Pax Julia

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Pax Julia, Pax Iulia, Pax Augusta[1] ou Civitas Pacensis era o nome da cidade de Beja, Portugal, no tempo da dominação romana da Península Ibérica. Pensa-se que a povoação seria já muito antiga, talvez mesmo existente nos últimos períodos pré-históricos. A avaliar pelos achados arqueológicos do seu termo, Pax Julia teria sido uma importante cidade durante a romanização do território onde hoje existe Portugal.

Factos rápidos Localização atual ...
Pax Julia
Pax Julia
Pax Julia
Vista do arco romano de Beja, junto ao Castelo de Beja.
Localização atual
Pax Julia está localizado em: Portugal Continental
Pax Julia
Localização de Pax Julia no que é hoje Portugal
Coordenadas 38° 01′ 04″ N, 7° 51′ 55″ O
País Portugal Portugal
Região geográfica Alentejo
Cidade atual Beja
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Até ao século XX, alguns autores identificavam a Pax Julia romana com a cidade espanhola de Badajoz. Esta identificação foi avançada por Rodrigo Dosma, um cónego de Badajoz do século XVI, em cuja época era habitual a elaboração mais ou menos fantasiosa, quando não completamente inventada, da história de cidades, com o objetivo de demonstrar uma grande antiguidade e a origem romana ou anterior.[2] Esta hipótese está atualmente posta de lado, devido à pouca ou nenhuma consistência dos argumentos, que se baseavam exclusivamente em interpretações arbitrárias das fontes históricas, e que não são corroborados por evidências arqueológicas. Apesar disso, tanto o gentílico culto de Badajoz como o nome da diocese badajocense em latim continuam a ser "pacense" (Augustanus-Pacensis, de Pax Augusta ou simplesmente Pacensis),[1] ao passo que a diocese bejense é designada Beiensis.[3]

História

O nome celebra a pacificação dos célticos, mais tarde integrados no território da província romana da Lusitânia. O nome Júlia deve-se ao facto de ter sido Júlio César o autor dessa mesma paz. De igual modo, o imperador Augusto denominou esta importante cidade Pax Augusta, prevalecendo no entanto a denominação inicial. Crê-se que a cidade foi fundada cerca de 400 a.C., pelos célticos, uma tribo celta que habitava grande parte dos territórios de Portugal a sul do rio Tejo (atual Alentejo e península de Setúbal) e parte da Estremadura espanhola, até ao território dos cónios (atual Algarve e parte do sul do distrito de Beja)

Os cartagineses lá se estabeleceram durante algum tempo, no século III a.C., um pouco antes da sua derrota e expulsão da Península Ibérica pelos romanos no seguimento da segunda guerra púnica. As primeiras referências à cidade aparecem no século II a.C., em relatos de Políbio e de Ptolomeu. Com a conquista romana, esta cidade passa a fazer parte do Império Romano (mais especificamente da República Romana), ao qual pertenceu durante mais de 600 anos, primeiro na província da Hispânia Ulterior e posteriormente na província da Lusitânia. Nos séculos III e II a.C. decorreu o processo de romanização das populações locais e a cidade passou a fazer parte da civilização romana, pertencendo a uma região muito romanizada.

Foi sede de um convento (circunscrição jurídica) pouco depois da sua fundação — o Convento Pacense (Conventus Pacensis) e teve direito itálico.Albergou uma das quatro chancelarias da Lusitânia, criadas no tempo de Augusto. A sua importância é atestada pelo facto de por lá passar uma das vias romanas.

Do período romano restam algumas inscrições, esculturas, cipos, objectos em cerâmica e vestígios de um aqueduto que passa perto da Igreja do Pé da Cruz. Recentemente foram descobertos os restos do que é um dos maiores templos da Península Ibérica.[4]

No século V, após a Queda do Império Romano do Ocidente, os suevos apoderaram-se da cidade, sucedendo-lhes os visigodos. Nessa época foi sede episcopal e passou a denominar-se Paca, provindo o nome actual do árabe Baja ou Beja, uma alteração fonética de Paca (a língua árabe não tem o som "p"). De 714 a 1162, altura em que foi conquistado pelos portugueses, esteve na posse dos mouros.

O castelo de Beja foi originalmente edificado pelos romanos, tendo sido alvo de várias reconstruções.

Referências

  1. López Bardón, T. (1097). «Diocese of Badajoz». New Advent (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company, New Advent Catholic Encyclopedia. Consultado em 1 de março de 2015
  2. Dosma Delgado, Rodrigo (1870), Barrantes, Vicente, ed., Discursos pátrios de la Real Ciudad de Badajoz (em espanhol), Biblioteca Histórico-Extremeña, p. xliii–liii, consultado em 1 de março de 2015
  3. Knight, Kevin, ed. (1097). «Beja (Beiensis)». New Advent (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company, New Advent Catholic Encyclopedia. Consultado em 1 de março de 2015
  4. Lourenço, Luís Miguel (30 de julho de 2009). «Arqueologia: Templo romano descoberto em Beja é o maior de Portugal e um dos maiores da Península Ibérica». Lusa, Expresso.sapo.pt. Consultado em 1 de março de 2015
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