![cover image](https://wikiwandv2-19431.kxcdn.com/_next/image?url=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/73/Tabacaria_Presenca_39_Julho_1933.jpg/640px-Tabacaria_Presenca_39_Julho_1933.jpg&w=640&q=50)
Poema
texto literário / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Um poema é um texto que procura transmitir um conteúdo subjetivo - experiências, pensamentos e afetos - por meio da voz de um eu lírico, em linguagem figurada e com um ritmo verbal. Geralmente, é escrito em versos, mas pode ser também escrito em prosa. Na definição de Afrânio Coutinho, é "a forma que encorpa a poesia".[1]
![Poema "Tabacaria", de Fernando Pessoa](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/73/Tabacaria_Presenca_39_Julho_1933.jpg/640px-Tabacaria_Presenca_39_Julho_1933.jpg)
![Desenho de Álvares de Azevedo](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/86/Alvares_de_Azevedo_%28Iconogr%C3%A1fico%29.jpg/640px-Alvares_de_Azevedo_%28Iconogr%C3%A1fico%29.jpg)
SE EU MORRESSE AMANHÃ
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Álvares de Azevedo [2]
No exemplo acima, o eu lírico procura transmitir a tensão entre a paixão pela vida e o desejo pela morte. Para isso, faz uso de diversos tropos - como "dor no peito", "fechar meus olhos" etc. -, que garantem ao texto imagens vivas que retratem o corpo do conteúdo. Além disso, emprega também diversos artifícios rítmicos - como rimas, versos métricos, assonâncias, aliterações etc. - que emprestam às palavras um aspecto musical.
Fortemente relacionado com a música, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, os poemas eram predominantemente cantados. A partir do Renascimento - precisamente a partir dos humanistas italianos, como Francisco Petrarca e Dante Alighieri -, os poemas para recitar passaram a ser fortemente cultivados, mas desde a Antiguidade já existiam exemplos de poemas sem acompanhamento musical, como em alguns salmos bíblicos e em algumas odes de Horácio.
Pelo que sabemos, os poemas existem desde antes da escrita. Foi cultivado em muitas culturas, como na hebraica, egípcia e mesopotâmica, e em algumas, como na grega, o poema foi a forma predominante de literatura.[3]