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Roscoe Lee Browne (Woodbury, 2 de maio de 1922 - Los Angeles, 11 de abril de 2007)[nota 1] foi um ator, diretor teatral, dublador e poeta norte-americano. Trabalhou em várias companhias de teatro de Nova Iorque, tornando-se parte de uma vanguarda dos principais atores negros a ingressarem no teatro nova-iorquino. Era conhecido por sua voz distinta e teve diversas participações em programas de televisão e no cinema, atuando em filmes como Topaz (1969), dirigido por Alfred Hitchcock, e The Cowboys (1972), no qual contracenou em John Wayne. Também fez a narração de várias produções televisivas e cinematográficas, entre elas Babe, filme infantil de grande sucesso lançado em 1995, e sua sequência, Babe: Pig in the City (1998).[3][7][4] Em 1977, foi introduzido ao Black Filmmakers Hall of Fame[11] e, em 2008, postumamente no American Theater Hall of Fame.[12]
Roscoe Lee Browne | |
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Browne em 1979 | |
Nome completo | Roscoe Lee Browne |
Nascimento | 2 de maio de 1922 Woodbury, Nova Jérsei |
Nacionalidade | norte-americano |
Morte | 11 de abril de 2007 (84 anos) Los Angeles, Califórnia |
Educação | Universidade Lincoln Middlebury College Universidade de Columbia Universidade de Florença |
Ocupação | ator, diretor teatral, dublador, poeta |
Atividade | 1960 - 2007 |
Emmys | |
Melhor Ator Convidado em Série de Comédia 1986 – The Cosby Show |
Browne nasceu em Woodbury, Nova Jérsei, sendo o quarto filho do pastor batista Sylvanus Browne e sua esposa Lovie Lee Browne (nascida Love Lee Usher).[3][13][14] Formou-se na Woodbury Junior-Senior High School em 1939.[15] Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu na Itália com o Exército dos Estados Unidos da 92ª Divisão de Infantaria e organizou a Divisão de atletismo da equipe.[16] Após a guerra, frequentou a Universidade Lincoln, na Pensilvânia, uma instituição historicamente negra, onde graduou-se bacharel em 1946 e retornou mais tarde para ensinar francês e literatura comparada.[3][13]
Ele cursou pós-graduação no Middlebury College, na Universidade de Columbia e na Universidade de Florença. Em 1951, Browne ganhou fama como corredor de média distância, vencendo uma corrida de 800 metros em Paris. Ganhou a vida por vários anos como representante de vendas de um importador de vinho. Somente em 1956, aos 36 anos, ele decidiu se tornar um ator profissional em tempo integral.[7][13]
Browne foi aceito na companhia teatral de Joseph Papp na temporada inaugural do Shakespeare Festival de Nova Iorque. Numa época marcada pela segregação racial, o elenco de Papp deu a muitos atores negros a oportunidade de interpretar as obras de Shakespeare pela primeira vez. Entre outros papéis, Browne interpretou o Bobo em King Lear (1962) e Ulisses em Troilus and Cressida (1965). Em 1961, estreou no cinema no longa-metragem The Connection, dirigido pela cineasta independente Shirley Clarke e adaptado de uma peça homônima de Jack Gelber. Em 1972, foi coprotagonista em The Cowboys, no papel do cozinheiro sábio Jedediah Nightlinger, contracenando com John Wayne. Desde então, trabalhou constantemente em outros filmes e programas de televisão.[7]
Descreveu-se que o ator tinha "uma voz de barítono tal qual um casaco de zibelina". Ele falava inglês com a pronúncia padrão britânica combinada a um forte e característico sotaque Meio-Atlântico.[17] Em razão de seu talento vocal, ele era frequentemente procurado para fazer narrações e locuções em filmes, bem como gravações sonoras de comerciais. Assim, ele também se ocupou com audiolivros nos quais recitou poemas de Edna St. Vincent Millay e Robert Frost, sonetos de Shakespeare e passagens da Bíblia.[4] Em 1977, fez a narração do LP The Story of Star Wars, produzido por George Lucas e Alan Livingston como material de divulgação do primeiro filme lançado da franquia Star Wars, apresentando uma versão resumida, com diálogos e efeitos sonoros, dos eventos nele retrados.[18][19] Hoje o álbum é considerado um item de colecionador.[13]
Browne queria fazer mais do que atuar e narrar e estava determinado a não aceitar papéis estereotipados rotineiramente oferecidos a atores afro-americanos. Em 1966, escreveu e levou aos palcos a peça A Hand Is on The Gate, estrelada por Gloria Foster, James Earl Jones e Cicely Tyson.[20] No filme The Liberation of L.B. Jones (1970), de William Wyler, interpretou um empresário inteligente que confrontava o racismo com autoridade e dignidade. Entre outros papéis, interpretou um colunista de fofocas haitiano em The Comedians (1967), de Peter Glenville; um homossexual informante da polícia em Up Tight! (1968); um espião em Topaz (1969), de Alfred Hitchcock; um congressista pomposo em Uptown Saturday Night (1974), de Sidney Poitier; e uma versão computadorizada do Homem de Lata em Logan's Run (1976), de Michael Anderson.[7]
A partir do final da década de 1960, Browne passou a aparecer frequentemente como convidado especial em séries de comédia e drama, entre elas Mannix, All in the Family, Sanford and Son e The Cosby Show,[21] pela qual venceu em 1986 um Prêmio Emmy[22] por sua interpretação do Dr. Barnabus Foster.[7] Ele também fez sucesso atuando em peças de August Wilson, tanto na Broadway quanto no Pittsburgh Public Theatre.[17] Em 2003, participou do documentário Unchained Memories (2003), da HBO, no qual narrou uma série de relatos de ex-escravos coletada pela WPA na década de 1930.[23]
Os créditos de Browne como diretor teatral incluem uma peça chamada An Evening of Negro Poetry and Folk Music, encenada em 1966 no Delacorte Theatre e no Public Theater em Nova Iorque. No mesmo ano, essa peça foi produzida sob o título A Hand Is on the Gate no Longacre Theatre, na mesma cidade. A produção também foi revivida no Afro-American Studio, em Nova Iorque, de 1976 a 1977.[13]
Browne adorava ler poesias. Ele e o ator Anthony Zerbe fizeram uma turnê pelos Estados Unidos apresentando Behind the Broken Words, um recital de poesia e leituras dramáticas que incluía alguns poemas escritos por Browne.[24] Sidney Potier comentou: "Roscoe Lee Browne é a única pessoa que conheço que poderia recitar, sem nada escrito à sua frente, centenas de poemas. Ele era um conhecedor de poesia. Era uma pessoa notável a esse respeito, além de ser um ator consumado".[7]
Browne nunca se casou e sempre foi muito reservado quanto a sua vida particular.[13][9][25] Durante as décadas turbulentas da revolução pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, evitou a participação em protestos públicos, preferindo ser "mais eficaz no palco com metáforas... do que nas ruas com um editorial".[25] Certa vez, um diretor lhe disse que sua voz soava "muito branca", ao que ele respondeu: "Sinto muito, uma vez eu tive uma empregada branca".[7][17]
Em 11 de abril de 2007, Browne morreu de câncer no estômago, aos 84 anos, em Los Angeles. Seus últimos trabalhos foram as narrações de Garfield: A Tail of Two Kitties e Epic Movie.[13] Ele foi lembrado por suas contribuições em uma nota de Frank T. Crohn, Presidente da Edna St. Vincent Millay Society, publicada no The New York Times:
Lamentamos a perda de nosso antigo administrador e amigo fiel. Ele estava sempre pronto para apoiar a Sociedade em seus objetivos e propósitos. Ele preencheu nossas vidas com o som suave da poesia, da forma que só ele sabia recitar. Agora o palco está vazio e as luzes estão baixas.[26]
Cinema
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Ator de voz
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