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Arginina
composto químico Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Arginina (ácido 2-amino-5-guanidino-pentanoico) é um aminoácido polar básico. Sua estrutura é (H2N)(HN)CN(H)(CH2)3CH(NH2)CO2H, possuindo seis átomos de carbono, quatro átomos de nitrogênio, dois átomos de oxigênio e catorze átomos de hidrogênio.[3]
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Principal carreadora de nitrogênio em humanos e animais, a arginina faz parte da síntese de moléculas importantes[4] como agmatina, creatina, ornitina, óxido nítrico, poliaminas, prolina, dentre outras. Na estrutura do mRNA, os códons que codificam a arginina durante a síntese de proteínas são: CGU, CGC, CGA, CGG, AGA, e AGG.[5] A Arginina é classificada como semi-essencial ou condicionalmente essencial em seres humanos, pois pode ser sintetizada endogenamente numa quantidade suficiente para atender as necessidades, não sendo necessária na dieta de adultos saudáveis.[6]
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História
A arginina foi isolada pela primeira vez em 1886 a partir de mudas de tremoço amarelo pelo químico alemão Ernst Schulze e seu assistente Ernst Steiger.[7][8] Ele a nomeou a partir do grego árgyros (ἄργυρος), que significa "prata", devido à aparência branco-prateada dos cristais de nitrato de arginina. Em 1897, Schulze e Ernst Winterstein (1865–1949) determinaram a estrutura da arginina.[9] Schulze e Winterstein sintetizaram a arginina a partir da ornitina e da cianamida em 1899,[10] mas algumas dúvidas sobre a estrutura da arginina persistiram[11] até a síntese de Sørensen em 1910.[12]
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Síntese
Proteínas ingeridas sofrem degradação até arginina,[13] podendo ser diretamente absorvidas para utilização no ciclo da ureia, ou transformada em ornitina no intestino e, com a glutamina secretada como glutamato, convertida em citrulina. A citrulina é transportada até os rins, onde vira substrato da neossíntese da arginina. A citrulina também pode ser convertida diretamente em L-arginina no citoplasma dos macrófagos e das células endoteliais.[carece de fontes]
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Função
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Perspectiva
A arginina desempenha um papel importante na divisão celular, na cicatrização de feridas, na remoção de amônia do corpo, na função imunológica[14] e na liberação de hormônios.[15][16][17] É um precursor para a síntese de óxido nítrico (NO),[18] tornando-se importante na regulação da pressão arterial.[19][20] A arginina é necessária para o funcionamento das células T no corpo e pode levar à sua desregulação se esgotada.[21][22]
Proteínas
A cadeia lateral da arginina é anfipática, pois em pH fisiológico contém um grupo guanidínio carregado positivamente, altamente polar, na extremidade de uma cadeia hidrocarbonada alifática hidrofóbica. Como as proteínas globulares possuem interiores hidrofóbicos e superfícies hidrofílicas,[23] a arginina é tipicamente encontrada na parte externa da proteína, onde o grupo principal hidrofílico pode interagir com o ambiente polar, por exemplo, participando de ligações de hidrogênio e pontes salinas.[24] Por esse motivo, é frequentemente encontrada na interface entre duas proteínas.[25] A parte alifática da cadeia lateral às vezes permanece abaixo da superfície da proteína.[24]
Resíduos de arginina em proteínas podem ser desmineralizados por enzimas PAD para formar citrulina, em um processo de modificação pós-traducional denominado citrulinação. Isso é importante no desenvolvimento fetal, faz parte do processo imunológico normal, bem como do controle da expressão gênica, mas também é significativo em doenças autoimunes.[26] Outra modificação pós-traducional da arginina envolve a metilação por proteínas metiltransferases.[27]
Estudos
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Perspectiva
Efeitos no organismo
Apesar do extenso uso do aminoácido em exercícios, os efeitos da suplementação são limitados. Os dados de que os suplementos de L-arginina aumentam a massa muscular não são claros. Estudos concluem que a suplementação com aminoácidos específicos, incluindo arginina, não aumentam a massa muscular mais do que se exercitar sozinho. Outros artigos não mostram efeitos sobre a força muscular.[28][29]
Uma pesquisa mostrou que suplementar L-arginina pode estimular aumento do hormônio do crescimento. Entretanto, esse aumento é menor do que exercícios sem suplementação alguma.[30]
Eficácia
Os estudos também demonstraram que a arginina é eficaz para:[31]
- Aumentar o fluxo sanguíneo
- Combater angina
- Aumentar o desempenho esportivo (mas sem diferença nas métricas corporais)[32]
- Disfunção erétil
- Diminuir pressão alta
- Enterocolite necrotizante
- Doença arterial periférica
- Redução da pressão sistólica e diastólica (em adultos hipertensos)[33]
- Pré-eclâmpsia
- Hipertensão na gravidez
Mas comprovaram que é ineficaz para:[31]
- Aumento de massa muscular[29]
- Cicatrização de feridas
- Doença renal crônica
- Colesterol alto
- Tuberculose
- Ataque cardíaco
E ainda há dados insuficientes da eficácia para:[31]
- Asma
- Câncer de mama ou cabeça e pescoço
- Melhora do sistema imune
- Diabetes
- Infecção das vias aéreas
- Prevenção de resfriados
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Fontes
Produção
Tradicionalmente, é obtida pela hidrólise de diversas fontes baratas de proteína, como a gelatina.[34] Comercialmente, é obtida por fermentação. Dessa forma, podem ser produzidos de 25 a 35 g/litro, utilizando glicose como fonte de carbono.[35]
Fontes alimentares
Leite, iogurte, bacon, presunto, gelatina, frango, lagosta, atum, camarão, salmão, amendoim, noz, avelã, castanha, aveia, granola, gérmen de trigo, semente de girassol, entre outras.[36][37][38]
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Problemas associados
Quantidades elevadas de arginina no organismo podem causar doenças ósseas e doenças de pele. Podem causar também náuseas e diarreias aquosas. A arginina pode alterar os níveis de açúcar no sangue, aumentar o risco de hemorragia e pode causar níveis anormalmente elevados de potássio no sangue. A arginina também pode agravar distúrbios mentais em esquizofrênicos e pode provocar resistência à insulina.[39] A l-arginina também pode acelerar a replicação viral.[40]
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Arginina e o óxido nítrico
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Perspectiva
A arginina é vital para a produção de óxido nítrico, porém pesquisas mostraram que a disponibilidade de arginina não é limitante para a formação de NO, pois a quantidade de arginina disponível normalmente no organismo excede muito a quantidade necessária para que a síntese de óxido nítrico aconteça. Enquanto alguns estudos revelam que a suplementação de arginina não promove aumento na produção de óxido nítrico, outros mostram que houve sim um aumento, sem haver uma resposta definitiva.[carece de fontes]
O óxido nítrico (NO) é um radical livre sintetizado a partir do aminoácido L-arginina, através de uma via biosintética chamada via L-arginina/óxido nítrico. Essa via metabólica é catalisada por um grupo de enzimas conhecidas por óxido nítrico sintetase (NOS). [41] As NOS são dependentes de O2, NADPH, flavinas e biopterinas para exercer sua atividade.[carece de fontes]
A l-arginina é transformada em NG-hidroxy-L-arginina na presença de NADPH e Ca2+, necessitando de oxigênio e mais NADPH para formar L-citrulina e NO.[13]
Entre as funções do óxido nítrico, está a capacidade de vasodilatação no músculo esquelético, aumentando o fluxo de sangue e nutrientes para o músculo, favorecendo a síntese de proteínas. O óxido nítrico também é um importante neurotransmissor e estimula a resposta imunológica, auxiliando na destruição de micro-organismos, parasitas e células tumorais.[carece de fontes]
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Notas
Referências
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