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Navilouca foi uma revista de poesia e arte de vanguarda brasileira, que circulou apenas uma edição, em 1974.[1]
Inspirados pelas publicações do Concretismo, como Noigandres e Invenção, os poetas Torquato Neto e Waly Salomão elaboraram em 1971 o projeto de uma revista que revelasse a produção poética experimental do Brasil da época, influenciada pelo Tropicalismo e pela contracultura. No enanto, o grupo não conseguiu reunir os recursos necessários para imprimir e distribuir a sua criação.
Torquato morreu em 1972, sem conseguir ver a revista publicada. Com a intermediação de Caetano Veloso, Waly conseguiu que André Midani, executivo da Polygram, apoiasse a ideia. Navilouca foi finalmente lançada em 1974 e oferecida como brinde de Natal a clientes da gravadora. Em 1975, alguns exemplares foram distribuídos e vendidos em livrarias.[2]
O título Navilouca é uma palavra-poema criada por Waly Salomão, inspirada na Stultifera Navis (Nau dos insensatos), descrita por Michel Foucault no livro História da Loucura.
A revista teve projeto gráfico de Óscar Ramos e Luciano Figueiredo. Em formato grande (27 x 36 cm), apresentava-se já na capa como "edição única", funcionando como uma antologia de poetas experimentais.[2]
O requisito de Oiticica para as colaborações era que fossem capazes de “assumir o experimental”. Assim, reunia textos teóricos, manifestos, autorretratos, cinepoemas e estruturas espaço-visuais. Em várias páginas, a imagem e o texto são inseparáveis, criando uma sintaxe própria, como proposições poético-visuais.[3]
A Navilouca, ao mesmo tempo que recuperava características da poesia concreta, como o rigor formal contraposto à informalidade da geração mimeógrafo, procurava não estabelecer um estilo fixo. O próprio fato de ter existido apenas um número mostra a aversão de Torquato e Oiticica à estagnação de uma arte tornada "oficial".[4][5][6]
Navilouca, nas palavras de uma crítica, é "um manifesto às avessas", na medida em que encerra a Tropicália e inicia a gestação de um novo cenário para a cultura brasileira, sem contudo criar em si um novo movimento, reunindo artistas novos e outros consagrados pelo próprio tropicalismo ou por movimentos anteriores.[8]
Apesar de sua breve existência, a revista é considerada uma das mais importantes da contracultura[9][10] e do pós-tropicalismo,[11] tornando-se um marco da nova poesia brasileira na década de 1970.[12][13] Nas suas páginas surge, entre outros, o poeta Chacal, antecipando a poética da Nuvem Cigana.[14]
Navilouca é o título de uma canção de Pedro Luís,[15] incluída no primeiro álbum do grupo Pedro Luís e a Parede, Astronauta Tupy (1997) e no CD/DVD Navilouca ao Vivo (2010).[16][17]
Navilouca é também o nome de uma banda de música popular brasileira formada em 2016 em Piripiri.[18]
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