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Apocalipse 1 é o primeiro capítulo do Livro do Apocalipse (também chamado de "Apocalipse de João") no Novo Testamento da Bíblia cristã.[1][2] O livro todo é tradicionalmente atribuído a João de Patmos, uma figura geralmente identificada como sendo o apóstolo João.[3]
Apocalipse 1 | |
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Trecho de Apocalipse 1 no Papiro 18. | |
Livro | Apocalipse |
Categoria | Apocalíptico |
Parte da Bíblia | Novo Testamento |
Precedido por: | Apocalipse (introdução) |
Sucedido por: | Apocalipse 2 |
O texto original está escrito em grego koiné e contém 20 versículos. Alguns dos mais antigos manuscritos contendo porções deste capítulo são:
Este capítulo pode ser dividido em 3 seções distintas:
O trecho entre os versículos 9 e o fim do capítulo 1 do Apocalipse é conhecido como Visões de João do Filho do Homem. Nele, João tem uma visão de Jesus Cristo ressuscitado, ascendido ao Céu e glorificado, a quem ele chama de "Filho do Homem" (Apocalipse 1:13). Jesus aparece nesta visão vestindo uma roupa comprida com um cinto de ouro, com cabelos brancos e olhos "em chama", pés de latão (ou bronze) e uma voz "como que de muitas águas". Ele segura sete estrelas na mão direita e de sua boca saía uma espada de dois gumes.
João de Patmos, geralmente identificado como sendo o apóstolo João, estava exilado na ilha grega de Patmos,[4] provavelmente na época do imperador romano Domiciano.[5] Segundo ele próprio, no Dia do Senhor ele foi "arrebatado" pelo Espírito Santo e ouviu uma voz "como de uma trombeta" (Apocalipse 1:10. Quando ele se virou, teve a visão do Filho do Homem. Em Apocalipse 17:18, a figura se auto-identifica como "o primeiro e o último" (Alfa e Ômega), e o "que vivo; fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos", uma referência à Ressurreição de Jesus.
Parte do linguajar utilizado em Apocalipse 1 também aparece em Apocalipse 19: para descrever o cavaleiro do cavalo branco. Em ambos os trechos, Jesus aparece com uma espada saindo da boca (Apocalipse 1:16 e 19:15) e "olhos como chama de fogo" (1:14 e 19:12).
O Filho do Homem nesta passagem aparece entre sete candeeiros que representam as sete igrejas da Ásia (Apocalipse 1:20). Apocalipse 2 e Apocalipse 3 relatam cartas escritas às sete igrejas por João relatando o que lhe fora revelado pelo Filho do Homem (em Apocalipse 1:11, ele diz "o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia"). Nestes trechos, o Filho do Homem é identificado sempre em relação a esta visão de João, como "aquele que tem a afiada espada de dois gumes" em Apocalipse 2:12.
William Hendriksen sugere que toda a visão "é simbólica de Cristo, o Sagrado, vindo para expurgar suas igrejas" e para "punir os que estão perseguindo seus eleitos".[6] A veste comprida e o cinto dourado, segundo David Chilton, são uma referência à veste oficial do sumo-sacerdote israelita.[7] O cabelo branco é compartilhado pelo Antigo de Dias de Daniel 7 (Daniel 7:9)[8]
"Wisdom and the dignity of age"[8] e o os olhos de fogo seriam capazes de "ler todos os corações e penetrar os cantos mais escondidos".[6] Os pés de latão (ou bronze) representariam "força e estabilidade"[9] para "pisotear os inimigos".[10] A voz como "de muitas águas" seria uma referência "ao poder impressionante de uma grande catarata".[9]
As sete estrelas na mão direita foram interpretadas por Chilton como sendo as Plêiades[7] e representariam a "suprema autoridade política".[7] Kistemaker interpreta a mão direita como uma fonte de poder e de proteção[11] enquanto que Murphy enxerga um simbolismo astrológico: "as estrelas podem ser entendidas como senhoras do destino humano, mas Jesus é quem controla as estrelas".[12] Os dois gumes da espada significam o poder de salvar e de destruir[7] e a face como a do sol é entendida como uma referência ao Cristo transfigurado.[10]
Uma imagem semelhante à de Jesus segurando as sete estrelas na mão direita pode ser encontrada nas moedas do imperador romano Domiciano, que perdeu um filho ainda criança em algum momento entre 77 e 81.[13] Ele foi depois deificado e passou a ser representado nas moedas romanas com sete estrelas. Embora o filho de Domiciano não apareça "segurando" as estrelas, alguns estudiosos traçaram paralelos entre estas duas imagens. Ernest Janzen defende que o globo sobre o qual o menino-deus aparece representa o domínio e poderio mundial romano enquanto que as estrelas seriam uma referência à sua natureza divina. Ele seria o "filho de (um) deus" e "conquistador do mundo".[14] Austin Farrer, por outro lado, interpreta a imagem como sendo os sete planetas clássicos e interpreta a visão como representando o comando de Jesus sobre o tempo.[15] Frederick Murphy afirma que a imagem de Jesus no Apocalipse com sete estrelas em sua mão possa ser uma alusão à da moeda e uma crítica implícita a ela. Não é a família imperial que tem importância cósmica, mas Jesus".[12]
O próprio João conta, em Apocalipse 1:20, que as sete estrelas são os anjos das sete igrejas da Ásia. Ao comentar esse versículo, C.I. Scofield afirma: "A explicação natural dos 'mensageiros' [anjos] é que eles eram homens enviados pelas sete igrejas para saber notícias do já idoso apóstolo ... mas eles representam qualquer figura que portem mensagens de Deus para uma igreja".[16] No Novo Testamento, a palavra grega para "anjos" ("aggelos") é utilizada não apenas para referenciar anjos celestiais, mas também mensageiros humanos, como é o caso de João Batista (Mateus 11:10, Marcos 1:2, Lucas 7:27). Merrill Unger acredita que as estrelas representem estes mensageiros humanos.[17]
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