Urzelina
freguesia do município de Velas, Açores, Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
freguesia do município de Velas, Açores, Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Urzelina é uma freguesia portuguesa do município de Velas, com 13,67 km² de área[1] e 896 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 65,5 hab./km².
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Freguesia | ||||
Vista parcial da costa da Urzelina | ||||
Gentílico | Urzelinense | |||
Localização | ||||
Localização no município de Velas | ||||
Localização de Urzelina nos Açores | ||||
Coordenadas | 38° 39′ 05″ N, 28° 08′ 11″ O | |||
Região | Açores | |||
Município | Velas | |||
Código | 450205 | |||
Administração | ||||
Tipo | Junta de freguesia | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 13,67 km² | |||
População total (2021) | 896 hab. | |||
Densidade | 65,5 hab./km² | |||
Outras informações | ||||
Orago | São Mateus |
Tem o nome alternativo de São Mateus, o seu orago. A freguesia deriva o seu nome da abundância de urzela nas rochas do seu litoral, sendo um dos locais de onde mais se exportava aquele líquene tintureiro.
Um dos acontecimentos mais marcantes para a história da Urzelina aconteceu no dia 1 de Maio de 1808 a quando de uma erupção vulcânica de grandes dimensões que destruiu grande parte da povoação e causou o medo e o pânico entre as suas gentes, este acontecimento que ficou conhecida pelo Vulcão da Urzelina, casou grandes estragos por toda a ilha e provocou grande fome entre as populações.[3]
Da igreja que na altura a localidade possuía, aos nossos dias só chegou a torre da mesma, encastrada na rocha basáltica do mistério então formado, todo o resto do edifício ficou soterrado pelos materiais vulcânicos. O actual templo paroquial foi construído em 1822. A torre da antiga igreja paroquial ainda se encontra visível.
A actual freguesia da Urzelina foi lugar da freguesia das Manadas que foi elevado a paróquia por volta de 1647, localiza-se a 10 km da vila das Velas e a 6 km do Aeródromo de São Jorge. É uma freguesia bastante antiga dado que foi fundada em no século XV, data da chegada dos primeiros povoadores ao local.
Situa-se na costa voltada ao sul, oferecendo uma vista sobre a Ilha do Pico a 15 km de distância e da Ilha do Faial logo a seguir.
Foi edificada junto à costa, em terreno baixo, mesmo no sopé das montanhas centrais da ilha de São Jorge, encontra-se repleta de verde desde a orla costeira até ao cimo das serras.
É possuidora de pomares de laranja, famosos vinhedos e de um dos melhores portos de São Jorge.
Como referido o nome Urzelina é de origem botânica e no início da sua fundação chamava-se Urzelinha. Este nome, derivado da planta tintureira Urzela, planta que no passado foi muito exportada para a Flandres e para Inglaterra.
A planta em questão de nome cientifico Roccella tinctoria DC., foi muito utilizada na tinturaria pois desta planta extrai-se uma azul-violácea, que conforme a concentração permitia fazer vários tons. A maior parte das urzelas crescem nas rochas da beira-mar, havendo no entanto urzelas terrestres e de montanha.
Corria o ano de 1647, foi tomada a decisão de construir um porto nesta localidade, importante estrutura para a época que teve por função servir grande parte da ilha de São Jorge, até porque foi uma das primeiras estruturas portuárias a ser construída na ilha.
Esta freguesia apresenta um património construído bastante diferenciado entre si. Destacar-se entre ele, a Casa dos Maios, que é uma construção setecentista, com interesse histórico e arquitectónico. O solar do maestro Francisco de Lacerda.
O património etnográfico da freguesia, bastante variado, encontra-se conservado no Centro de Exposição Rural, fundado por Vital Marcelino e instalado no Armazém da Laranja. Este património é composto por uma mostra de trajes e utensílios da lavoura da ilha e encontra-se aí de forma permanente.
Segundo uma referência de Manuel Viegas Guerreiro: "levanta-se um homem para o trabalho e aí estão todos os instrumentos do labor diário" que se apresenta em seus vários passos. Perto, o arcaico carro de bois, de eixo móvel, chiadeiro, cantador, para carregar a alfaia agrícola, o arado, a grade, a increpa, entre muitos outros.
E logo a velha atafona, a puxar por besta, para moer o cereal colhido. E o fabrico do pão com todas as voltas por que passa a farinha até em pão se cozer. E todas as fases da matança do porco e operações que se lhe seguem.
Para construção da casa estão os mestres serradores a serrar com serra braçal o tronco para o tabuado. E não falta o tear tradicional, conhecido em toda a Europa Mediterrânica, Índia e Extremo Oriente, e os instrumentos por que passam o linho e a lã até o alimentar: a roca, o fuso, a dobadoira, a cardadeira, o sarilho, a urdideira. Também ali está o alambique para a aguardente, sangue de cavadores, que a não podem dispensar, no duro e penoso revolver dos torrões. Tudo isto e muito mais”.
Este museu acaba por ser uma discrição fiel da vida de labor e vida dura de um trabalhador rural.
Nessa mesma freguesia existe um clube de futebol chamado Urzelinense.
A população registada nos censos foi:[2]
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Distribuição da População por Grupos Etários[5] | ||||
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Ano | 0-14 Anos | 15-24 Anos | 25-64 Anos | > 65 Anos |
2001 | 145 | 160 | 407 | 154 |
2011 | 148 | 101 | 501 | 152 |
2021 | 121 | 90 | 516 | 169 |
Segundo reza uma lenda, encontrava-se um dia no cimo da grande cordilheira, que atravessa a ilha de São Jorge de ponta a ponta, há muitos, muitos anos, o grandioso castelo do príncipe Romualdo. A sua corte faustosa entregava-se a festas e a banquetes e outras diversões, que causavam espanto na população trabalhadora.
Durante uma madrugada, a trombeta real ecoou através das montanhas, anunciando uma caçada que iria começar ao toque das Avé-Marias. Em frente ao palácio foram estacionando as seges, os cavalos, e vários criados de libré carregados com os apetrechos destinados à caça.
Os pobres e não muito bem tratados trabalhadores do campo já tinham começado mais um dia de labuta, quando o segundo toque de trombeta soou e a comitiva do príncipe partiu a galope, rindo de alegria ao galgar os montes. Os pombos torcazes voavam espantados pelos gritos de alegria, e Lina, amada do príncipe, serpenteando com o cavalo por entre as urzes e os rochedos em perseguição de alguns pombos que lhe fugiam, acabou por se afastar da comitiva.
Quando deram pela sua falta, abandonaram a caçada e foram procurar Lina por todo o lado, sem no entanto a encontrarem. Voltaram ao palácio, com a alegria a dar lugar ao desânimo e tristeza. O príncipe mandou fechar todas as portas, as festas e diversões e, durante as noites e dias seguintes, a sua voz soluçante gritava: "Lina! Lina!", enquanto corria como louco esfarrapado e desgrenhado por precipícios e ravinas à procura da amada.
Numa noite, quando voltava ao castelo, o príncipe Romualdo encontrou um quadro terrível. No fundo de uma profunda ravina, um cavalo morto esmagava com todo o seu peso a sua querida Lina. O príncipe, correndo, desceu o precipício, beijou o cadáver já em putrefacção da sua amada, e entre lágrimas cortou uma trança dos seus lindos cabelos louros. Apanhou um ramo de urze e aí enrolou a trança.
Voltou ao castelo, cheio de desalento. Como morto. Nunca mais quis saber de festas e os cortesãos começaram a chamar àquela planta "Urze de Lina".
Passado pouco tempo, o príncipe acabou por morre de desgosto e, com o correr dos anos e o esquecimento da corte que o adulava, a sepultura ficou completamente coberta de "Urze de Lina".
Em homenagem à dor do príncipe que Deus duramente castigara, chamou-se "Urze de Lina" e mais tarde por aglutinação "Urzelina" à povoação à beira-mar, onde faziam eco as atrocidades praticadas no castelo e onde vivia o povo que sofria a tirania dos cortesãos.
A corte aduladora, sem respeito pela morte do príncipe, redobrou as festas e a tirania ao povo, mas foi castigada. Deus, que vela pelos pobres, fez rebentar um vulcão nos alicerces do palácio, a lava soterrou toda a corte maldosa e destruiu tudo à volta, correndo até ao mar.
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