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Ópera rock é uma obra de rock que apresenta uma narrativa contada em diversas partes, canções ou seções, ao estilo de uma ópera. Uma ópera rock difere-se de um álbum convencional por geralmente trazer canções unificadas por um tema ou narrativa em comum, contando uma história com princípio, meio e fim. Uma ópera rock pode ou não ser apresentada de forma teatral. Em formato gravado, pode ser similar a um álbum conceitual, embora este simplesmente mantenha um tema ou estilo específico e as canções não sejam unidas por um enredo.
Ópera rock | |
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Origens estilísticas | Ópera, rock progressivo |
Contexto cultural | Final dos anos 60 no Reino Unido |
Instrumentos típicos | Vocal, guitarra, baixo, teclados, piano, bateria, às vezes flautas, clarinetes, violinos, violas, contrabaixos, violoncelos, saxofones, trombones e trompetes |
Popularidade | Alta na década de 1970, teve revival na década de 1980, moderada na década de 1990, e um ressurgimento nos anos 2000 |
É consenso geral que a principal característica de uma ópera compartilhada pela ópera rock é a narrativa consistente,[1] centrada em seres humanos e seus conflitos e problemas, e que relata tais aspectos de forma coesiva e coerente.[2] Alguns estudiosos, como o escritor Eric V. d. Luft, defendem ainda que, analisado mais a fundo, o gênero pode revelar outras semelhanças:[3]
“ | A ópera rock não é um drama musical unificado ou Gesamtkunstwerk de um Wagner ou um Strauss, mas simplesmente uma série de canções interligadas que, reunidas, contam uma história. Dessa forma, também não chega a ser unificada como uma obra de Verdi ou de Puccini mas, sendo caracteristicamente disjuntiva e impressionista, guarda semelhança mais próxima com os trabalhos de Mozart, Händel ou Monterverdi. Da mesma maneira que as obras desses compositores do século XVII e XVIII, a ópera rock não apresenta um recitativo para amarrar a narrativa entre as canções, não tendo nada para substituir esta função exceto a imaginação do ouvinte. Sendo assim e, a não ser que seja excessivamente polida por seu autor, uma ópera rock é tipicamente aberta a diversas interpretações plausíveis. | ” |
A principal diferença entre a ópera e a ópera rock, por outro lado, é que a segunda é normalmente apresentada por seus próprios compositores e arranjadores, sendo desenvolvida ainda durante o processo de produção e vista na maioria das vezes como um esforço colaborativo entre diversos músicos.[2] Embora não represente um padrão ou norma a ser seguida, a apresentação em concerto de uma ópera rock é em geral acompanhada de elaborados sistemas de iluminação, cenário e outros objetos de palco, e em determinados casos até mesmo de encenações ou trechos de diálogos para acompanhar a música.[4]
Assim como acontece com "álbum conceitual", há controvérsias acerca de quem surgiu com o termo "ópera rock". Tommy, do The Who, é frequentemente citada como a precursora das óperas rock e, senão a primeira, foi pelo menos a obra que definitivamente popularizou o gênero.[3][5] Pete Townshend, guitarrista e principal compositor e do Who, é creditado por muitos como o pai do gênero, enquanto outros, como o crítico John Rockwell, afirmam que os créditos cabem ao obscuro grupo psicodélico britânico dos anos 60 Nirvana e seu álbum de 1967 The Story of Simon Simopath. Há ainda um terceiro segmento — incluindo aí os próprios integrantes do Nirvana — que defendem que a banda britânica Pretty Things inventou a ópera rock com seu álbum S.F. Sorrow, de 1968.[4]
Quem quer que tenha sido o criador, a gênese do fenômeno foi inquestionavelmente britânica, parte de uma tentativa maior de intelectualizar o cenário musical do rock e ao mesmo tempo transpor o fosso entre a música clássica e a música pop.[2]
Em meados de 1966, Pete Townshend presenteou Kit Lambert, empresário e produtor do Who, com uma gravação chamada "Gratis Amatis", uma ária formada por vozes satíricas cantando a frase gratis amatis repetidamente. Alguém teria chamado a música de "ópera rock", o que levou Lambert a exclamar pensativo "Aí está uma ideia!". No final do mesmo ano, o Who entrou em estúdio para sua primeira tentativa de gravar um trabalho operístico. Denominada "mini-ópera", a canção de nove minutos "A Quick One, While He's Away" foi lançada em dezembro de 1966 no álbum A Quick One.[6]
Em outubro de 1967, o grupo Nirvana lança The Story of Simon Simopath, um dos primeiros álbuns por uma banda de rock a englobar um único enredo em todas as suas canções. Em dezembro de 1968, o Pretty Things lança S.F. Sorrow, com a biografia musicada do personagem Sebastian F. Sorrow do berço ao túmulo e da alegria à miséria.[7]
Em abril de 1969, o The Who lança Tommy, o primeiro trabalho musical denominado explicitamente como uma ópera rock. Composto primariamente por Pete Townshend, foi um enorme sucesso de vendas, dando origem a versões para balé, teatro e cinema, entre outras.[8] Em outubro do mesmo ano o The Kinks lançou sua experimentação com o novo gênero, Arthur (Or the Decline and Fall of the British Empire), obtendo também grande êxito de público e crítica.[9]
Tommy influenciou muitos, incluindo o compositor Andrew Lloyd Webber que, com o letrista Tim Rice, compôs Jesus Christ Superstar, gravado e lançado como álbum conceitual em 1970. O trabalho foi um sucesso, e o dinheiro obtido com as vendas foi usado para patrocinar a subsequente produção teatral, encenada no final de 1971. A obra foi explicitamente divulgada como uma "ópera-rock", e embora seu formato original tenha sido o de um álbum, a intenção sempre foi a de montá-la em forma musical. Acabou alcançando então grande êxito na Broadway, passando a ser definida como um "musical rock".[10]
Em 1972, David Bowie lança sua ópera rock The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, a história de um astro do rock que é orientado por alienígenas a compor músicas às vésperas do fim do mundo.[11] Em 1973, o Who lança sua segunda ópera rock, Quadrophenia, sobre um adolescente da década de 1960 sofrendo de um transtorno de personalidade.[12] No mesmo ano Lou Reed lança Berlin, uma ópera rock trágica a respeito de um casal condenado, tratando de temas como uso de drogas, depressão e suicídio.[13] Em 1974, o Genesis lança The Lamb Lies Down on Broadway, uma história surreal sobre um jovem à procura de seu irmão desaparecido.[14]
Em 1975, o Queen lança Bohemian Rhapsody, composta por Freddie Mercury, que tem uma letra fatalista de quase 6 minutos. É umas das músicas mais conhecidas que apresenta esse estilo de junção de rock e ópera.
Em 1979, o Pink Floyd lança The Wall. O trabalho, encenado em elaboradas apresentações teatrais pela banda, acabaria se tornando uma das mais famosas e celebradas óperas rock.[15] No mesmo ano Frank Zappa lança Joe's Garage, uma ópera rock em três atos sobre a vida de um jovem músico chamado Joe, situada em um futuro distópico onde a música foi tornada ilegal (esse último detalhe inspirado na Revolução Iraniana, que condenou apresentações musicais públicas).[16]
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