Batalha de Châlons (274)
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A Batalha de Châlons, chamada também de Batalha dos Campos Cataláunicos, foi travada em fevereiro ou março de 274 entre o imperador Aureliano (r. 270–275) do Império Romano e seu rival, o imperador Tétrico I (r. 271–274) da Gália na região da atual Châlons-en-Champagne. Esta batalha, uma vitória romana, marcou o fim da independência do Império das Gálias e sua reanexação ao Império Romano depois de 13 anos de secessão.[1]
Batalha de Châlons | |||
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Crise do terceiro século | |||
Império das Gálias em 271 | |||
Data | Fevereiro ou março de 274 | ||
Local | Campos Cataláunicos (Châlons, França) | ||
Coordenadas | |||
Desfecho | Vitória romana | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Localização de Châlons na atual França |
O Império das Gálias foi fundado na Crise do Terceiro Século (235–284), no qual o Império Romano foi sacudido por golpes de Estado quase constante, com 26 imperadores diferentes reinando num período de 49 anos. Não se sabe seu nome, e Império das Gálias é a forma como convencionalmente é chamado na literatura atual. Compunha as províncias da Britânia, Hispânia e Gália e seccionou no tempo do imperador Galiano (r. 253–268). Galiano ascende após seu pai, Valeriano (r. 253–260), ser pego pelos persas em 260. Ele estava sobrecarregado por vários problemas, sobretudo usurpadores e ataques bárbaros nos Bálcãs e através do Reno — inclusive um ataque dos francos que chegou tão longe quanto Tarraco (atual Tarragona) na Hispânia. Por Galiano ser incapaz de evitá-los, Póstumo, um comandante militar da fronteira do Reno, ergueu-se em revolta e declarou-se imperador (r. 260–269); à época assassinou Salonino (r. 258–260), filho e coimperador de Galiano, em Colônia Agripina (atual Colônia).[2] Ele se focou em defender o Império das Gálias e, nas palavras do historiador romano Eutrópio: "restaurou as quase exaustas províncias através de enorme vigor e moderação".[3]
Galiano tentou invadi-lo duas vezes, mas foi repelido em ambas, forçando-o a aceitar a secessão; embora incapaz de tomá-lo, garantiu que o Império Romano estava defendido e colocou o comandante Auréolo no norte da Itália para evitar que Póstumo cruzasse os Alpes.[3] Póstumo fez nenhuma tentativa de marchar a Roma e destroná-lo, mas ficou na Gália repelindo ataques das tribos germânicas.[4] Póstumo foi morto por seus soldados em 269 em Mogoncíaco (atual Mogúncia) enquanto debelava a revolta do usurpador Leliano (r. 269), pois se recusou a deixá-los saquear a cidade. Após sua morte, elegeram o oficial Marco Aurélio Mário (r. 269). Enquanto algumas fontes mantém que governou por apenas 2 dias antes de ser morto por Vitorino, que serviu como prefeito pretoriano (comandante da guarda pretoriana) sob Póstumo, a quantidade de moedas de Mário indicam que deve ter servido por mais tempo, ao menos 3 meses. Vitorino declarou-se imperador em meados de 269 em Augusta dos Tréveros (atual Tréveris), 2 dias após matar Mário.[3][5][6] O reinado de Vitorino foi reconhecido pelas províncias da Britânia e Gália, mas não pelas da Hispânia.[7]
No início de 271, Vitorino foi assassinado na cidade de Colônia por Aticiano, um oficial do exército, alegadamente por seduzir a esposa de Aticiano.[8][9] Pela motivação passional do assassinato, sua mãe Vitória, pôde reter poder dentro do império e usou-o para nomear Tétrico I (r. 271–274) ao assegurar o apoio do exército por suborno. O exército proclamou-o na primavera daquele ano em Burdígala (atual Bordéus), na Aquitânia, embora não estivesse presente fisicamente.[10][11] Em sua ascensão, todas as províncias galas — exceto a Narbonense, parcialmente retomada por Júlio Placidiano sob Cláudio II (r. 268–270) — e a Britânia reconhecem-o, mas a Bética, Lusitânia e Tarraconense, na Hispânia, e a cidade de Argentorato (atual Estrasburgo) aceitaram Aureliano (r. 270–275), proclamado imperador em setembro de 270 em Sírmio, na Panônia. Enquanto Aureliano estava focado em suas tentativas de derrotar o Império de Palmira sob Zenóbia, Tétrico conseguiu reganhar controle da Gália Narbonense e as porções sudoeste da Gália Aquitânia.[10]
No início de 274, Aureliano marchou ao norte da Gália, ao mesmo tempo em que Tétrico liderou suas tropas ao sul de Augusta dos Tréveros para confrontá-lo. Os exércitos se encontraram em fevereiro ou março em Châlons.[12] A luta foi tida como imensamente sangrenta, de modo que por gerações foi referida como a "catástrofe cataláunica", chamada assim em honra aos vizinhos Campos Cataláunicos.[13] O exército de Tétrico foi totalmente derrotado e ele rendeu-se logo após sua derrota ou depois, com a data mais tardia possível sendo março, quando as moedas galas mudaram a efígie imperial de Tétrico e seu filho Tétrico II (r. 273–274) pela de Aureliano. Fontes antigas como Aurélio Victor, Eutrópio, a História Augusta e Paulo Orósio relatam que Tétrico havia feito um acordo com Aureliano, oferecendo a rendição em troca de uma derrota honorável e sem punição, citando Virgílio: "me resgate invicto desses problemas" (eripe me his invicte malis). Pensa-se, contudo, que o relato foi produto da propaganda imperial romana;[14][15] Aureliano, que estava tentando estabilizar um frágil império, beneficiou-o do rumor que ele planejava trair seu exército, pois suas tropas estariam menos propensas a revoltas.[10]
Com sua rendição, o Império das Gálias foi reincorporado no Império Romano e Aureliano fez um triunfo em Roma,[14][15] envolvendo carroças, 20 elefantes, 200 feras (tigres, girafas, alces, etc.), 800 gladiadores e cativos de várias tribos bárbaras.[16] Os chefes dos dois Estados secessionistas, Tétrico e Zenóbia, foram paradeados nesse triunfo, junto de Tétrico II.[15] Tétrico e seu filho não foram colocados em correntes em sua marcha, mas usaram bragas (calças gaulesas).[17] Aureliano perdoou-os e fez Tétrico um senador e corretor (governador de província menor) da Lucânia e Brúcio, uma província no sul da Itália[18][14][19] ou de toda a Itália; a História Augusta afirma que foi feito corretor da Lucânia (corrector Lucaniae) na biografia de Tétrico, mas afirma que foi feito corretor da Itália (corrector totius Italiae) na biografia de Aureliano.[20] Morreu de causas naturais anos depois como cidadão privado.[21]
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