Atheris é um género de víboras venenosas conhecidas como víboras-das-árvores. Podem ser encontradas apenas na África subsariana (excluindo a África Austral)[1] e muitas espécies apresentam distribuições geográficas isoladas e fragmentadas devido a estarem restringidas às florestas húmidas.[2] São um exemplo de evolução convergente, tendo muitas semelhanças com as víboras-de-fossetas da Ásia e América do Sul.[3] São reconhecidas 17 espécies e nenhuma subespécie.
Descrição
São de tamanho relativamente pequeno, com os adultos a atingirem um comprimento total que vai dos 40 cm de A. katangensis até ao máximo de 78 cm de A. squamigera.[3]
Todas as espécies têm cabeça achatada de forma triangular distinta do pescoço. O canthus rostralis é também distinto e o focinho é achatado. A coroa está coberta por pequenas escamas imbricadas ou lisas, nenhuma das quais de maior tamanho. Os olhos são relativamente grandes com pupilas elípticas. Os olhos estão separados das supralabiais por 1 a 3 filas de escamas e das nasais por 2 a 3 escamas.[2]
O corpo é esguio, as escamas dorsais são sobrepostas e fortemente enquilhadas com fossas apicais. Lateralmente estas são menores que as mesodorsais. A meio-corpo existem 14 a 36 filas de escamas dorsais. Apresentam de 133 a 175 escamas ventrais arredondadas. As escamas subcaudais são solitárias e são de 38 a 67.[3][2] A cauda é fortemente preênsil e pode suportar o peso do corpo quando suspendido desde um ramo.[4]
Os membros deste género apresentam uma grande variedade de cores e padrões, frequentemente entre indivíduos de uma mesma espécie. A. ceratophora e A. squamigera são particularmenre variáveis.
Distribuição geográfica
Podem ser encontradas na África subsariana tropical, excluindo a África Austral.[1]
Algumas espécies têm apenas populações isoladas, sobrevivendo em pequenas secções de floresta húmida antiga. Está claro que alguma vez tiveram uma distribuição muito mais ampla, mas actualmente estão em declínio.[3]
Habitat
Habitam regiões de floresta húmida, sobretudo em áreas remotas longe da actividade humana.[3]
Estado de conservação
Algumas espécies estão ameaçadas pela destruição do seu habitat.[3]
Comportamento
Todas as espécies são estrictamente arborícolas, embora possam por vezes ser encontradas próximo do ou no solo.
Dieta
É conhecido o facto de as espécies de Atheris serem predadores de vários pequenos anfíbios, lagarto, roedores, aves e até mesmo de outras serpentes.[2] Algumas espécies ou populações podem estar especializadas em alimentar-se de rãs, mas a maioria tem sido descrita como caçadores oportunistas.Tipicamente, as presas são emboscadas desde uma posição pendurada, detidas até que sucumbem ao veneno e logo engolidas.
Reprodução
Todas as espécies de Atheris são ovovivíparas.[4] O acasalamento ocorre entre outubro e novembro e as fêmeas dão à luz juvenis vivos em março e abril.
Veneno
Não se conhece muito sobre o seu veneno excepto que é fortemente hemotóxico, provocando dor, inchaço e problemas de coagulação sanguínea.[3] Até recentemente, o seu veneno era muitas vezes considerado menos tóxico que os de outras espécies, talvez porque as mordeduras são pouco comuns,[2] mas tal não se comprovou. Conhecem-se actualmente vários relatos de mordeduras que conduziram a hemorragias severas.[5][6][7] Um caso foi fatal.[2] Não existe anti-veneno específico para Atheris[3] e os anti-venenos usados para tratar mordeduras de outras espécies parecem produzir pouco efeito, embora tenha sido relatado que o anti-veneno para Echis pode ser de utilidade no caso de mordedura de A. squamigera.[2]
Espécies
Espécie[8] | Autoridade[8] | Subesp.*[8] | Nome vulgar | Distribuição geográfica[8] |
---|---|---|---|---|
A. acuminata | Broadley, 1998 | 0 | Oeste do Uganda. | |
A. anisolepis | Mocquard, 1887 | 0 | África Central ocidental: Gabão, República do Congo, R. D. Congo, norte de Angola. | |
A. barbouri | Loveridge, 1930 | 0 | Montes Udzungwa e Ukinga, Tanzânia. | |
A. broadleyi | Lawson, 1999 | 0 | Nigéria, Camarões, República Centro-Africana, República do Congo. | |
A. ceratophora | F. Werner, 1895 | 0 | Montes Usambara e Uzungwe na Tanzânia. | |
A. chlorechisT | (Pel, 1851) | 0 | África Ocidental incluindo Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, populações isoladas na Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial e Gabão. | |
A. desaixi | Ashe, 1968 | 0 | Duas populações isoladas no Quénia: nos bosques de Chuka, sudeste do Monte Quénia, e Igembe no norte das montas Nyambeni. | |
A. hetfieldi[9] | Ceriaco & Marques, 2020[9] | 0 | No sopé de um vulcão na ilha de Bioko, na Guiné-Equatorial.[9] | |
A. hirsuta | Ernst & Rödel, 2002 | 0 | Sudoeste da Costa do Marfim | |
A. hispida | Laurent, 1955 | 0 | África Central: R.D. Congo, sudoeste do Uganda, oeste do Quénia. | |
A. katangensis | de Witte, 1953 | 0 | Restringida ao Parque Nacional de Upemba, no leste da R. D. Congo. | |
A. mabuensis | Branch & Bayliss, 2009[10] | 0 | Monte Mabu e Monte Namuli, norte de Moçambique | |
A. matildae | Menegon, Davenport & Howell, 2011 | 0 | Sudoeste da Tanzania | |
A. nitschei | Tornier, 1902 | 1 | África Central desde o leste da R.D: Congo, Uganda e oeste da Tanzânia para sul até ao norte do Malawi e norte da Zâmbia | |
A. rungweensis | Bogert, 1940 | 0 | Sudoeste da Tanzânia, nordeste da Zâmbia, norte do Malawi. | |
A. squamigera | (Hallowell, 1856) | 0 | Víbora-das-árvores | África Central e Ocidental: Costa do Marfim e Gana, para leste atravessando o sul da Nigéria até aos Camarões, sul da República Centro-Africana, Gabão, Congo, R.D. Congo, norte de Angola, Uganda, Tanzânia, oeste do Quénia e ilha de Bioko. |
A. subocularis | Fischer, 1888 | 0 | Camarões | |
*) Não inclui espécies nominativa.
T) espécie-tipo.
Ver também
Referências
Leitura adicional
Ligações externas
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