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pintor brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Arthur José Nísio (Curitiba, 15 de maio de 1906 — 26 de abril de 1974), foi um pintor e ilustrador[1] brasileiro.
Um dos principais expoentes da pintura no Paraná, ele nutria um grande fascínio e vínculo profundo pela cultura local, que servia de inspiração para suas criações. É reconhecido como um dos quatro artistas representativos da fase modernista paranaense, junto a Theodoro De Bona, Guido Viaro e Miguel Bakun.[2]
Arthur Nísio, filho primogênito de Júlio Reginato Nísio e Inês Reimann, nasceu em Curitiba em 1906. Sua história familiar está profundamente conectada ao Paraná, já que seus avós, imigrantes italianos e alemães, chegaram ao Brasil para trabalhar na construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá, um marco no desenvolvimento do estado. Essa rica herança multicultural, combinada com o retorno da família a Curitiba após um breve período em Porto Alegre, onde viveram entre 1918 e 1923, marcou o início da jornada artística de Nísio.[3]
Aos 17 anos, com recursos de uma bolsa de estudos, retornou a Porto Alegre para cursar o Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul.[4] A bolsa foi concedida pelo diretor da escola na época, Professor Libindo Ferrás.
Em 1924, retornou a Curitiba e tornou-se aluno do ateliê de Lange de Morretes. Entre 1925 e 1927, frequentou, também, o ateliê de João Turin, como aluno de escultura e modelagem.[5]
No período de 1º a 16 de maio de 1928, realizou sua primeira exposição individual, montada na Rua XV de Novembro. A ela compareceram o então governador, Dr. Afonso Camargo e sua esposa, que se encantaram com as obras e adquiriram dois quadros. Devido ao sucesso da exposição, obteve dos governos estadual e municipal, subvenção para seu aperfeiçoamento nas artes na Europa. Embarcou em 3 de junho deste mesmo ano com destino à Alemanha.[6]
Naquele país, frequentou curso especial de desenho de animais com Max Bergmann. Aceito pela Academia de Belas Artes de Munique, teve aulas com o mestre Angelo Jank, especialista em pintura de animais, em nível superior.
Em 1931, ainda como aluno, expôs sua arte no Grande Salão Anual da Alemanha (Glaspalast). Finda a subvenção, continuou estudando por conta própria por mais sete anos, na escola do Professor Max Bergmann, especializando-se em animais em composição. Estudou, ainda, figuras, nus, paisagens e natureza morta.
No ano de 1934, no estado da Renânia-Palatinado, estudou sobre o tema (figuras dentro da paisagem) com os Professores Haueisen e Eugen Osswald.
Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, enfrentou momentos sombrios na Alemanha. Nísio chegou a ser interpelado pela Gestapo, sendo obrigado a enviar cinco obras para análise, com posterior autorização para continuar seu trabalho.
Durante os anos de 1938 e 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, expôs, em conjunto com outros artistas, em vários salões, inclusive no de Baden-Baden, de renome internacional.[7]
Casou-se em 5 de outubro de 1940 com Katharina Nísio e, estimulado pela esposa, compôs excelentes trabalhos, que foram todos perdidos quando se viu obrigado a sair de Munique às pressas, em virtude dos intensos bombardeios. Em 1942, nasceu a única filha do pintor, Gudrun. Em 1943, foi obrigado a abandonar a arte e convocado a trabalhar na lavoura.
Em 12 de dezembro de 1944, o artista abandonou tudo rapidamente para salvar sua esposa e filha, indo para o sul, em Haimhausen, perto de Munique, onde permanece até o fim da guerra. Nesta movimentação, perdeu todo o patrimônio amealhado em 18 anos de permanência na Europa.
Em seguida, conseguiu transferir-se com a família para a França, onde viveu por quase um ano num campo de refugiados , em Bonne Lá Roland, que seriam transferidos para a América do Sul. Em Paris, vendeu seu sobretudo para comprar tintas e pincéis, onde pintou de tudo, em cima de lençóis de linha pura doados pela amiga Donna Maria Hertel, natureza morta, nus e até mesmo desenho de moda. Chegou a receber oferta para trabalhar com desenho de joias, mas recusou. Seu único desejo era voltar ao Brasil.
O tão sonhado retorno se deu em 1946. Embora sem as conquistas materiais, dispunha de um talento inato. Auxiliado pelos pais, irmãos e amigos, manteve-se no campo das artes plásticas.
Participou da fundação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Em 1964, foi nomeado professor da cadeira de Modelagem. Assumiu também o lugar de Guido Viaro, que se aposentara, na cadeira de Desenho de Modelo Vivo, onde lecionou por um bom tempo.
Doente, passou seus últimos meses de vida no hospital. Nem por isso deixou de lado seu trabalho. Em local adaptado no apartamento em que estava internado, exercia sua arte, até duas semanas antes de sua morte. Em 26 de abril de 1974, poupado do longo sofrimento que sua doença traria, foi levado por um acidente vascular cerebral.
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