Retábulo de Santa Auta
conjunto de 5 pinturas a óleo sobre madeira de carvalho de cerca de 1520-1525 de artista português não identificado designado por Mestre do Retábulo de Santa Auta / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O Retábulo de Santa Auta é um políptico de cinco pinturas a óleo sobre madeira de carvalho de cerca de 1520-1525 de um artista português do Renascimento que, por não estar perfeitamente identificado, se designa como o Mestre do Retábulo de Santa Auta, obra proveniente do Convento da Madre de Deus, em Xabregas, e cujos três painéis, dois deles pintados de ambos os lados, estão actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.[1] O Retábulo de Santa Auta, que se destinou inicialmente a decorar a capela do Convento da Madre de Deus onde foram depositadas as relíquias de Santa Auta, é composto por três painéis, um central e dois laterais, estando os dois painéis laterais pintados nas duas faces. O painel central tem pintado o Martírio de Santa Úrsula e das Onze Mil Virgens, o painel lateral esquerdo tem na frente o Casamento de Santa Úrsula e do Príncipe Conan e no verso a Partida das relíquias de Santa Auta de Colónia, e o painel lateral direito tem na frente O Papa Ciríaco abençoa Santa Úrsula e as suas companheiras e no verso a Chegada das relíquias de Santa Auta à Igreja da Madre de Deus.[1]
Retábulo de Santa Auta (Pormenor de um dos painéis) | |
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Autor | Mestre do Retábulo de Santa Auta |
Data | c. 1520 - 1525 |
Técnica | Pintura a óleo sobre madeira de carvalho |
Dimensões | 93 cm × 192,5 cm (painel central) |
Localização | Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa |
Por não terem sido encontrados documentos conclusivos sobre a autoria do Retábulo de Santa Auta, os estudiosos, pelas características estilísticas da obra, têm proposto vários autores para as pinturas, designadamente Vasco Fernandes, por Cyrillo Volkmar Machado, Cristóvão de Figueiredo, por José de Figueiredo e Reynaldo dos Santos, Gregório Lopes, por José de Figueiredo, e Garcia Fernandes, por Luís Reis Santos.[1]
D. Leonor, irmã do rei em exercício D. Manuel I, viúva de D. João II, fundou o Convento da Madre de Deus e, por ser muito devota de Santa Úrsula, pediu por carta ao Imperador Maximiliano I, seu primo, que lhe mandasse algumas relíquias das Santas Virgens para as depositar naquele Convento. Este acedeu ao pedido e mandou retirar do Mosteiro de Santa Úrsula, em Colónia, onde se acreditava que estivessem sepultadas, as relíquias de Santa Auta (em alemão: Aukta von Köln) e enviou-as em 1517 para Lisboa. Duas das pinturas do Retábulo de Santa Auta que deve ter sido encomendado por D. Leonor documentam esta trasladação.[2]
Não obstante o desconhecimento do seu autor, a valia do Retábulo de Santa Auta decorre de ser uma pintura ao mesmo tempo religiosa e cortesã, em que a lenda e a realidade, a história e a actualidade, se misturam de forma significativa.[3] Tendo o seu autor dado muita importância aos detalhes e utilizado uma variada gama cromática que confere uma certa alegria a um tema trágico,[4] o Retábulo de Santa Auta é, segundo historiadores da arte, uma das obras mais encantadoras da pintura cosmopolita portuguesa do primeiro quartel do século XVI.[5][6]