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Chama-se pessoa surda (ou surdo)[1] aquela que possui algum grau de surdez, seja ele leve, moderado, severo ou profundo.
Surdos oralizados são as pessoas com algum grau de surdez que se comunicam oralmente, tal qual os ouvintes. Surdos sinalizados são as pessoas com algum grau de surdez (em geral, surdez profunda) que se comunicam através da língua de sinais. Segundo a Organização Mundial de Saúde, há 1,5 bilhão de pessoas com algum grau de surdez hoje no mundo, e a maioria absoluta dessa população possui surdez de graus leve e moderado e não utiliza língua de sinais como forma de comunicação.
No Brasil, segundo o IBGE divulgou em 2021, há 2,3 milhões de pessoas com algum grau de surdez. Dentro dessa população, apenas 34% das pessoas com surdez de grau profundo afirma usar a língua de sinais para se comunicar. A lei brasileira possui critérios específicos para definir se uma pessoa surda (com algum grau de surdez) é considerada pessoa com deficiência auditiva.
Dia 3 de março foi instituído pela OMS como Dia Mundial da Audição. O objetivo é criar conscientização a respeito dos prejuízos da perda auditiva não tratada a nível global. No Brasil, dia 11 de novembro é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate a Surdez, com o mesmo objetivo.
Graças aos avanços da tecnologia e da Medicina, hoje em dia a maioria dos casos de surdez pode ser ajudada por ambas. Pessoas com todos os graus de surdez podem ouvir melhor ou até mesmo voltar a ouvir com aparelhos auditivos, implantes cocleares e cirurgias da audição. Há mais de 1 milhão de usuários de implante coclear no mundo. No Brasil, O SUS fornece a cirurgia de implante coclear e aparelhos auditivos para a população. Muitas pessoas têm sido ajudadas pela Ouvidoria do Ministério da Saúde, que vem investigando a demora na dispensação de próteses auditivas nos quatro cantos do país.
O implante coclear é a única cirurgia que restaura artificialmente um sentido humano.
No Brasil, todos os bebês devem passar por uma triagem auditiva neonatal, com o objetivo de identificar precocemente uma perda auditiva. A precocidade é fator fundamental de sucesso na reabilitação auditiva.
O senso comum acredita que "todo surdo é mudo", "surdo é só quem não ouve nada", "todo surdo usa língua de sinais", "surdez é coisa de idosos" e uma série de outras coisas que não são verdade. A surdez nunca foi sinônimo exclusivo de língua de sinais, porém, como ela é uma deficiência invisível, faz sentido que as pessoas que ouvem façam essa associação.
É a interacção social que nos socializa. As escolhas sobre o ambiente linguístico em que a criança crescerá, a opção do uso ou não da língua gestual e a escolha de ajudas técnicas e tipo de educação adoptado vão determinar a maneira como o desenvolvimento social da criança se irá processar.[2]
Se for negada à criança a oportunidade de adquirir e desenvolver uma língua natural, crescerá com um enorme défice a nível linguístico, que comprometerá todo o seu desenvolvimento social, cultural, psicológico e afetivo, o que dificultará na construção identitária de qualquer criança inclusive uma criança surda. Pelo contrário, se a criança for exposta a uma língua gestual poderá adquirir um conhecimento cultural, sobre o mundo e as relações interpessoais, semelhante ao adquirido por uma criança ouvinte, afinal criança é criança ouvindo ou não, enxergando ou não, andando ou não.
A comunicação é vital na construção da identidade. O contacto precoce entre o adulto surdo e a criança surda, através de uma língua gestual, é o que proporcionará o acesso à linguagem. Desta forma, estará também assegurada a identidade e cultura surda, que serão transmitidas naturalmente à criança surda pelo adulto surdo em questão.[3] Quanto mais precoce o acesso à língua gestual, mais cedo a criança adquirirá uma identidade própria, consciente e sólida.
No entanto, de acordo com a história dos surdos, as representações sobre a surdez sempre foram fundamentadas por mitos com base na religião, na ideologia, nos interesses de foro económico e nas diferenças sociais.[4] Estas representações afectam o processo identitário do surdo, participando de processos de inclusão/ exclusão dos membros da sociedade e padronizando a "normalização social".
Segundo estudos, o surdo apenas se sente pessoa se a sociedade o considerar como tal.[5] O surdo, na sua diferença, representa um perigo.[6] Daí advém a tentativa de muitos de considerá-lo apenas uma pessoa com deficiência. No entanto, o surdo como pessoa existe - esta é uma diferença que existe, que estigmatiza o surdo - a sua negação estigmatiza-o ainda mais, já que não permite o seu desenvolvimento, a sua formação de identidade como ser inteiro e integrante de uma comunidade de indivíduos diferentes como ele mesmo.[7]
Em Portugal, a 27 de Abril de 2001, aquando do III Congresso Nacional de Surdos, na cidade de Beja, foram aprovados os seguintes direitos da pessoa surda:[8]
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