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menor elemento linguístico que pode ser proferido de forma isolada, com conteúdo semântico ou pragmático Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Na língua portuguesa, uma palavra (do latim parábola, que por sua vez deriva do grego translit. parabolé) pode ser definida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. A função da palavra é representar partes do pensamento humano, e por isto ela constitui uma unidade da linguagem humana.[1][2]
Apesar da definição supra, não existe uma designação técnica suficientemente precisa para "palavra", já que nem sempre é possível delimitá-la: por exemplo, pode haver "palavras dentro de palavras", como em beija-flor.[3] Ainda, a intuição pode não ser recurso suficiente para tal delimitação, já que nem sempre a ideia (o aspecto semântico) coincidirá com a escrita (o aspecto gráfico): é o caso, por exemplo, de "de repente" e "depressa".[4]
Quando nos, referimos à palavra enquanto um conjunto de letras, ela é parte da linguagem escrita ou gráfica. Quando nos referimos à palavra enquanto um conjunto de sons, ela é parte da linguagem falada ou glótica. Em ambos os casos, este é o denominado aspecto externo ou representação material da palavra, e a este aspecto externo, material, damos o nome de vocábulo.[5]
Quando nos referimos à palavra enquanto índice da ideia que ela representa (ou seja: quando falamos do sentido por trás da palavra escrita ou falada), estamos nos referindo ao aspecto interno ou representação imaterial da palavra, e a este aspecto interno, imaterial, damos o nome de termo.[5]
É por isto que o correto é "explicar bem um termo", não "explicar bem um vocábulo". Do mesmo modo, o correto é "pronunciar bem um vocábulo", não "pronunciar bem um termo".
As palavras podem ser combinadas para criar frases.
Uma palavra também pode ser definida como sendo um conjunto de morfemas. Contudo, embora na língua escrita a demonstração deste conceito seja relativamente simples (e em muitos sistemas de escrita as palavras sejam delimitadas por espaços entre si), há idiomas que não usam divisores de palavras. É o caso do sânscrito.
Além disto, em antigos manuscritos latinos (e japoneses em que o uso do kanji era frequente) o uso de delimitadores de palavra era optativo.
Nas línguas flexivas, uma única palavra (por exemplo: cansado) pode assumir diferentes formas:
Neste caso, as formas que variam em gênero, número e grau não são consideradas palavras diferentes, mas formas distintas de uma mesma palavra. Em idioma que têm flexão de gênero, número, etc., considera-se a mesma "palavra" todas as formas que pertencem à mesma classe (por exemplo, o adjetivo cansado), ainda que morfemas modifiquem seus referentes. Dessa forma, tem-se que as palavras podem ser invariáveis, se são sempre empregadas da mesma forma (cada, alguém), ou variáveis, se podem se apresentar de maneiras diferentes de acordo com sua especificação morfossintática (o, a, os, as, leia, leem).[4] As invariáveis se apresentam sempre da mesma forma como constam em um dicionário. Na língua portuguesa, preposições, conjunções e advérbios são sempre invariáveis;[4] enquanto Artigos, pronomes e verbos são sempre variáveis[4] e, dentre os adjetivos e substantivos, estes quase sempre são variáveis, apesar de existir alguns invariáveis (por exemplo: simples, tórax, bônus).[6]
Nas línguas aglutinantes, as palavras podem possuir um grande número de morfemas, equivalendo ao que em outros idiomas seriam frases complexas. Por exemplo, nas línguas iúpiques, angyaghllangyugtuq significa "ele quer comprar um barco grande". Estas palavras enormes continuam a ser palavras únicas, pois elas contêm apenas um lexema ("morfema lexical" ou "entrada de dicionário"): os demais morfemas são partículas gramaticais que perdem significado, quando avulsas.
Nas línguas analíticas, uma palavra quase sempre consiste de um único morfema. Entretanto, alguns conceitos são expressos pela combinação de sílabas ou grafemas em uma única composição.
Na linguagem oral (ou falada, ou glótica), distinguir palavras individuais é ainda mais complexo: palavras curtas são pronunciadas de uma só vez, enquanto palavras mais longas requerem vários ciclos de respiração. O francês falado possui algumas das características de uma língua aglutinante: je ne le sais pas (que significa "eu não sei disto") foneticamente torna-se ʒənələsepa.
Como parte dos idiomas falados não possui escrita, é crucial saber determinar cientificamente os limites de cada palavra.
Há cinco formas de determinar onde, na linguagem oral, as palavras começam e terminam:
Na prática, os linguistas aplicam uma combinação de todos os métodos listados acima com o intuito de delimitar o que vem a ser uma "palavra". E, mesmo com a cuidadosa aplicação desses referidos métodos, ainda não foi possível estabelecer um conceito geral, válido em todas as línguas, para definir "palavra".
Conforme Bechara, uma interjeição a rigor nem é uma pura palavra, mas uma "palavra-oração", pois sozinha pode significar um conteúdo de pensamento da linguagem emocional.[7]
A palavra é composta de um núcleo semântico que é sua base mórfica ou raiz. Além dela, os demais elementos são periféricos. A palavra pode ser composta apenas pela raiz, como em mar, feliz, ou possuir também morfemas periféricos, como em marinho, infeliz.[6]
Há quatro tipos de morfemas gramaticais:[6]
Dessa forma, classifica-se como palavra primitiva aquela cuja formação não teve origem a partir de outro radical (ex.: pedra, flor, casa, livro, papel).[8] Estas palavras em um processo derivacional podem dar origem a novas palavras (ex.: pedraria, florescer, caseiro, livraria, papelaria).[8]
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