Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O agronegócio no Brasil, também conhecido abreviadamente como "agro", refere-se a um conjunto integrado de atividades econômicas agropecuárias e todos os serviços, técnicas e equipamentos a ela relacionados, direta ou indiretamente, envolvendo a produção e distribuição de suprimentos e insumos, produção direta nas unidades agrícolas, processamento, acondicionamento, armazenamento e distribuição dos produtos agrícolas e outros produzidos a partir deles, e operações comerciais e financeiras. Estão incluídas no conceito a agricultura, a pecuária, o reflorestamento e a aquacultura.[1]
É considerado o principal setor da economia brasileira, tendo representado, em 2019, 21,4% do PIB do país, segundo o Sistema CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), que ainda explica que "o Brasil será o grande fornecedor de alimentos do futuro".[2]
Ao mesmo tempo, o agronegócio é responsável por graves problemas ambientais e sociais, e, enquanto o país é um dos maiores produtores de grãos e carne do mundo,[3] criou-se o paradoxo de em anos recentes o Brasil ter voltado ao mapa da fome, com mais da metade da população experimentando algum grau de insegurança alimentar em 2021.[4]
Em 2019, "43% das exportações brasileiras, em 2019, foram de produtos do agronegócio", relata a CNA, que ainda adiciona que o país é "o maior exportador de açúcar, café, suco de laranja, soja em grãos e carnes bovina e de frango; o terceiro maior de milho, e o quarto de carne suína. É também o maior produtor mundial de café e suco de laranja; o segundo na produção de açúcar, soja em grãos e de carnes bovina e de frango; e o terceiro na produção mundial de milho".
Segundo a CNA, o país é o quarto maior exportador mundial de produtos agropecuários, atrás apenas da União Europeia, EUA e China.
De acordo com a CNA, "a soja (grãos) é o carro-chefe da produção agropecuária brasileira, responsável por aproximadamente R$1,00 de cada R$4,00 da produção do setor no Brasil".
O faturamento dos 5 produtos mais vendidos pelo Brasil em 2020, segundo a Confederação, foi:
2020 | |
---|---|
Produto | Faturamento (R$) |
Soja | 175,6 bilhões |
Carne bovina | 139,7 |
Milho | 90,7 |
Leite | 50,8 |
Cana de açúcar | 47,4 |
Em 2019, os cinco maiores importadores de produtos do agronegócio brasileiro foram: [5]
2019 | |
---|---|
País | Valor das importações (R$) |
China | 31 bilhões |
Estados Unidos | 7,1 bilhões |
Países Baixos | |
Japão | 3,3 bi |
Irã |
Representeou 21,4% do PIB brasileiro (20,5 segundo o Cepea), sendo que a a soma de bens e serviços gerados chegou a R$ 1,55 trilhão, das quais a agricultura gerou 68% desse valor (R$ 1,06 trilhão) e a pecuária, 32% (R$ 494,8 bilhões).[6][7]
O PIB do agronegócio brasileiro alcançou participação de 26,6% no PIB brasileiro, relata o Cepea, ainda adicionando que "o PIB do agronegócio brasileiro subiu com força ao longo de 2020 e acumulou avanço recorde de 24,31% no ano".[7]
Conforme o CNA, citando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 2015, 32,3% (30,5 milhões) do total de 94,4 milhões de trabalhadores brasileiros estavam ocupados com atividades, diretas ou não, do agronegócio.
Segundo a revista Forbes, as cinco maiores empresas do agro brasileiros são a JBS (receita de R$ 204,5 bilhões), Raízen Energia (120 bi); Cosan (73 bi), Ambev (52 bi) e Marfrig Global Foods (48 bi).[8]
O agronegócio é a principal origem do desmatamento verificado recentemente.[9][10][11] Cerca de 85% do desmatamento registrado no país nas últimas décadas ocorreu para abrir espaço para pastagens.[12] Dados do MapBiomas indicam que em 1985 14 milhões de hectares já haviam sido desmatados devido à pecuária, e em 2017 a área perdida havia passado para 53 milhões de hectares.[13]
Entre as consequências do desmatamento estão redução das chuvas (afetando o próprio agronegócio) e da oferta de serviços ambientais, perda de biodiversidade e aumento da emissão de gases do efeito estufa causadores do aquecimento global.[10][14][11] Pecuária e agricultura também emitem grande quantidade de gases diretamente.[14][11] Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, mais de 70% das emissões brasileiras provêm da agropecuária e do desmatamento. A agropecuária sozinha, mesmo excluindo o desmatamento, ainda emite mais do que toda a indústria e transporte somados.[14] O Brasil em 2021 era o quarto maior emissor mundial de gases estufa.[15]
O setor também provoca importante degradação, compactação, erosão e impermeabilização dos solos;[16][17] poluição das águas e solo pelo uso indiscriminado de agrotóxicos nas plantações e liberação de efluentes tóxicos nos rios, com repercussões negativas sobre a saúde das pessoas e a biodiversidade.[17][18][19][20][21] Desde 2008 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo.[21][22]
O agro tem desencadeado ainda disputas fundiárias, invasões de terras indígenas e áreas protegidas, violações de direitos humanos, conflitos violentos no campo, concentração de renda, êxodo rural e desigualdade.[10][19][23][20][24][25][26][27] Esses custos sociais e ambientais usualmente são externalizados e desconsiderados nas projeções econômicas.[19][28][29] Ao mesmo tempo, representantes do governo, políticos e ruralistas promovem um forte discurso pseudocientífico e negacionista para minimizar ou dissimular os impactos negativos do agronegócio.[30][31][32][33][34] A bancada ruralista tem grande representação no Congresso e sistematicamente vota para enfraquecer a legislação ambiental, indigenista, fundiária e trabalhista.[35][36][37][38][39] Nas palavras de Márcio Santilli, fundador do Instituto Socioambiental,
Enquanto que o Brasil se tornava um dos maiores produtores mundiais de grãos, carne,[3][41][42] e alimentos em geral,[43] nos anos recentes políticas públicas de proteção ao ambiente e segurança alimentar têm sido desmanteladas,[11][44] e os índices internos de fome bateram recordes.[42] Em 2021 mais de metade da população brasileira experimentava algum grau de insegurança alimentar, e mais de 19 milhões de pessoas passava fome.[4][45]
O agronegócio brasileiro possui uma presença ampla, influente e controversa no Paraguai, especialmente nos territórios que fazem fronteira com os estados do Mato Grosso do Sul e Paraná. Os latinfundiários brasileiros alteraram profundamente o panorama da agricultura e da distribuição de terras no país. Nos departamentos de Canindeyú e Alto Paraná, brasileiros são donos de 60,1% e 55,2% das terras, respectivamente. No país como um todo, a proporção de terras sob propriedade de brasileiro é de 14,2%.[46] Foram responsáveis pela introdução da soja na década de 1970, e da soja geneticamente modificada na década de 1990, da qual controlam, segundo estimativas, 80% da produção.[47] Além de outras commodities típicas do agronegócio brasileiro, como o milho, o trigo e os produtos da pecuária.[48] Essa população brasileira no Paraguai divide-se geralmente em dois grupos - os brasiguaios, que habitam o país e são, na maior parte, donos de pequenas propriedades; e os empresários brasileiros, que vivem no Brasil e acumulam terras no país vizinho como extensão do agronegócio no centro-oeste e sul.[49]
Historicamente, essa influência remonta ao período de incentivo à instalação de latifundiários brasileiros durante a aproximação entre as ditaduras militares do Brasil e do Paraguai, quando foram iniciadas várias empreitadas extrativistas e de colonização agrária, fonte de diversos conflitos por terra com os camponeses e indígenas da região.[50]
Para alguns pesquisadores, o avanço do agronegócio sobre o Paraguai é expressão do subimperialismo brasileiro na América do Sul, na linha da análise elaborada pelo sociólogo Ruy Mauro Marini já em 1977.[47]Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.