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Os Protestos na Venezuela de 2014 - presente são uma série de manifestações de massa, eventualmente degenerando em confrontos violentos, que ocorrem nas grandes cidades venezuelanas, desde fevereiro de 2014 até o momento atual. Os manifestantes, na maior parte dos casos, protestam contra o aumento do custo de vida, a insegurança ligada aos altos índices de criminalidade, a corrupção e a escassez de produtos básicos no país.[19] Todos esses problemas, agravados pela economia debilitada desde 2014, em razão do forte controle estatal dos preços, redução do PIB,[20] e alta inflação, em meio a uma forte polarização política entre partidários e oponentes do presidente Nicolás Maduro, suscitaram uma crise de grandes dimensões no país.[21][22]
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Protestos na Venezuela de 2014 - presente | |||||||||||
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Parte de Crise na Venezuela | |||||||||||
Manifestantes em Caracas em 12 de fevereiro de 2014. | |||||||||||
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Participantes do conflito | |||||||||||
Oposição Venezuelana
Movimento Estudantil |
República Bolivariana da Venezuela
Colectivos | ||||||||||
Líderes | |||||||||||
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Baixas | |||||||||||
Os protestos são também referidos como La Salida ('A Saída') pelos partidários da destituição do presidente da República.
Grandes manifestações contra e a favor do governo já vinham acontecendo desde 2013, após a apertada vitória eleitoral de Nicolás Maduro sobre Henrique Capriles.[23] Todavia, o movimento de oposição ao governo eleito recrudesceu a partir de 7 de janeiro de 2014, quando ocorreu o latrocínio em que morreram a atriz e ex-Miss Venezuela, Mónica Spear, e seu ex-marido, o irlandês, Thomas Henry Berry, na rodovia Puerto Cabello – Valencia, no estado de Carabobo. A filha de cinco anos do casal também foi ferida por um tiro mas sobreviveu.[24][25]
Os protestos estudantis de 2014 coincidiram com as comemorações do aniversário de 100 anos da vitória na Guerra de Independência da Venezuela, quando as escassas forças independentistas formadas majoritariamente por estudantes venceram a Espanha. A celebração ocorre em 12 de fevereiro e é conhecida na Venezuela como Dia Nacional da Juventude. Em fevereiro, as manifestações cresceram significativamente de tamanho e já estavam sendo realizadas em diversas cidades do país. Nos conflitos que se seguiram, seis pessoas foram mortas e mais de duzentas foram feridas desde 13 de fevereiro.[26] Cerca de 180 pessoas foram presas desde meados do mesmo mês. Um estudante também morreu atropelado.[27][28][29][30][31]
Após as eleições de 2013, as manifestações intensificaram-se em 2014, tendo como alvo dos protestos o aumento da criminalidade. O Channel 4 descreveu a Venezuela como "um dos países mais perigosos do mundo". A criminalidade teve uma escalada durante a administração do Hugo Chávez, e os assassinatos são comuns, em assaltos à mão armada, o que o InsightCrime atribuiu à falta de investimento nas forças policiais e ao fraco controle de armas.[30] Uma pessoa é assassinada a cada 21 minutos.[32] Nos dois primeiros meses de 2014, cerca de 3.000 pessoas foram assassinadas - 10% a mais que no ano anterior e 500% maior do que quando Hugo Chávez tomou posse, em fevereiro de 1999. Atribui-se o aumento da criminalidade à alta incidência de posse de armas; 91% dos assassinatos ficam impunes, de acordo com o Instituto de Pesquisa sobre Convivência e Segurança Cidadã.[33]
De acordo com a ONG Observatório Venezuelano da Violência, o índice de homicídios do país em 2013 era de 79 mortes para cada 100 mil pessoas (totalizando cerca de 25 mil mortes ao ano). Segundo esse dado, a Venezuela seria o terceiro país mais violento do mundo - atrás apenas de Honduras e El Salvador.[34][35] O governo, no entanto, divulgou um índice bem menor: 39 mortes para cada 100 mil habitantes, sendo que 72% dos assassinatos no país ocorreram devido a confrontos entre narcotraficantes.[36] O chamado "Plano Pátria Segura" mostrou-se um sucesso: dados divulgados por órgãos oficiais afirmam que, em 2013, houve 51% menos sequestros e 17% menos assassinatos do que em 2012.[37] Em fevereiro de 2014, em resposta aos protestos, Maduro apresentou um plano com medidas para reduzir a violência, incluindo: maior investimento em vigilância policial, uma grande campanha de desarmamento da população e normas para todas as televisões venezuelanas, a cabo e aberta, sem dar maiores detalhes.[36]
O Departamento de Estado dos Estados Unidos e o Governo do Canadá alertam os cidadãos desses países, para que evitem viajar à Venezuela, considerando a significativa incidência de crimes violentos (incluindo homicídios, roubos e sequestros), além da escassez de medicamentos, alimentos básicos e água.[38][39] O governo britânico desaconselha viagens aos estados venezuelanos de Zulia, Táchira, Barinas, Bolívar e Apure, na faixa situada a menos de 80 km da fronteira colombiana.[40]
Em 2013 a Venezuela experimentou uma grande desvalorização de sua moeda[41] e a escassez de produtos de necessariedade, tais como papel higiênico, leite e farinha.[42] O índice de inflação no país chegou aos 56,2% em 2013 e os níveis de escassez chegavam perto dos 20% no mesmo ano.[43][44] Numa manobra para tentar conter a inflação e aumentar o poder de compra dos venezuelanos, o presidente Maduro aumentou o salário mínimo dos trabalhadores e pensionistas nos mesmo níveis da inflação entre maio de 2013 e janeiro de 2014: 59%.[45][46] De acordo com o presidente Maduro, o que está acontecendo é o resultado de uma "guerra econômica" contra seu governo. O governo declara ainda que o capitalismo e a especulação estariam criando as altas taxas de inflação e criando a escassez generalizada de produtos básicos.[47] De acordo com Maduro, o que está em curso é uma "guerra econômica" e os esforços do governo são para impor preços justos aos compradores, declarando também: "Isso é para o bem da nação. Não deixaremos nada nas prateleiras, nada nos armazéns." Para o governo trata-se de um boicote das empresas privadas que estão estocando produtos para vender a preços elevados depois.[48]
Elías Eljuri, atual embaixador do governo, justificou-se dizendo que a razão da escassez de produtos é o povo venezuelano comer “muito”, alegando que 95% dos venezuelanos comem mais de 3x ao dia.[49][50][51][52] Entretanto, dados proporcionados pela oficina de estatísticas do governo venezuelano mostrou que, na realidade, o consumo de alimentos diminuiu.[53]
O governo descobriu uma rota de contrabando na fronteira com a Colômbia e apreendeu 3,5 toneladas de produtos adulterados e 11 mil galões de gasolina dedicados à especulação.[54][55] Médicos da capital protestaram em 21 de fevereiro em repúdio à "situação crítica".[56] Porém para o cidadão comum venezuelano, o governo fornece todos os produtos essenciais em redes de pontos de venda de abastecimento do Estado pela metade do preço do supermercado particular.[carece de fontes]
Em 14 de abril de 2013, Nicolás Maduro foi eleito presidente com uma margem de 1,5% dos votos em relação ao candidato Capriles. Logo após a divulgação do resultado, a oposição mostrou-se cética quanto a idoneidade do processo eleitoral, levantando a possibilidade de fraude.[57] Capriles recusou-se a aceitar o resultado alegando irregularidades eleitorais e pedindo recontagem de votos. O conselho eleitoral fez uma auditoria de 54% dos votos no próprio dia da votação, comparando registros em papel e eletrônicos de uma seleção aleatória de votos, sem encontrar nenhum tipo de irregularidade.[58] Após pedido de Capriles, o conselho comprometeu-se a analisar os 46% restantes[58][59] Algum tempo depois, ainda antes do conselho analisar os 46% restantes, Capriles mudou de ideia quanto ao seu pedido inicial e passou a questionar os métodos de análise do conselho, agora exigindo uma auditoria completa de todo o processo eleitoral (incluindo análises de todas as impressões digitais e assinaturas contidas nos registros). Em 12 de junho de 2013, o resultado da auditoria feita nos moldes padrões nos 46% dos votos restantes confirmou a vitória de Maduro por uma pequena margem de diferença e determinou que não havia nenhuma discrepância no processo eleitoral.[59][60]
Recursos do governo teriam sido usados para financiar a campanha do partido no poder e veículos governamentais fizeram o transporte de material para campanha. Maduro passou duas horas por dia ao vivo na televisão - muito mais do que o tempo dedicado a outros candidatos - insultando constantemente a oposição.[61] Dos cinco membros do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, quatro são apontados pelo governo. O único membro independente declarou que a última eleição foi "a mais desigual da história moderna do país".[61]
Em janeiro de 2014, as manifestações se intensificaram. Foi então que Capriles fez o impensável: apertou a mão de Maduro. Esse gesto fez com que perdesse apoio de uma parte dos opositores do governo, ajudando a catapultar Leopoldo López para o centro das atenções, as quais ele passou a compartilhar com María Corina Machado.[31] Segundo o analista político Miguel Velarde, "hoje é mais evidente que nunca que existem duas visões dentro da oposição: a primeira, majoritária e moderada, apoia a liderança de Henrique Capriles e as negociações com o governo, paralelamente a uma denúncia constante contra o governo chavista - uma oposição de resistência. A segunda, radical, insiste na necessidade, a curto prazo, de um novo governo, o que seria conseguido mediante protestos de rua e uma fórmula eleitoral posterior."[62]
A luta política teve sua expressão mais acabada em 23 de janeiro de 2014, quando os líderes da oposição venezuelana mais à direita - Leopoldo López, María Corina Machado e Antonio Ledezma - anunciaram em coletiva de imprensa o plano que chamaram La Salida, cujo objetivo era a deposição do presidente Nicolás Maduro, e convocaram uma manifestação, na zona leste de Caracas, com dois propósitos: o primeiro era exigir a renúncia imediata de Maduro; o segundo, não declarado, era promover a substituição de Henrique Capriles Radonski na liderança da oposição.[63]
Em 1º de fevereiro, López convocou estudantes a protestar contra a escassez, a insegurança e o desabastecimento. "É um convite aos que querem lutar, aos que sabem que o país está no mau caminho", adiantou López, que pretendia que, durante um mês, a rua propusesse o modo de mudar o governo. Seu objetivo era, então, desembocar em uma Assembleia Constituinte, já que, para um hipotético referendo revogatório contra Maduro faltariam mais de dois anos.[62][64]
Em 6 de fevereiro, estudantes da Universidade Católica de Táchira foram vistos atacando uma residência.[65] Em 9 de fevereiro, mulheres vestidas de preto e alunos de Táchira, Zulia, Caracas e Coro protestaram contra a prisão dos colegas.[66][67]
Em 12 de fevereiro, ocorreram os maiores protestos da oposição: em trinta e oito cidades venezuelanas houve marchas estudantis.[68] Diretórios do PSUV de várias cidades foram depredados, bem como prédios ligados às missões bolivarianas e viaturas da polícia. Uma senhora idosa e doente teria morrido dentro de uma ambulância, que teria ficado bloqueada pelas barricadas armadas por manifestantes. Um oficial da GNB foi ferido por um tiro enquanto defendia um edifício da companhia elétrica estatal Corpoelec.[69]
Em 13 de fevereiro, grupos pró-Maduro se reuniram em frente ao prédio do Ministério Público.[70] Chavistas reuniram-se para protestar em Caracas em 15 de fevereiro. Em 18 de fevereiro funcionários da estatal PDVSA organizaram uma passeata em apoio à Maduro.[71]
Em 19 de fevereiro Génesis Carmona, Miss Turismo de Carabobo, foi assassinada[72][73] Manifestantes foram presos por abrir fogo num caminhão de combustível da PDVSA em Maracay.[74] Grupos de manifestantes queimaram cães vadios com gasolina, durante manifestações violentas na Venezuela, de acordo com relatórios recebidos por várias associações de animais.[75]
Opositores e grupos armados pró-governo entraram em conflito, grupos pró-governo que passavam em motocicletas atirando nos manifestantes.
O padre Palmar, defensor dos manifestantes em Zulia, foi ferido por autoridades venezuelanas durante uma manifestação pacífica.[76][77] Isso aconteceu dois dias depois do padre discursar contra Maduro, pedir sua renúncia e acusá-lo de ser influenciado pelo serviço secreto cubano.[78]
No mesmo dia centenas de pessoas se reuniram em frente ao Palácio da Justiça em apoio à López.[79]
Em 20 de fevereiro, grupos de defesa das mulheres prestaram condolências à família de Génesis Carmona, "Miss Turismo" do estado de Carabobo em 2013, e prometeram protestar, em 22 de fevereiro, contra a sua morte.[80]
Uma forma de protesto é a queima de livros. Os alunos das escolas privadas em Tachira queimaram livros da Coleção Bicentenário, elaborado pelo Governo Nacional.[81]
Em 22 de fevereiro, forças do governo em Chacao usaram gás lacrimogênio e Geraldine Moreno morreu no hospital por disparos que teriam partido da Guarda Nacional.[82]
Vários meios de comunicação têm relatado a presença de paramilitares colombianos em protestos opositores. O filósofo, Miguel Perez Pirela, denunciou a personificação de instruções paramilitares e práticas da Universidade de Carabobo na Faculdade de Engenharia, com sede em Valência.[83] Em 19 de fevereiro militares colombianos foram vistos no estado do Tachira e San Cristóbal[84] em resposta a presença militar colombiana na Venezuela, em 20 de fevereiro, caças Sukhoi Su-35 da Força Aérea Venezuelana foram sobrevoando San Cristóbal. O presidente Maduro ordenou também que um batalhão de paraquedistas ficassem apostos após recomendação do Ministério do Interior e Justiça.[85]
Muitos venezuelanos não apoiaram o segundo mandato de Maduro, e realizaram protestos em todo o país e na capital, Caracas.[86] Vários panelaços foram relatados em toda Caracas, incluindo perto de onde Maduro estava sendo empossado. Os apoiadores de Maduro se manifestaram separadamente.[87][88] Antes da posse, os opositores tinham chamado o povo para protestar durante a posse, com um protesto co-organizado por estudantes liderados por Rafaela Requesens e o partido da Vontade Popular de Guaidó, bloqueando uma estrada perto da UCV.[89]
Tratados como uma forma de protesto pacífico, vários conselhos abertos foram realizados em janeiro de 2019. O primeiro deles foi em 11 de janeiro, realizado por Guaidó.[90] Nas ruas de Caracas, muitas pessoas se reuniram para apoiá-lo.[62]
Antecipando os protestos de 23 de janeiro, vários protestos violentos ocorreram. Em 21 de janeiro, houve uma tentativa militar de golpe, em pequena escala, vista como um golpe fracassado.[91] Havia 27 soldados que sequestraram seguranças e roubaram armas, tentando marchar à Miraflores, que lutaram e foram apreendidos pelas autoridades na madrugada. As pessoas na área local continuaram a luta, protestando e queimado coisas na rua, mesmo quando o gás lacrimogênio foi implantado.[92][93] Um colectivo matou uma mulher na porta de casa[94] e cinco pessoas ficaram feridas.[30][95]
Em 22 de janeiro, protestos eclodiram nos bairros de classe baixa, que até então haviam apoiado Maduro.[96] Isso resultou na morte de um garoto de 16 anos por arma de fogo.[30][97] Protestos aconteceram no estado de Bolívar, onde três pessoas foram mortas[98] e uma estátua de Hugo Chávez foi incendiada e quebrada ao meio e a cabeça e o tronco foram perfurados e usados como um troféu numa ponte pública.[31][99]
Os protestos de 23 de janeiro foram anunciados no conselho aberto, no aniversário do golpe de estado da Venezuela de 1958. Este foi o evento principal em que se esperava forçar Maduro a renunciar. O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, enviou um vídeo de apoio neste dia.[31][58] Da mesma forma, Juan Guaidó e sua esposa, Fabiana Rosales, enviaram vídeos separados para os militares da Venezuela, pedindo-lhes para "não atirar em nós".[61][100]
Durante a noite, o Presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, convocou os partidários de Maduro para realizar uma vigília em torno do Palácio de Miraflores, embora ninguém tenha participado do evento.[101]
Alguns dias depois, Michelle Bachelet, da Organização das Nações Unidas (ONU), expressou preocupação de que a violência durante os protestos pudesse sair do controle, e solicitou uma investigação da ONU sobre o uso da violência pelas forças de segurança.[102]
O governo venezuelano afirmou que manifestantes estariam interessados em repetir o golpe de 2002.[103] Em comunicado, o governo declarou: "A partir de 12 de fevereiro entramos em um novo período em que a extrema direita, incapaz de vencer democraticamente, procura vencer pelo medo, violência, subterfúgios e manipulação da mídia. Eles estão mais confiantes porque o governo dos EUA sempre os apoiou apesar da violência." O governo acusou os Estados Unidos de financiar a desestabilização do país e exigiu que "tirem as mãos da Venezuela", respeitando as "autoridades federais eleitas". Em resposta às acusações, o Poder Executivo dos Estados Unidos negou qualquer envolvimento na Venezuela e afirmou que só recomenda o diálogo pacífico entre os manifestantes e membros do governo venezuelano.[104]
O presidente Maduro organizou manifestações pró-governo como resposta e anunciou que protestos antigoverno violentos continuariam proibidos.[105] Para os apoiadores do governo venezuelano, as reivindicações dos manifestantes representam um ultraje contra a democracia pois almejam a derrubada de um presidente eleito pelo povo.[106]
Em 17 de fevereiro, agentes da inteligência do governo invadiram ilegalmente a sede do partido Vontade Popular em Caracas e os presentes foram rendidos por homens armados.[107]
O levante contra o governo estaria sendo financiado por governos e políticos estrangeiros interessados em sua saída do poder. Sobre os protestos, Maduro declarou: "Eles disseram que iam às ruas e que não iam sair das ruas até que o Maduro renunciasse. Eu quero dizer aos loucos fascistas que o Maduro não vai renunciar, nem um só milímetro, ao poder que o povo da Venezuela lhe deu. Vou continuar no poder porque o povo está no poder".[108]
Em 21 de fevereiro, durante uma coletiva de imprensa, Maduro mais uma vez acusou os Estados Unidos e a OTAN de tentar derrubar seu governo através da mídia e afirmou que Elías Jaua tinha reunido provas para demonstrar isso.[109] Maduro também solicitou à Obama um "diálogo de alto nível" entre a "Venezuela patriota e revolucionária" e os Estados Unidos para que negociassem a situação.[110] Maduro solicitou ainda que os Estados Unidos nomeie embaixadores e declarou: "Presidente Barack Obama, este é o momento para que as elites que governam os Estados Unidos se sentem para conversar, de igual para igual, com o movimento revolucionário da América Latina. Nos propomos, humildemente, a colocar um representante nosso na mesa".[111] Maduro também confirmou que agentes da SEBIN atiraram em manifestantes e disse que os responsáveis já estavam presos.[112] Maduro afirmou que existem "infiltrados" que atacam manifestantes e fazem parte do mesmo plano de desestabilização e avisou que "quem sacar armas em nome da Revolução Bolivariana será preso".[113] Durante os protestos houve ataques a edifícios do Estado, durante o comício da oposição em 12 de fevereiro, o Gabinete do Procurador é atacado, as patrulhas foram queimados em Caracas, e foi sitiada a televisão estatal Venezolana de Televisión (VTV) durante 6 dias consecutivos.[114][115] O governo chamou de "direita fascista" nos protestos, pedindo que priorizem o diálogo direto de líderes estudantis com a presidência.[116]
O 22 de fevereiro, Maduro ironizou o "panelaço" que se tornou prática comum nos protestos contra seu governo: "Eu recomendo que comprem algumas panelas de aço inox que durem uns bons 10, 20, 30 ou 40 anos. Porque a revolução durará por muito tempo!".[117]
Em abril, o presidente Maduro se reuniu com a oposição venezuelana buscando o diálogo.[118]
Tarek Yorde, um analista político de Caracas lembra que há casos de tanto o governo e seus apoiadores quanto a oposição e seus apoiadores terem usado as mesmas redes para difundir informações falsas.[131] O governo rebateu ainda os "meios de comunicação corporativos" que estariam tentando enganar o povo divulgando erroneamente que "Maduro é autoritário, que a oposição é democrática e que estamos presenciando uma revolta contra uma ditadura". Para o governo, acusações desse tipo "devem ser combatidas com vigilância".[132]
De acordo o USA Today, a cobertura adequada dos protestos têm sido gradualmente minada.[131] A CNN declarou que se sente ameaçada[133] após equipamentos de seus correspondentes terem sido roubados e destruídos por forças do governo.[134] O presidente Maduro ameaçou forçar a saída da CNN da Venezuela, declarando: "Eu mandei o ministro Delcy Rodriguez notificar a CNN que iniciamos um processo administrativo para retirá-los da Venezuela. Se eles não retificarem [a programação], a CNN deixa a Venezuela. Chega de propaganda de guerra!".[135][136][137]
A CANTV, empresa estatal que controla a maioria do tráfego de internet na Venezuela, supostamente teria bloqueado as imagens do Twitter por um curto período de tempo.[138][139][140] O porta-voz do Twitter Nu Wexler confirmou a informação,[141] mas a CANTV rebateu negando que tivesse qualquer relação com o ocorrido.[142] O canal a cabo de notícias colombiano NTN24 teve o direito de transmitir na Venezuela revogado porque, de acordo com o governo, suas transmissões estariam contribuindo para o desejo de repetir o golpe de 2002.[143] Maduro denunciou também a Agence France-Presse por manipulação de informação.[144] Ele parabenizou ainda a Polícia Nacional Bolivariana por suas ações nos protestos, mesmo com as duras críticas às ações policiais mostradas na mídia.[145]
Maduro acusou emissoras de manipulação e telenovelas venezuelanas de espalhar "anti valores" em seus roteiros e de "incitação à violência e ao ódio na sociedade". Em cerimônia oficial, Maduro declarou: "A protagonista matou mais de nove pessoas até que a mãe a matou. E é a heroína. Quantos milhões veem isso? Crianças, pessoas com problemas, todos assistem."[146][147]
Observa que, em qualquer sociedade democrática não deve permitir ataques ou distúrbios instituições legitimamente eleitos. A nota também recomenda o diálogo.[149]
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