Batalha de Tippecanoe

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Batalha de Tippecanoe

A Batalha de Tippecanoe foi um conflito armado de 1811 entre os Estados Unidos da América, representados pelas forças do governador de Indiana William Henry Harrison, e os nativos americanos, representados pelas forças da confederação de Tecumseh. A batalha tomou parte nos arredores do Prophetstown, próximo a atual Battle Ground, Indiana. E fez parte do evento algumas vezes referido como Guerra de Tecumseh, que continuaria na Guerra de 1812. A batalha foi um evento político importante e uma vitória emblemática para os exércitos americanos.

Factos rápidos Guerra de Tecumseh/Guerra de 1812, Beligerantes ...
Batalha de Tippecanoe
Guerra de Tecumseh/Guerra de 1812
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Descrição da batalha por Alonzo Chappel (século XIX)
Data 7 de novembro de 1811
Local próximo a atual Battle Ground, Indiana
Desfecho Vitória do exército americano
Beligerantes
Confederação de Tecumseh Estados Unidos da América
Comandantes
Tenskwatawa William Henry Harrison
Forças
550-700 1000 regulares e milicia
Baixas
50+ mortos
70+ feridos
37 mortos em ação
25 mortos por ferimentos
126 feridos[1]
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Circunstâncias

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Em 1800, William Henry Harrison se tornou governador do recém-formado Território de Indiana. Harrison incentivou a colonização branca do território e negociou numerosos tratados de cessões de terra com os índios, culminando com o Tratado do Forte Wayne em 30 de setembro de 1809, no qual Tartaruga Pequena e outros líderes tribais venderam 12 000 km² para os Estados Unidos.

Tecumseh não aceitou o Tratado e suas ações o transformaram num proeminente líder político nativo. Tecumseh trouxe de volta ao debate as ideias dos antigos líderes, como o Shawnee Casaco Azul e o Mohawk Joseph Brant, que defendiam que somente os líderes da totalidade das tribos poderiam autorizar a venda das terras. Sem estar ainda pronto para o confronto direto com os Estados Unidos, Tecumseh preferiu fustigar os antigos líderes que assinaram o tratado e ameaçou de morte todos eles. Tecumseh começou a viajar e insuflar os guerreiros para abandonar os chefes "acomodados" e se juntarem à resistência nativa que ele estava organizando em Prophetstown. Tecumseh insistia que o Tratado de Forte Wayne era ilegítimo e queria que Harrison anulasse o documento e avisou aos colonos que não vendessem as terras do tratado.

Em agosto de 1811, Tecumseh se encontrou com Harrison em Vincennes, Indiana e lhe assegurara que queria a paz com os Estados Unidos. Tecumseh então viajou para o sul tentando recrutar aliados junto à chamada "Cinco tribos civilizadas." A maior parte das tribos do sudeste rejeitou os apelos, mas uma facção do povo Creek, conhecida como Red Sticks, atendeu ao chamado às armas e promoveu a Guerra Creek, outro evento da Guerra de 1812.

Harrison deixou o território e foi rapidamente a negócios em Kentucky após o encontro com Tecumseh, deixando o secretário John Gibson no governo. Gibson, que vivera entre os índios por muitos anos, rapidamente se inteirou dos planos de Tecumseh e imediatamente reuniu a milícia do estado e enviou cartas urgentes pedindo o retorno de Harrison. Em meados de setembro a maior parte dos regimentos da milícia estavam compostos. Harrison havia retornado e tomara o comando. Harrison entrou em contato com seus superiores em Washington D.C. e foi autorizado a marchar contra os nativos como uma ação intimidatória, na esperança de manter a paz.

Harrison montou a milícia próximo do Riacho Maria. A eles se juntaram 60 homens conhecidos como Casacos Amarelos, vindos de Corydon, Indiana. Totalizando cerca de mil homens, eles marcharam para a "capital" dos índios, Prophetstown, próxima da atual Lafayette, Indiana.[2] A força era constituída de 250 soldados do exército regular da 4ª Infantaria, 100 voluntários do Kentucky e cerca de 600 milicianos de Indiana. O exército parou em Terre Haute, Indiana em 3 de outubro e esperou por mais suprimentos e construiu o Forte Harrison. Algumas patrulhas foram emboscadas em 10 de outubro e sofreram várias baixas, interrompendo a linha de suprimentos americana. Em 19 de outubro as rações foram cortadas e assim permaneceu até 28 de outubro quando novos suprimentos chegaram pelo Rio Wabash vindos de Vincennes.[3]

Batalha

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Um mapa mostrando o local da batalha

Quando as forças de Harrison se aproximaram de Prophetstown na tarde de 6 de novembro, um jovem índio chamado Marvin Reed chegou aos cavaleiros acenando uma bandeira branca. Ele trazia uma mensagem do irmão de Tecumseh, Tenskwatawa, (também conhecido como "O Profeta") solicitando o cessar fogo até o dia seguinte quando os dois lados se reuniriam numa conferência de paz. Harrison concordou mas enviou suas tropas às colinas, mantendo sentinelas durante toda a noite.[4] Do lado este do Riacho Burnett, uma missão exploratória também acampou na colina. Do lado direito, afastado, os Casacos Amarelos ficaram a postos sob o comando do capitão Spier Spencer. O resto das tropas formou um perímetro retangular.

Não se sabe ao certo como a batalha começou mas os sentinelas de Harrison avistaram guerreiros avançados no amanhecer de 7 de novembro. Por volta das 4:30 horas, os soldados perceberam que estavam cercados pelas forças do profeta. Com os sentinelas de volta ao campo, os voluntários rapidamente se reagruparam e com a ajuda de duas companhias da reserva eles repeliram o avanço dos índios sobre o perímetro. A segunda carga veio de ambos os flancos. Metade das baixas dos americanos ocorreram no flanco direito, incluindo o capitão Spencer e cinco homens de sua companhia, além de mais sete homens reunidos. Durante toda a manhã as tropas de Harrison enfrentaram várias cargas dos oponentes. Quando os índios começaram a recuar e acabou sua munição, foi que os americanos perceberam que a força do Profeta era pequena. Os índios enfim se retiraram.[5] Harrison havia perdido 62 homens, na luta ou mortalmente feridos, e cerca de 126 ficaram com sérios ferimentos. Os Casacos Amarelos sofreram a maior parte das baixas, 30% de seu grupo foram mortos. O número de baixas dos índios é controverso, ma certamente equivaleu a dos americanos. Historiadores estimam em 50 mortos e 70 ou 80 feridos.[5][6][7]

Temendo o iminente retorno de Tecumseh com reforços, Harrison ordenou a seus homens que fortificassem as posições. No dia seguinte, 8 de novembro, ele enviou um pequeno grupo para inspecionar a cidade. E a encontraram deserta, pois os habitantes fugiram durante a noite. Harrison ordenou a seus soldados que queimassem Prophetstown e destruíssem os estoques de alimentos dos índios, deixando-os em situação difícil durante o inverno. Os mortos do exército foram enterrados ali mesmo. Depois que as tropas deixaram a área, os índios retornaram e profanaram as sepulturas[5]

Consequências

No dia seguinte à batalha, os feridos foram colocados em carroções e enviados de volta ao Forte Harrison. Os milicianos voltaram para suas casas e o exército regular continuou na área.[8] A Batalha de Tippecanoe foi um grande golpe nos sonhos de Tecumseh e da confederação. Tecumseh continuou a se destacar em operações militares na fronteira e em 1812 ele já contava com uma grande força. Essas tropas de Tecumseh compuseram a metade do exército britânico que tomaria Detroit dos americanos na Guerra de 1812. Até que o grande líder morreu em 1813 na Batalha de Thames e os confederados pararam de ameaçar a expansão americana. Quando William Henry Harrison concorreu para presidente dos Estados Unidos da América nas eleições de 1840, ele usou o slogan "Tippecanoe and Tyler Too", referindo-se a seu heroísmo durante a batalha.

Notas e referências

  1. Tunnell, IV, H.D. (1998). To Compel with Armed Force: A Staff Ride Handbook for the Battle of Tippecanoe. Fort Leavenworth, KS: Combat Studies Institute, U.S. Army Command and General Staff College. pp. 134, Table IV
  2. Funk, p. 27
  3. Funk, p. 28
  4. Funk, p. 29
  5. Funk, p. 30
  6. Sugden, pp. 235-236
  7. Edmunds, p. 115
  8. Funk, p. 31

Pesquisas

Ligações externas

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