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Os romance em três volumes foi uma forma padrão de publicação da literatura britânica de ficção durante o século XIX, período expressivo no desenvolvimento do romance moderno ocidental enquanto literatura popular.
Os romances em três volumes começaram a ser produzidos pela casa editorial edimburguesa de Archibald Constable no início do século XIX. Constable foi um dos editores mais importantes da década de 1820 e fez sucesso publicando caras edições em três volumes das obras de Walter Scott, sendo a primeira delas o romance histórico Kenilworth, publicado em 1821.[1] Essa prática continuou até que, em 1826, a empresa de Constable entrou em falência, arruinando financeiramente Scott e Constable.[2] Como a empresa de Constable entrou em falência, o editor Henry Colburn rapidamente adotou o formato em três volumes nos livros que publicava. O número de romances em três volumes que ele publicava anualmente pulou de seis, em 1825, para 30, em 1828, e 39, em 1829. Sob a influência de Colburn, os romances publicados adotaram um formato padrão de três volumes em octavo, vendidos a 31 xelins e seis centavos. O preço e o formato mantiveram-se inalterados por cerca de 70 anos, até 1894.[3]
O valor de venda padronizado do romance em três volumes era equivalente a metade do salário semanal de um modesto empregado doméstico de classe-média.[4] A quantia foi suficiente para dissuadir mesmo pessoas relativamente bem de vida a não comprá-los. Em vez disso, os romances foram emprestados de bibliotecas circulantes pagas, sendo a mais conhecida a de Charles Edward Mudie.[5] Mudie comprava romances em grande escala e vendia-os pela metade do preço praticado no varejo - cinco xelins, o volume.[5] Ele cobrava de seus assinantes a quantia de um guinéu (21 xelins) por ano pelo empréstimo de um volume de cada vez. Um assinante que quisesse pegar emprestado três volumes de uma só vez, a fim de ler todo um romance sem ter que fazer duas viagens adicionais à biblioteca circulante, tinha de pagar uma taxa anual maior.[6]
O alto preço dos livros permitia que editor e autor lucrassem mesmo tendo em vista a baixa quantidade de livros vendidos - romances em três volumes foram, muitas vezes, impressos em tiragens de apenas 750 até 1000 cópias, muitas vezes vendidas antes do lançamento para bibliotecas de assinantes.[1] O sistema incentivava editoras e autores a produzirem o maior número de romances possível devido ao lucro quase garantido, mas limitando, que seria arrecadado.[1]
O romance em três volumes padrão tinha cerca de 900 páginas, com 150 a 200.000 palavras; a média foi de 168.000 palavras distribuídas em 45 capítulos. Era comum aos romancistas firmarem contratos que especificavam um número definido de páginas a serem preenchidas. Se escrevessem menos do que o acordado, poderiam ser incentivados a produzir mais ou mesmo dividir o texto em mais capítulos, já que cada novo capítulo deveria preencher uma página inteira. Em 1880, Rhoda Broughton recebeu a oferta de £750 de seu editor pelos dois volumes de seu romance Second Thoughts. No entanto, ele a ofereceu £1200 caso pudesse adicionar um terceiro volume.[6]
Fora do sistema de subscrição das bibliotecas, o público poderia ter acesso à literatura de forma fragmentada, o folhetim. Um romance era vendido mensalmente em cerca de 20 partes, cada uma a um xelim. Esta forma de publicação foi usada para a primeira publicação de muitas das obras de Charles Dickens, Anthony Trollope e William Thackery. Muitos dos romances de autores como Wilkie Collins e George Eliot foram publicados pela primeira vez de forma seriada em revistas semanais ou mensais, que começaram a se tornar populares em meados do século XIX. Os editores também ofereciam reimpressões baratas de edições de muitas obras, que custavam de um a dois xelins.[1] Apesar disso, frequentemente havia um longo espaço de tempo antes de uma nova reimpressão ser lançada. Quem quisesse ler os livros mais recentes não tinha escolha a não ser pegar emprestado as edições em três volumes de alguma biblioteca de subscrição.[5]
A forma mais barata e popular dos livros de ficção era, por vezes, referida pejorativamente como penny dreadfuls, em alusão ao valor que eram vendidas, um centavo, e ao conteúdo que causava espanto ao leitor. Estes eram populares entre os homens jovens trabalhadores,[7] e, muitas vezes, tinham histórias sensacionalistas com criminosos, detetives, piratas ou elementos sobrenaturais.
Os romances em três volumes desapareceram quando, em 1894, Mudie e W. H. Smith pararam de comprá-los.[8]
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