Willem Bonger
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Willem Adriaan Bonger (Amsterdã, 6 de setembro de 1876 - 15 de maio de 1940), criminólogo e sociólogo holandês, foi um dos principais responsáveis pelo reconhecimento da relação entre a criminalidade e as condições econômicas dos indivíduos. Por meio de seu trabalho, a criminologia se destacou como ciência autônoma, tornando-se mais evidente sua inter-relação com a sociologia segundo uma abordagem científica, com repercussões tanto em seu país de origem como na Europa e nos Estados Unidos[1].
Willem Bonger | |
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Nome completo | Willem Adriaan Bonger |
Nascimento | 6 de setembro de 1876 Amsterdã, Holanda |
Morte | 15 de maio de 1940 (63 anos) Amsterdã, Holanda |
Nacionalidade | neerlandês |
Ocupação | criminólogo, sociólogo |
Bonger trouxe para o âmbito da criminologia a perspectiva do conflito, a partir do pensamento marxista[2]. No início do século XX, o exame das causas do crime envolvia a noção de que o comportamento delituoso tinha raízes no livre arbítrio ou em outras causas interiores ao indivíduo, consoante o paradigma da criminologia etiológica individual. Bonger propôs uma abordagem diferente, ao concluir, a partir da análise de estudos sociológicos e de dados empíricos, que a criminalidade era causada por fatores sociais, especificamente as condições econômicas e seus efeitos nos indivíduos[3]. Foi um ferrenho crítico da criminologia de Cesare Lombroso e Enrico Ferri[4]. Afirmou que a hipótese do atavismo, embora engenhosa, era equivocada[5].
Bonger enfatizou que as condições socioeconômicas eram determinantes para a prática de crimes, e não as características genéticas ou raciais, rechaçando a teoria de matriz positivista que negava ou subestimava os fatores sociais do delito[2]. O pressuposto de que o capitalismo gera egoísmo e irresponsabilidade social é a base para uma explicação ambiental da criminalidade[6].
Sua ideia central é a de que o modo de produção capitalista tem uma influência deletéria na sociedade, podendo fomentar o comportamento criminoso e fazê-lo florescer. A sociedade capitalista empurraria os homens para a delinquência, seja pelas carências econômicas, seja pela ruptura de sentimentos humanitários e de solidariedade - o espírito competitivo leva os homens a ver seus iguais como inimigos[7]. Muitos estudiosos veem Bonger como o primeiro criminólogo marxista e como o precursor da criminologia crítica[3].
Seu pensamento influenciou vários autores americanos e ingleses, que passaram a analisar a importância das condições econômicas e as relações entre crime e capitalismo, seja para ratificar a centralidade destas determinações, seja para formularem objeções a elas. Particularmente, neste último caso, psicólogos e psiquiatras argumentavam - e ainda hoje argumentam - que fatores psicológicos e patológicos também devem ser levados em conta (podendo até mesmo ser mais importantes) no estudo das determinações da conduta delituosa[8].