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As contribuições de mulheres em relação às mudanças climáticas têm recebido atenção crescente no início do século XXI. A importância das percepções femininas sobre as consequências desproporcionais dos problemas climáticos às mulheres foi pontuada pelas Organização das Nações Unidas.[1] Um relatório da Organização Mundial da Saúde concluiu que a incorporação de análises sobre mudanças climáticas e gênero forneceria, de forma mais eficaz, uma mitigação das mudanças climáticas.[2]
As mulheres deram contribuições importantes para a pesquisa e a política de mudanças climáticas e para uma análise mais ampla das questões ambientais globais.[3] Muitas mulheres cientistas, bem como políticas e ativistas. Mulheres pesquisadoras contribuiram significativamente para as principais avaliações científicas sobre mudanças climáticas, como as do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e da Avaliação do Ecossistema do Milênio. Além disso, estão razoavelmente bem representadas nos principais comitês de mudança global como o Conselho Internacional de Ciência (ICSU) e a Academia Nacional de Ciências dos EUA.
As mulheres desempenharam papéis importantes de liderança na política climática internacional. Por exemplo, Christiana Figueres lidera as negociações internacionais sobre o clima como Secretária Executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Susan Solomon presidiu o grupo de trabalho 1 de ciência do clima do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas em 2007.
As mulheres geralmente são pouco representadas na ciência e enfrentaram muitas barreiras para seu sucesso e reconhecimento.[4][5] Após a revolução científica no século XVII, as mulheres europeias envolveram-se na ciência observacional, incluindo astronomia, história natural e observações meteorológicas, embora muitas universidades não admitissem mulheres até o final do século XIX.[6][7][8][9]
Apesar do relativo avanço na pós-graduação de mulheres no século XX e XXI, nos Estados Unidos, as mulheres ocupam menos de 25% dos cargos docentes em ciências e ganham menos do que os homens de mesmo nível.[10]
As mulheres negras, indígenas e do Sul Global têm mais probabilidade de serem invisibilizadas e pouco representadas na pesquisa e liderança acadêmica.[11] Isso está associado a um legado de discriminação, falta de oportunidades educacionais, barreiras linguísticas e falta de esforço para identificá-las e citá-las.[10][12]
As mulheres estão sub-representadas nas principais disciplinas do estudo das mudanças climáticas. Por exemplo, as mulheres são uma minoria nas ciências da natureza, na qual pesquisas revelam que menos de 20% dos meteorologistas e geocientistas são mulheres.[13] As mulheres são ligeiramente melhor representadas nas ciências ecológicas. Um estudo relata que as mulheres são 55% dos alunos de pós-graduação em ecologia. Apesar disso, apenas cerca de 33% dos professores efetivos são mulheres, enquanto 75% dos artigos da principal revista internacional - Ecology - são escritos por homens.[14] As mulheres receberam proporcionalmente menos financiamento para pesquisa e foram menos propensas a serem citadas por seus colegas.[15]
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura publica dados sobre as mulheres na ciência em todo o mundo.[16] No geral, as mulheres estão melhor representadas no total de pesquisadores científicos na América Latina, Oceania e Europa (+30%) e menos na Ásia (19%).
Argumenta-se que, quando as mulheres são negligenciadas como acadêmicas e lideranças, o mundo deixa de tirar proveito da plenitude da capacidade humana, necessária para questões tão urgentes como a mudança climática.[17] As mulheres também podem ter abordagens mais colaborativas, especialmente em negociações, e podem prestar mais atenção aos grupos desfavorecidos e ao meio ambiente.[18][19]
O gênero se tornou um problema devido ao papel essencial das mulheres na gestão de recursos como água, florestas e energia, e porque as mulheres lideram lutas pela proteção ambiental.[20][21]
Expressou-se uma preocupação geral sobre a necessidade de destacar o trabalho das mulheres e incluir mais mulheres nos principais comitês, a fim de incentivar a igualdade de gênero, justiça social e inspiração para as jovens ingressarem em carreiras científicas.[22][23] Isso reflete argumentos mais gerais sobre as barreiras para o avanço das mulheres e a necessidade de uma maior representatividade das mulheres em posições de liderança.
O documento final da Conferência Rio +20 sobre Desenvolvimento Sustentável - o Futuro que Queremos - reconheceu a necessidade de remover as barreiras para a participação plena e igualitária das mulheres na tomada de decisão e gestão e a necessidade de aumentar as mulheres em cargos de liderança.[24] Um relatório preparado pela ONU Mulheres reconhece que as desigualdades estruturais que impedem a representação feminina nas ciências, negociações e políticas do clima e recomenda maior equilíbrio de gênero na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC).[25] O relatório argumenta que os "desafios da mudança climática não podem ser resolvidos sem o empoderamento das mulheres" e que as mulheres foram marginalizadas nas negociações internacionais. Ele relata dados que mostram fraca representação de mulheres nas instituições da CQNUMC, incluindo o Comitê de Adaptação (25%), o Conselho do GEF (19%) e o Grupo de Especialistas (15%) e que, em geral, as mulheres constituem menos de 20% da delegação chefes e menos de 30% dos membros das delegações nas conferências da CQNUMC.
Um apelo à ciência internacional para dar mais atenção à inclusão de mulheres acadêmicas foi feito pela economista britânica Kate Raworth.[26] Em seu artigo "Must the Anthropocene be the Manthropocene?" (O Antropoceno deve ser o homem-tropoceno?, em tradução livre),[27] ela destacou que o grupo de trabalho de 36 cientistas e acadêmicos que se reuniu em Berlim em 2014 para começar a avaliar as evidências de que a humanidade estava entrando em uma nova época, o Antropoceno, era composto quase inteiramente de homens. Ela afirmou: "Cientistas importantes podem ter o intelecto para reconhecer que nossa era planetária é dominada pela atividade humana, mas eles ainda parecem alheios ao fato de que suas próprias deliberações intelectuais são bizarramente dominadas por vozes masculinas brancas do norte".[27]
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