produtiva com várias rendeiras experientes, bem como o baixo valor relativo pago por cada peça, tem desestimulado a geração mais jovem a aprender esta forma de artesanato.[12] Seja como for, o labirinto é parte da identidade regional de certas cidades da Paraíba, o que lhe rendeu o título de patrimônio cultural imaterial do Estado, concedido pela Assembleia Legislativa em 2021.[1]
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