Sambaquis no Brasil
pequenas montanhas no brasil / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
No Brasil, os sambaquis são distribuídos por toda a costa, tendo chamado a atenção do europeu logo no início da colonização europeia do país, no século XVI. A diferença de hábitos culturais e alimentares levou à conclusão de que eram obra de uma sociedade distinta daquela dos Tupi-guaranis, que então povoavam toda a região costeira do país. Estudos recentes sugerem que os sambaquis tenham sido produzidos por povos que viveram na costa brasileira entre 8 mil e 2 mil anos antes do presente.[1] Geralmente, os sambaquis distribuídos pela costa brasileira estão em regiões lagunares e áreas recortadas por baías e ilhas.[2]
Alguns destes sambaquis chegavam a atingir trinta metros de altura por quarenta de comprimento. No século XVI, conchas de um só monte foram moídas e utilizadas como cal na construção do Palácio do Governador, de parte do Colégio da Bahia, de engenhos de açúcar e de vários outros edifícios.[3]
No século XIX, esses monumentos pré-históricos foram visitados pelo Imperador dom Pedro II, que por eles se encantou. No século XX, foram alvos de estudos por parte da Universidade de São Paulo e atraíram a atenção de Paul Rivet, o lendário diretor do Museu do Homem, e "pai" da moderna antropologia americana. No litoral sul do Brasil, foram estudados pelo arqueólogo João Alfredo Rohr.
Atualmente, o sambaqui mais antigo do Brasil é o Sambaqui da Lagoa de Itaipu, em Niterói (Camboinhas), no Estado do Rio de Janeiro, datado de cerca de 8000 anos[4][5]. O sítio arqueológico da Lagoa de Itaipu também é o mais antigo vestígio da presença humana no litoral brasileiro até os dias atuais. O primeiro registro em Itaipu, elaborado por Ondemar Dias, resultou na identificação do sítio de Duna Grande no início da década de 1960. A descoberta está descrita em alguns documentos indicando o ano de 1962 e outros o ano de 1963. Esse sítio foi designado como Sítio Arqueológico de Itaipu, como consta na ficha de registro de pesquisa arqueológica de 11 de novembro de 1968, assinada por Lina Kneip e Maria da Conceição de Moraes Coutinho. Também teve outras denominações como Dunas de Itaipu (RJ-12), Sítio Itaipu (RJ-JC-24) e Duna Grande de Itaipu (RJ-JC-18) (DIAS JUNIOR, 1967; IPHAN/ANS, 1975; DIAS JR, 1992). Investigações posteriores apontaram a existência de diversos sambaquis fluminenses, indo desde a cidade do Rio de Janeiro até a região de Macaé. Posteriormente, outros sambaquis foram descobertos no sul do Estado do Rio.
Na região Sudeste, além dos sambaquis do Rio de Janeiro, destaca-se ainda o Sambaqui de Cananéia, localizado na Ilha do Cardoso, em Cananéia, litoral de São Paulo. Estudos colocam este sambaqui como um dos antigos do Brasil, com cerca de 8 mil anos.[6]
No sul do país, os sítios mais importantes ainda existentes estão localizados no litoral sul do estado de Santa Catarina. As cidades de Laguna e Jaguaruna abrigam 42 sambaquis dos mais diversos tamanhos e alturas, destacando-se entre eles o Garopaba do Sul - o maior depósito de conchas do mundo em extensão, tendo atualmente 26 metros de altura e mais de 3,7 mil anos[7] - e os Figueirinha I e II, na praia de Nova Camboriú, os três em Jaguaruna. Segundo análise de camadas intermediárias enviadas a um laboratório dos Estados Unidos em maio de 2010, o Figueirinha I, por volta de 2510 a.C., já teria dois terços de seu tamanho atual - tornando a formação deste sambaqui contemporânea a construção da Pirâmide de Quéops.[8]