Bistahieversor (que significa "destruidor de Bistahi"), também conhecido como "Besta Bisti", é um gênero de dinossauro terópode eutiranossauro basal do Cretáceo Superior do Novo México. A espécie-tipo é denominada B. sealeyi e foi descrita em 2010 por Carr e Williamson.[1] O holótipo e um juvenil foram encontrados no Membro Hunter Wash da Formação Kirtland, enquanto outros espécimes vieram do membro subjacente da Floresta Fóssil da Formação Fruitland. Isso indica que Bistahieversor viveu aproximadamente 75,5 a 74,5 milhões de anos atrás durante a idade Campaniana, encontrado em sedimentos abrangendo um milhão de anos.[2]

Factos rápidos Classificação científica, Nome binomial ...
Bistahieversor
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
75,5–74,5 Ma
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Crânio e vértebra no Museu de História Natural e Ciência do Novo México
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Clado: Eutyrannosauria
Gênero: Bistahieversor
Carr & Williamson, 2010
Espécies:
B. sealeyi
Nome binomial
Bistahieversor sealeyi
Carr & Williamson, 2010
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Bistahieversor era um predador de constituição média em relação a seus parentes tiranossaurídeos, medindo entre oito a nove metros de comprimento e uma massa corporal por volta de três toneladas. Sua classificação dentro do grupo dos tiranossauróides é debatida. Alguns o posicionam dentro de Tyrannosaurinae enquanto outros, fora até de Tyrannosauridae.


Descoberta

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Crânio holótipo durante a preparação

Os primeiros restos agora atribuídos a Bistahieversor, um crânio parcial e esqueleto, foram descritos em 1990 como um espécime de Aublysodon.[3] Restos adicionais, consistindo de crânio incompleto e esqueleto de um juvenil, foram descritos em 1992.[4] Outro crânio completo e esqueleto parcial foram encontrados na área selvagem de Bisti/De-Na-Zin, no Novo México, em 1998,[5] conhecido coloquialmente como "Besta Bisti".[6]

Em um artigo de 2000, Thomas Carr e Thomas Williamson reexaminaram esses quatro espécimes e sugeriram que eles não pertenciam a Aublysodon, mas sim a uma ou mais novas espécies de Daspletosaurus.[7] No entanto, foi somente em 2010 que Carr e Williamson publicaram uma completa redescrição dos espécimes e descobriram que eles pertenciam a um novo gênero e espécie de tiranossauróide mais generalizado. Eles o chamaram de Bistahieversor sealeyi.[1] O nome Bistahieversor vem do Navajo Bistahí, ou "lugar das formações de adobe" em referência à Área Selvagem Bisti/De-Na-Zin onde foi encontrado. Eversor, a última parte do nome, significa "destruidor".[1]

Descrição

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Comparação de tamanho com um juvenil

Estima-se que o Bistahieversor adulto tenha cerca de nove metros de comprimento e pesa pelo menos uma tonelada. O focinho é profundo, indicando que a característica não é exclusiva de tiranossauróides mais derivados, como o Tyrannosaurus. Barreiras geográficas, como as recém-formadas Montanhas Rochosas, podem ter isolado o Bistahieversor mais ao sul dos tiranossaurídeos mais derivados do norte.[8] Em 2010, Gregory S. Paul estimou um comprimento de oito metros e uma massa corporal de 2,5 toneladas..[9] Em 2016, Molina-Pérez e Larramendi deram um comprimento de nove metros e um peso de 3,3 toneladas.[10]

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Representação do animal em vida

Bistahieversor difere de outros tiranossauros pela posse de 64 dentes, uma abertura extra acima do olho e uma quilha ao longo da mandíbula inferior, entre muitas outras características únicas. Acredita-se que a abertura acima do olho acomodava um saco de ar que teria aliviado o peso do crânio. Bistahieverso também tinha uma articulação complexa em sua "testa" que teria estabilizado o crânio para evitar o movimento na articulação.[11]

Classificação

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Espécime juvenil em parede
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Crânio holótipo exposto no Museu Smithsonian

A posição de Bistahieversor é um pouco incerta. Incialmente, foi alocado como um gênero de tiranossaurídeo derivado classificado na subfamília Tyrannosaurinae, sendo considerado mais derivado que Teratophoneus, mas mais basal que Lythronax.[12][13] Ele formaria o táxon irmão de um grupo que inclui Lythronax, Nanuqsaurus, Tyrannosaurus, Tarbosaurus e Zhuchengtyrannus.[14]

Abaixo está um cladograma ilustrando as relações de tiranossaurídeos, indicando a posição de Bistahieversor dentro de Tyrannosaurinae:[14]

Tyrannosauridae
Albertosaurinae

Albertosaurus

Gorgosaurus

Tyrannosaurinae

Daspletosaurus torosus

Daspletosaurus horneri

Teratophoneus

Bistahieversor

Lythronax

Nanuqsaurus

Tarbosaurus

Zhuchengtyrannus

Tyrannosaurus

Em 2020, a análise de Jared Voris e colegas discordou do alinhamento de Bistahieversor com os tiranossauríneos. O cladograma abaixo é baseado em uma análise filogenética conduzida por eles onde Bistahieversor foi recuperado como um membro basal de Eutyrannosauria junto com Dryptosaurus e Appalachiosaurus, ficando fora até mesmo da família Tyrannosauridae.[15]

Eutyrannosauria

Dryptosaurus aquilunguis

Appalachiosaurus montgomeriensis

Bistahieversor sealeyi

Tyrannosauridae 
Albertosaurinae

Gorgosaurus libratus

Albertosaurus sarcophagus

Tyrannosaurinae
Alioramini

Qianzhousaurus sinensis

Alioramus remotus

Alioramus altai

Teratophoneus curriei

Dynamoterror dynastes

Lythronax argestes

Nanuqsaurus hoglundi

Daspletosaurini

Thanatotheristes degrootorum

Daspletosaurus torosus

Daspletosaurus horneri

Zhuchengtyrannus magnus

Tarbosaurus bataar

Tyrannosaurus rex

Paleobiologia

Um estudo de 2020 sobre a morfologia endocraniana do Bistahieversor lançou alguma luz sobre seus comportamentos de caça. Seus grandes bulbos olfativos indicam um olfato muito aguçado, enquanto os canais semicirculares alongados implicavam maior agilidade e estabilização sofisticada do olhar enquanto a cabeça se movia. O Bistahieversor também possuía visão binocular, permitindo-lhe ver muito melhor do que os dinossauros predadores mais primitivos. O estudo observou que, embora o Bistahieversor tivesse pequenos lobos ópticos, isso não era um forte indicador de se esse dinossauro possuía ou não visão ruim.[16]

Paleoecologia

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Restauração do Bistahieversor caçando Pentaceratops

Bistahieversor teve seu material fóssil, tanto de juvenis quanto adultos, encontrado nas formações Kirtland e Fruitland do Novo México. A Formação Kirtland é datada do final do estágio Campaniano do Período Cretáceo Superior (74 a 70 milhões de anos atrás),[17] e também é a fonte de vários outros dinossauros, como Alamosaurus, uma espécie de Parasaurolophus, Kritosaurus, Pentaceratops, Nodocephalosaurus, e Saurornitholestes.[18] O membro da Fossil Forest de Fruitland tem 74,11 ± 0,62 milhões de anos, e o membro Hunter Wash de Kirtland tem entre 73,37 ± 0,18 e 73,04 ± 0,25 milhões de anos de idade. Os dois membros combinados compõem a fauna local de Hunter Wash.[19]

A Formação Kirtland é interpretada como planícies de inundação do rio que aparecem após um recuo do Mar Interior Ocidental. As coníferas eram as plantas dominantes, e os dinossauros com chifres casmossauríneos parecem ter sido mais comuns do que os hadrossaurídeos, permitindo um amplo território de caça para Bistahieversor e outros terópodes que disputavam seu nicho ecológico.[20] A presença de Parasaurolophus e Kritosaurus em sítios fósseis de latitude norte pode representar intercâmbio faunístico entre os biomas do norte e do sul, de outra forma distintos, no Cretáceo Superior da América do Norte.[21] Ambos os táxons são incomuns fora do bioma sul, onde, junto com os Pentaceratops, são membros predominantes da fauna.[21]

Referências

  1. Holtz, Thomas R. Jr. (2012) Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix.
  2. Lehman, Thomas M.; Carpenter, Kenneth (Novembro de 1990). «A partial skeleton of the tyrannosaurid dinosaur Aublysodon from the Upper Cretaceous of New Mexico». Journal of Paleontology. 64 (6): 1026–1032. JSTOR 1305741. doi:10.1017/S0022336000019843
  3. Archer, Brad; Babiarz, John P. (Julho de 1992). «Another tyrannosaurid dinosaur from the Cretaceous of northwest New Mexico». Journal of Paleontology. 66 (4): 690–691. doi:10.1017/S0022336000024598
  4. «New Species of Tyrannosaur Discovered in Southwestern U.S.». Newswise. 28 de janeiro de 2010. Consultado em 1 de fevereiro de 2010
  5. Carr, Thomas D.; Williamson, Thomas E. (2000). «A review of Tyrannosauridae (Dinosauria: Coelurosauria) from New Mexico». New Mexico Museum of Natural History and Science. Bulletin. 17: 113–145
  6. Rettner, Rachael (28 de janeiro de 2010). «New Tyrannosaur Species Discovered». LiveScience. Consultado em 1 de fevereiro de 2010
  7. Paul, Gregory S. (2010). The Princeton Field Guide to Dinosaurs (em inglês). Princeton, Nova Jersey: Princeton University Press. 103 páginas
  8. Molina-Pérez & Larramendi (2016). Récords y curiosidades de los dinosaurios Terópodos y otros dinosauromorfos. Barcelona, Spain: Larousse. 265 páginas
  9. Viegas, J. (28 de janeiro de 2010). «New Tyrannosaur Had More Teeth Than T. rex». Discovery News. Consultado em 1 de fevereiro de 2010
  10. Loewen, M.A.; Irmis, R.B.; Sertich, J.J.W.; Currie, P.J.; Sampson, S.D. (2013). Evans, D.C, ed. «Tyrant dinosaur evolution tracks the rise and fall of Late Cretaceous oceans». PLoS ONE (em inglês). 8 (11): e79420. Bibcode:2013PLoSO...879420L. PMC 3819173Acessível livremente. PMID 24223179. doi:10.1371/journal.pone.0079420
  11. Carr, T.D.; Williamson, T.E.; Britt, B.B.; Stadtman, K. (2011). «Evidence for high taxonomic and morphologic tyrannosauroid diversity in the Late Cretaceous (Late Campanian) of the American Southwest and a new short-skulled tyrannosaurid from the Kaiparowits formation of Utah». Naturwissenschaften (em inglês). 98 (3): 241–246. Bibcode:2011NW.....98..241C. PMID 21253683. doi:10.1007/s00114-011-0762-7
  12. Voris, Jared T.; Therrien, Francois; Zelenitzky, Darla K.; Brown, Caleb M. (2020). «A new tyrannosaurine (Theropoda:Tyrannosauridae) from the Campanian Foremost Formation of Alberta, Canada, provides insight into the evolution and biogeography of tyrannosaurids». Cretaceous Research. 110. 104388 páginas. doi:10.1016/j.cretres.2020.104388
  13. McKeown, Matthew; Brusatte, Stephen L.; Williamson, Thomas E.; Schwab, Julia A.; Carr, Thomas D.; Butler, Ian B.; Muir, Amy; Schroeder, Katlin; Espy, Michelle A.; Hunter, James F.; Losko, Adrian S. (2020). «Neurosensory and Sinus Evolution as Tyrannosauroid Dinosaurs Developed Giant Size: Insight from the Endocranial Anatomy of Bistahieversor sealeyi» (PDF). The Anatomical Record (em inglês). 303 (4): 1043–1059. ISSN 1932-8494. PMID 31967416. doi:10.1002/ar.24374. hdl:20.500.11820/8c657729-91df-4f7c-bca5-b9c469781768Acessível livremente
  14. Williamson, Thomas E. (2000). «Review of Hadrosauridae (Dinosauria, Ornithischia) from the San Juan Basin, New Mexico». In: Lucas, S.G.; Heckert A.B. Dinosaurs of New Mexico. Col: New Mexico Museum of Natural History and Science Bulletin, 17 (em inglês). Albuquerque, New Mexico: New Mexico Museum of Natural History and Science. pp. 191–213
  15. Weishampel, David B.; Barrett, Paul M.; Coria, Rodolfo A.; Le Loeuff, Jean; Xu Xing; Zhao Xijin; Sahni, Ashok; Gomani, Elizabeth, M.P.; and Noto, Christopher R. (2004). "Dinosaur Distribution". The Dinosauria (2nd). 517–606.
  16. Sullivan, R.M.; Lucas, S.G. (2006). «The Kirtlandian Land-Vertebrate "Age"-Faunal Composition, Temporal Position, and Biostratigraphic Correlation in the Nonmarine Upper Cretaceous of Western North America». In: Lucas, S.G.; Sullivan, R.M. Late Cretaceous vertebrates from the Western Interior (PDF) (em inglês). 35. [S.l.]: New Mexico Museum of Natural History and Science Bulletin. pp. 7–23. Cópia arquivada (PDF) em 5 de janeiro de 2009
  17. Russell, Dale A. (1989). An Odyssey in Time: Dinosaurs of North America (em inglês). Minocqua, Wisconsin: NorthWord Press, Inc. pp. 160–164. ISBN 978-1-55971-038-1
  18. Lehman, T. M., 2001, Late Cretaceous dinosaur provinciality: In: Mesozoic Vertebrate Life, edited by Tanke, D. H., and Carpenter, K., Indiana University Press, pp. 310-328.

Ligações externas

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