Agente patogênico humano altamente contagioso Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O vírus do sarampo é um vírus com invólucro de ARN de cadeia simples e polaridade negativa. Este vírus pertence à família Paramyxoviridae e ao género Morbillivirus. O vírus do sarampo é agente patogénico humano altamente contagioso responsável por mais 130,000 mortes por ano[1].
Vírus do Sarampo | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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O vírus do sarampo, apesar de ser considerado principalmente um patogénico respiratório, causa uma doença sistémica. Para além de febre, tosse, coriza, fatiga, etc., o vírus provoca uma prolongada imunodepressão que pode permanecer durante vários meses.[2][3]
As primeiras células a serem infectadas são células do sistema imunitário que patrulham os alvéolos pulmonares, a saber, células dendríticas e macrófagos. [4] Após serem infectadas, estas células migram para os gânglios linfáticos próximos dos pulmões, onde outras células, como linfócitos T e B, são infectadas. Vírus libertados para o sangue pelas células previamente infectadas afectam outros órgãos, como o baço, a queratinócitos da pele, epitélio pulmonar e o sistema nervoso central.
O genoma do vírus do sarampo é composto por uma única molécula de ARN, linear de cadeia simples e polaridade negativa. Contém cerca de 16,000 nucleótidos codifica oito proteínas: seis proteínas estruturais e duas não-estruturais.[5]
As proteínas estruturais são: N ou nucleoproteína; P ou fosfoproteína; M ou proteína da matrix; H ou hemaglutinina; F ou proteina de fusão e L ou ARN-polimerase dependente de ARN. As proteínas C e V (não-estruturais) são traduzidas alternavimente do gene de P.
Como o vírus do sarampo faz parte da família Paramyxorividae, o seu genoma apresenta característica particular desta família denominada Regra de Seis. Esta característica prende-se com o facto de que o número total de nucleótidos nos genomas de várias estirpes de sarampo, e de outros paramyxovírus, é sempre um múltiplo de 6. [6] Durante a replicação do vírus, a nucleoproteína mantém-se assosciada à molécula de ARN, e presume-se que cada molécula de N associa-se a 6 nucleótidos de ARN. Desta forma, genomas que tenham um número diferente de um múltiplo de 6 têm uma replicação menos eficiente.[7]
O vírus do sarampo é pleomórfico, isto é, não assume uma forma constante como os viriões do vírus da imunodeficiencia humana (que são esféricos), ou do vírus da gripe, que assumem formas filamentosas ou esféricas.[8] Os viriões têm tamanho variável de 300nm até 1μm. [9] Em geral, o vírus é composto por invólucro lipídico que envolve a uma complexo riboproteíco no qual participam as proteins N, P, L e M e o genoma do vírus. As proteínas de superfície, isto é, as proteínas que se apresentam no invólucro do vírus, são H e F. Estas duas proteínas existem em grande número à superfície do vírus cobrindo o invólucro - é por esta razão que estas duas proteínas são altamente imunogénicas. H existem numa conformação de dímero-de-dímeros, isto é, quatro moléculas de H, associam-se entre si de forma simétrica para formar um tetramero. F, no entanto, apresenta-se como um trímero, ou seja, é composto por três moléculas de F. No invólucro viral, H e F estão também associadas e interagem entre si, formando um comlexo de sete moléculas: 4 Hs e 3 Fs. No interior do virião, o ARN genómico está sempre associado à proteína N. Vários monómeros de N associam-se ao ARN e entre si formando uma longa hélice. Em certas regiões, existem complexos de P e L associadas a esta longa hélice. Envolvendo o complexo ribonucleoprotéico (ARN + N + P + L) está a proteína M numa hélice de sentido oposto.[10]
Existem três receptores celulares conhecidos responsáveis pela invasão do vírus do sarampo. O receptor CD150 (ou SLAM, em inglês, signalling lymphocyte activation molecule) está presente nas células T e B, células dendríticas e outras células do sistema imunitário [11]. Outro receptor é uma molécula chamada de nectina-4, também conhecida como Poliovirus receptor-related protein 4, e está presente na membrana basal das células epiteliais.[12]. Estes dois receptores celulares são usados por estirpes naturais do vírus e estirpes atenuadas que são usadas na formação da vacina. Um outro receptor é usado apenas pelas estirpes atenuadas, CD46. [13] Quando o vírus entre em contacto com uma célula susceptível, isto é, que apresenta um dos receptores descritos anteriormente, a proteína H interage com a superfície da membrana citoplasmática da célula e associa-se com um destes receptores. Essencialmente, a proteína H é constituída por quatro domínios: um domínio globular que interage com os receptores proteícos; um domínio de caule que interage com a proteína F; um domínio transmembranar e um domínio intravirião (ou citoplasmático). [14] Após a interação do domínio globular de H com um ou vários dos receptors, H sofre uma modificação conformacional que se manifesta na interacção entre o caule de H e a proteína F. Neste intante, a proteína F é activada, expondo um péptido altamente hidrofóbico que penetra a membrana citoplasmática. O resultado desta interação leva a que o invólucro viral e a membrana citoplasmática se fundam e o conteúdo do interior do virião é libertado para o citoplasma. [15][16]
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