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A anta-brasileira ou simplesmente anta (nome científico: Tapirus terrestris), também conhecida por tapir, é um mamífero perissodáctilo da família dos tapirídeos (Tapiridae) e gênero Tapirus. Ocorre desde o sul da Venezuela até o norte da Argentina, em áreas abertas ou florestas próximas a cursos d'água, com abundância de palmeiras.
[1] Anta-brasileira | |||||||||||||||
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Ocorrência: Pleistoceno - Recente | |||||||||||||||
Estado de conservação | |||||||||||||||
Vulnerável (IUCN 3.1) [2] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Tapirus terrestris (Lineu, 1758) | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Distribuição geográfica da anta-brasileira. Extinta Presente Provavelmente presente | |||||||||||||||
Subespécies | |||||||||||||||
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Sinónimos[3] | |||||||||||||||
Lista
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É o maior mamífero terrestre do Brasil e o segundo da América do Sul, tendo até 300 quilos de peso e 242 centímetros de comprimento. Se diferencia das outras espécies do gênero Tapirus por possuir uma crista sagital proeminente e uma crina. Apresenta uma probóscide, que é usada para coletar alimento. É o último animal da megafauna na Amazônia e possui uma dieta frugívora, e tem um papel importante na dispersão de sementes, principalmente de palmeiras. Seus predadores são grandes felinos como a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor). É um animal solitário e vive em territórios de 5 quilômetros quadrados de área, em média. A anta tem reprodução lenta, com uma gestação que pode durar mais de 400 dias e parem apenas um filhote por vez, que pesa entre 3,2 e 5,8 quilos. Podem viver até 35 anos de idade.
A anta é listada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, mas seu estado de conservação varia ao longo de sua distribuição geográfica sendo crítica na Argentina, nos llanos da Colômbia e regiões da Mata Atlântica brasileira. Desapareceu no limite sul de sua distribuição geográfica, da Caatinga e das regiões próximas aos Andes. É ameaçada principalmente pela caça predatória (por ter um ciclo reprodutivo muito lento) e conversão de seu habitat em campos cultivados. Apesar disso, ainda ocorre em muitas unidades de conservação e em zoológicos.
A anta também é conhecida por anta-comum, anta-gameleira, anta-sapateira, antaxuré, batuvira, pororoca, tapiira, tapira e tapiretê.[4][5] Anta deriva do termo árabe lamTa, que é usado para designar o alce em espanhol. Tapiira, tapir e tapira derivam do termo tupi tapi'ira.[3] Tapiretê deriva do tupi tapi'ireté, "tapir verdadeiro".[6] Antaxuré aglutina anta com -(a)xuré, cuja origem é obscura.[7] Batuvira tem provável origem tupi.[8]
A anta-brasileira pertence à ordem Perissodactyla, família dos tapirídeos (Tapiridae) e gênero Tapirus, e foi descrita por Carlos Lineu em 1758.[3] Linnaeus considerou a espécie no gênero Hippopotamus.[1]
São reconhecidas quatro subespécies:[3]
Estudos filogenéticos, usando sequências do gene da enzima mitocrondial citocromo c oxidase II, demonstraram que a anta (Tapirus terrestris) é mais aparentada à outra espécie sul-americana, Tapirus pinchaque.[9] Essas duas espécies tiveram um ancestral comum, que chegou na América do Sul pelo istmo do Panamá, há cerca de 3 milhões de anos.[9] Um estudo mais recente, que inclusive descreve um táxon basal ao clado T. pinchaque e T. terrestris (a espécie Tapirus kabomani), baseando-se em sequências da enzima citocromo b, considera que T. terrestris seja parafilético. As populações de T. terrestris que ocorrem no Equador são mais intimamente relacionadas a T. pinchaque e abrem discussão acerca da variabilidade dentro de T. terrestris.[10]
O registro fóssil mostra que o gênero Tapirus surgiu na América do Sul entre 2,5 a 1,5 milhão de anos atrás, na Argentina. Os mais antigos fósseis da anta datam do Pleistoceno e foram encontrados na região do rio Juruá, no Acre, Jacupiranga e Jaupaci.[3]
A anta ocorre desde o sul da Venezuela até o norte da Argentina, habitando também o Chaco paraguaio e todo o Brasil. Sua distribuição diminuiu nos limites sul, na Argentina, principalmente por conta da caça e perda de habitat.[11] Provavelmente foi extinta na Caatinga e no Chaco seco, de forma que agora ela está praticamente restrita às áreas mais úmidas no Pantanal e Amazônia.[2] É provável que suas densidades tenham sido baixas na Caatinga, ocorrendo em apenas algumas áreas úmidas em zonas de transição desse bioma com outros, como a Mata Atlântica.[4]
Habita áreas florestadas ou abertas próximas a cursos d'água permanentes, preferindo áreas com abundante vegetação ripária.[12] Pode ser encontrada a até 1 500 metros de altitude, no Equador, e em outras localidades a até 1 700 metros.[13] Durante o dia, se abriga nas florestas e, à noite, pode ir a descampados forragear.[12] Ao longo das áreas em que ocorre, a presença de palmeiras é um fator importante para o estabelecimento de antas.[14] Na Mata Atlântica brasileira, a espécie habita áreas abundantes em palmito-juçara (Euterpe edulis) ou jerivá (Syagrus romanzoffiana) (principalmente na floresta estacional semidecidual); no nordeste do Pantanal, áreas ricas na palmeira-bacuri (Scheelea phalerata) e na Amazônia e Cerrado, em buritizais (Mauritia flexuosa).[15]
Em áreas alteradas pelo homem, a anta pode ser encontrada em campos cultivados e em plantações de Eucalyptus, provavelmente utilizando essas áreas de forma oportunista, seja como corredor entre fragmentos de floresta, seja para procurar comida.[16] De forma geral, essas áreas são evitadas pela anta.[15]
É o maior mamífero do Brasil e o segundo da América do Sul (sendo menor apenas que Tapirus bairdii), medindo entre 191 e 242 centímetros de comprimento, com a cauda tendo menos de 10 centímetros nessa medida.[15] A altura na cernelha dos machos está entre 83 e 118 centímetros, sendo que as fêmeas atingem entre 83 e 113 centímetros.[15] O peso está entre 180 e 300 quilos, e as fêmeas tendem a ser maiores que os machos: em média, elas atingem 233 quilos, ao passo que eles atingem 208 quilos.[15] Apesar disso, não parecem existir diferenças osteológicas significativas entre os sexos.[3]
É distinguível dos outros tapirídeos por apresentar uma crina, que vai desde o pescoço até a fronte da cabeça, em cima de uma crista sagital.[5][17] Ela apresenta um padrão único no desenvolvimento, emergindo do topo do crânio, e não a partir de cristas parassagitais no osso temporal, como nas outras três espécies de tapirídeos.[18] A ontogênese da crista sagital está relacionada ao tamanho do músculo temporal, que é desenvolvido e extenso em sua origem, mesmo em recém-nascidos.[18] A pele é mais grossa na nuca e, abaixo da epiderme, há uma camada de tecido fibroso. Os adultos possuem cor marrom-escura, ao passo que os juvenis são marrons com listras horizontais brancas. As pontas das orelhas são brancas.[3]
A fórmula dentária é . Os incisivos possuem forma de talhadeira: o terceiro incisivo superior se parece com um canino e o terceiro incisivo inferior é reduzido. Os caninos são cônicos e separados dos pré-molares por um diastema. Os pré-molares são muito semelhantes aos molares.[12] Os molares são lofodontes, visto ter uma dieta frugívora.[carece de fontes]
Apresenta uma probóscide, usada para pegar frutas e folhas.[5] A probóscide não tem parte óssea, cartilaginosa e nem musculatura intrínseca. Em contrapartida, o tecido do lábio superior é adaptado de tal forma que permite o surgimento de uma estrutura móvel e flexível. Os músculos envolvidos na movimentação da probóscide são os músculos levantador do lábio superior, levantador nasolabial, levantador do ângulo da boca e nasal lateral. A probóscide da anta é a mais curta dentre todos os tapirídeos.[19]
É um ungulado não ruminante, possuindo um intestino típico de animais fermentadores, como o cavalo, com o ceco bastante desenvolvido.[20] Como os outros perissodáctilos, perdeu o primeiro dígito dos membros anteriores, e apoiam o peso do corpo apenas no terceiro dedo. O segundo e terceiro dedos são menores, e o quinto dedo não toca o chão, a menos que caminhe em ambientes arenosos ou demasiadamente lamacentos.[13]
A anta-brasileira, um grande mamífero não ruminante e frugívoro, é o último elemento da megafauna na Amazônia e constitui-se em um importante dispersor de sementes.[21][22] Isso se deve principalmente porque a anta defeca na água, o que faz com que o seu padrão de dispersão também seja único.[21][23] Nesse contexto, ela é um animal especialmente importante na manutenção das florestas de palmeiras na América do Sul, principalmente dos buritizais na Amazônia e Cerrado.[5]
É um animal tipicamente crepuscular e solitário, sendo visto aos pares quando no período de estro das fêmeas e em unidades familiares (sem machos adultos) quando estão com filhotes.[11] Em ambientes perturbados pelo homem, pode se tornar estritamente noturna.[13] É capaz de nadar muito bem, inclusive em rios amplos, como o rio Amazonas.[13] Quando anda de forma lenta, sua postura é característica, com a cabeça abaixada, mas quando corre a mantém levantada. Frequentemente, convive com outros animais frugívoros, como a queixada (Tayassu pecari), o caititu (Pecari tajacu) e o veado-mateiro (Mazama americana), mas não necessariamente se alimentam dos mesmos frutos. Na Colômbia, convive com outra espécie do gênero Tapirus, o tapir-centro-americano (Tapirus bairdii).[3]
Seus predadores são grandes felinos como a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor), que predam principalmente os filhotes.[24] Foi constatada a presença de ectoparasitas, como carrapatos do gênero Amblyomma, que são bastante comuns no Neotrópico e inúmeras espécies de nemátodos.[3][25]
São animais frugívoros, muito importantes na dispersão de sementes, engolindo-as e depois as liberando pelas fezes.[26] Forrageiam principalmente em clareiras ou em áreas próximas a cursos d'água.[27] Estudos na Venezuela mostraram que a anta prefere comer plantas em clareiras ou em floresta secundária, como forma de evitar as defesas das plantas (como espinhos) em áreas com vegetação mais densa.[23]
Podem se alimentar de até 42 espécies de vegetais: em fragmentos de Mata Atlântica, as mais frequentes são das famílias Rubiaceae, Melastomataceae e Arecaceae.[26] Na parte brasileira da Amazônia, a alimentação se constitui principalmente de frutos e sementes de plantas da família Fabaceae, Araceae e Anacardiaceae.[21] Mas, de forma geral, a anta possui preferência pelos frutos de palmeiras, como o buriti (Mauritia flexuosa), o palmito-juçara (Euterpe edulis), o jerivá (Syagrus romanzoffiana), o inajá (Attalea maripa) e o patauá (Oenocarpus bataua).[5][15]
No Cerrado e em zonas de transição dessa vegetação com a Mata Atlântica, a anta se alimenta predominantemente de folhas e brotos.[28] Mesmo nessas regiões, pode se alimentar de pequenos frutos de rubiáceas e melastomatáceas, já que são maioria nos estratos mais baixos da floresta.[28] Em regiões alagadas do Pantanal e da Amazônia, se alimentam de plantas aquáticas.[22] No Peru, confirmou-se a predominante frugivoria da anta, já que até 33% da dieta era composta por frutos: é uma porcentagem alta para um não ruminante.[29] Nesse habitat, a anta costuma forragear em florestas de palmeiras, se alimentando principalmente de frutos de buriti (M. flexuosa).[29] Nesse mesmo estudo, foi mostrado que os frutos ingeridos pela anta têm entre 1 a 3 milímetros de diâmetro, alcançando no máximo 50 milímetros.[29]
As antas são animais solitários e possuem baixas densidades nos locais em que habitam. Os poucos estudos feitos na natureza mostram que existe variação no território e área de vida desse ungulado.[15] Mas, de forma geral, elas variam entre 1 e 14 quilômetros quadrados, com alguns estudos no Parque Nacional de Brasília mostrando áreas de até 39 quilômetros quadrados.[15] Em média as áreas ocupadas pelas antas têm pouco mais de 4 quilômetros quadrados.[4] As diferentes áreas de vida ocupadas pelos indivíduos podem se sobrepor em até 30%.[15]
Pouco se sabe sobre o comportamento social das antas, principalmente na natureza. Foram reportadas quatro tipos de vocalizações, emitidas em contextos específicos: um guincho estridente e flutuante é emitido durante dor e medo; guinchos de baixa frequência e curta duração são emitidos durante comportamento exploratório; sons parecidos com "cliques" parecem usados em contextos de contato social e bufos violentos são sons de ameaça durante encontros agonísticos.[30] A marcação com cheiro também é uma importante forma de comunicação entre os indivíduos, utilizando tanto a urina, como secreções em duas glândulas localizadas na face para fazer isso.[3]
O sistema de acasalamento da anta não foi devidamente definido. É bem provável que exista uma poliginia, pois existe uma tendência de monopólio de territórios de fêmeas por poucos machos.[11] Entretanto, durante o estro, é observada a formação de um par monogâmico. A anta não possui sazonalidade na reprodução e possui vários estros em um ano. A fêmea entre no cio a cada 50 a 80 dias, e ele dura cerca de dois dias.[13] O nascimento de filhotes ocorre a cada 15 meses, em cativeiro.[13]
A corte se caracteriza por uma aproximação do macho, que cheira e lambe a vulva da fêmea e exibe o reflexo flehmen. O macho tenta se aproximar, mas nas primeiras tentativas a fêmea corre, que é perseguida por ele, que tenta montá-la várias vezes. Isso pode durar por até quatro horas. A partir do momento em que a fêmea se mantém parada enquanto o macho monta em sua anca, a cópula começa. A fêmea abaixa os quadris no momento da cópula, que dura cerca de um minuto. Após o coito, a fêmea pode andar calmamente, seguida de perto pelo macho, que eventualmente a toca e podem descansar juntos, mas a fêmea também pode se comportar de forma agressiva ao macho.[31] A cópula pode ocorrer tanto dentro, quanto fora da água, em animais em liberdade.[3]
A gestação dura entre 335 e 439 dias e pode ser obviamente detectada a partir de 6 ou 7 meses e parem um filhote por gestação. Aparentemente, as fêmeas só passam a ter filhotes a partir dos 23 meses de idade e podem continuar tendo crias até os 28 anos de idade.[3] Mas, a maturidade sexual é atingida completamente com cerca de 3 ou 4 anos de idade. Ter uma gestação longa que resulta em apenas um filhote torna o ciclo reprodutivo da anta extremamente lento. Os filhotes nascem pesando entre 3,2 e 5,8 quilogramas, e apresentam listras horizontais brancas no corpo, que desaparecem na quando completam 5 ou 8 meses de idade.[12] Eles passam a comer alimentos sólidos já nos primeiros dias após o nascimento, mas só são efetivamente desmamados depois de 10 meses de idade. A longevidade em cativeiro é estimada em até 35 anos.[3]
A anta-brasileira consta como "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).[2] Também consta no apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).[15] Apesar desse grau de ameaça considerado pela UICN, a situação é crítica em alguns locais, como na Argentina, nos llanos da Colômbia e da Venezuela.[15] A espécie possui a maior distribuição geográfica entre os tapirídeos, ocorrendo em mais de dez milhões quilômetros quadrados, apesar de que já se extinguiu em 14% de sua ocorrência original.[15] Dados populacionais são insuficientes, mas presume-se que a anta esteja com suas populações declinando em grande parte de sua ocorrência, apesar de ainda ocorrer em grande parte da Amazônia e Pantanal.[2]
No Brasil, a espécie não figurava na lista nacional, constando apenas nas listas estaduais de Santa Catarina,[32] Paraná,[33] Espírito Santo[34] e Rio de Janeiro[35] como "em perigo",[36] em Minas Gerais,[37] Bahia[38] e Rio Grande do Sul[39][40] como "criticamente em perigo"[4] e no estado de São Paulo como "vulnerável".[17] Uma avaliação do estado de conservação da espécie no país mostrou que a anta deve ser classificada como "vulnerável" dado que houve um declínio maior que 30% em sua abundância e em seu habitat, e somente na Amazônia ela pode ser classificada como de "baixo risco".[4] Sendo assim, ela passou a ser incluída na lista nacional a partir de 2014, como "vulnerável".[41][42][43] A situação no Pantanal é relativamente melhor do que em outros biomas brasileiros, sendo classificada como "quase ameaçada", dado que em breve, a anta pode estar ameaçada nos ecossistemas pantaneiros, visto o avanço das pastagens exóticas e doenças advindas de animais domésticos.[4]
Na Mata Atlântica, as populações estão divididas em 33 subpopulações, mas somente três contém mais de 200 indivíduos e 40% das populações de anta se concentra na Serra do Mar. Nas próximas três gerações, a abundância de antas pode diminuir em 50% na Mata Atlântica, o que a classifica como "em perigo" neste bioma. Tal grau de ameaça é o mesmo no Cerrado, dado que o avanço agropecuário na região reduziu em 67% a área de ocorrência da espécie no bioma. O desmatamento neste bioma ainda possui elevadas taxas, com estimativas variando entre 22 e 30 mil quilômetros quadrados por ano. Na Caatinga, ela é considerada como regionalmente extinta, e não há registros da espécie no interior do bioma há pelo menos 30 anos.[4]
As ameaças à sobrevivência da anta são a caça, a alteração e degradação do habitat, atropelamentos, doenças advindas de animais domésticos e até envenenamento.[44] A caça é uma das maiores ameaças à espécie, dado sua taxa reprodutiva extremamente lenta.[15] Quando combinada com a fragmentação e destruição do habitat, possui efeitos devastadores sobre as populações: esta atividade, se realizada em pequenos fragmentos de floresta, é capaz de extinguir a espécie localmente em pouco tempo.[44][45] Esta atividade humana é particularmente maior em regiões da Amazônia e nos Llanos da Venezuela e Colômbia, seja por subsistência, esportiva ou comercial.[44] Entretanto, deve-se salientar que existe pressão de caça em toda a ocorrência da anta, principalmente por ser um animal de grande porte e que a carne é apreciada.[5][44]
A construção de usinas hidrelétricas é uma das principais causas da perda do habitat e tem um efeito catastrófico sobre a abundância da espécie: no estado de São Paulo,a construção da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta praticamente eliminou a população remanescente de antas na região.[44] Além disso, a superexploração e depleção de recursos florestais oriundos de palmeiras é uma ameaça, dado a dependência que a anta possui de tais recursos para a alimentação. O desmatamento total de áreas de vegetação nativa para implementação de campos cultivados e extração de madeira é outra causa na ameaça de extinção da espécie.[5] Junto com a alteração do habitat, a expansão da pecuária em regiões em que a anta ocorre propicia a transmissão de zoonoses, como a febre aftosa.[44] Em áreas em que existe grande densidade humana, além das já citadas ameaças, atropelamentos (principalmente no Sudeste e Sul do Brasil) e envenenamentos por conta da contaminação de mananciais (como aqueles decorrentes do uso de agrotóxicos, mineração e exploração de petróleo) são causas significativas de mortalidade.[44]
Deve-se salientar que, apesar de ainda ocorrer em muitas unidades de conservação, frequentemente estas não possuem área suficiente para viabilizar populações de anta a longo prazo, e muitas sofrem com a invasão de caçadores.[5] A conservação de florestas úmidas, a inibição da caça e ações mitigadoras para diminuir os atropelamentos desse animal em rodovias que passam perto de áreas florestadas são medidas para evitar a extinção dessa espécie.[17] Uma importante estratégia é a formação de reservas particulares, principalmente no que se diz respeito a evitar a caça predatória, já que caçadores tendem a evitar invadir áreas particulares. A anta também é um animal popular em zoológicos, e possui uma população considerável em cativeiro.[5] O Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE) vem realizando, desde 1996, um programa de conservação da anta no Brasil, iniciado no Pontal do Paranapanema e que se estendeu para regiões do Pantanal. Além da realização de estudos da biologia da anta, o IPE realiza programas de educação ambiental que visam a conscientizar a população acerca da preservação da anta, a utilizando também como espécie bandeira.[4]
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