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sistema de medicina que supostamente foi criado há mais que 3000 anos Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A medicina tradicional chinesa (MTC), também conhecida como medicina chinesa (em chinês 中醫, zhōngyī xué, ou 中藥學, zhōngyaò xué), é a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas de medicina tradicional em uso na China, desenvolvidas no curso de sua história [2] [3]. A MTC é utilizada principalmente como medicina alternativa, com caráter integrativo e complementar - não substitutivo - à medicina alopática [4]. Observe-se que é uma história que não corresponde exatamente a China que conhecemos hoje, e sim a Ásia, ao longo de milhares de anos, quando foram se consolidando as fronteiras dos atuais países e desenvolvendo uma civilização que reuniu mais da metade das descobertas e invenções tecnológicas do "mundo moderno". [5] [6] [7]
Para Padilla (o.c.) a medicina chinesa pode ser considerada, portanto, uma "sistematização" das mais antigas formas de medicina oriental, abrangendo, para fins de estudo, as outras medicinas da Ásia, como os sistemas médicos tradicionais do Japão, Taiuan, da Coreia, do Tibete e da Mongólia. [8] [9] [10]
A MTC foi desenvolvida empiricamente a partir da experiência clínica, e documentada em muitos textos, hoje clássicos [11]. Se fundamenta numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Ela inclui entre seus princípios o estudo da relação de yin/yang, da teoria dos cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos meridianos do corpo humano. [12] [13]
Tendo como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano e sua interação com o ambiente segundo os ciclos da natureza, procura aplicar esta compreensão tanto ao tratamento das doenças quanto à manutenção da saúde através de diversos métodos. [3]
A MCT tem, por princípio básico, a teoria da energia vital do corpo (chi ou qi) que circula pelo corpo através de canais, chamados de meridianos, os quais teriam ramificações que os conectariam aos órgãos[14]. Os conceitos de "corpo" e "doença" utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa se baseiam em noções de uma cultura pré-científica, similar à teoria europeia dos humores (humorismo), em voga até o advento das pesquisas médicas modernas dos anos 1800[15]. Pesquisas científicas não encontraram nenhuma prova fisiológica ou histológica dos conceitos tradicionais chineses, como qi, meridianos ou mesmo pontos de acupuntura[4].
A teoria e a prática da Medicina Tradicional Chinesa não são baseadas em conhecimento científico, e seus praticantes discordam grandemente sobre os diagnósticos e os tratamentos dos pacientes[14]. A eficácia da medicina fitoterápica chinesa continua pouco pesquisada e documentada[17].
Pesquisas farmacêuticas têm explorado o potencial de criação de novos remédios baseados em princípios ativos que poderiam ser encontrados em soluções da MCT, mas têm obtido pouco sucesso. Um editorial da revista especializada Nature descreve a Medicina Tradicional Chinesa como "repleta de pseudociência".[18].
A Medicina Tradicional Chinesa, apesar de baseada na maior parte em uso de plantas, está associada ao tráfico ilegal de animais selvagens e à morte de animais ameaçados de extinção, como o Pangolim e o Rinoceronte. A expansão econômica internacional da China, particularmente através da iniciativa da Nova Rota da Seda, tem expressado também o crescimento de influência das práticas e receitas da MCT, sendo promovida atualmente pelo próprio governo chinês. Com a contemporânea presença econômica chinesa na África, o uso da MCT tem sido verificada no continente, e a busca de satisfazer o mercado animal gerada pela prática com a exploração dos recursos naturais africanos também tem sido denunciada por organizações locais e internacionais, ameaçando a biodiversidade do continente.[19][20]
Os principais métodos de tratamento da medicina tradicional chinesa [21] basicamente são:
A medicina tradicional chinesa utiliza a fitoterapia e outros medicamentos como seu último recurso para combater os problemas de saúde.
Segundo sua crença básica, o corpo humano dispõe de um sistema sofisticado para localizar as doenças e direcionar energia e recursos para curar os problemas por si mesmo.
O objetivo dos esforços externos deveria se focar em cuidadosamente auxiliar as funções de autocura do corpo humano, sem interferir. Refletindo esta mesma ideia, um ditado chinês diz que "qualquer remédio tem 30% de ingredientes venenosos".
Atualmente, a medicina tradicional chinesa está progressivamente incorporando técnicas e teorias da medicina ocidental em sua práxis, em especial os tipos de exames sem características invasivas.
Os aspectos básicos a considerar em um diagnóstico pela MTC [22] são:
A partir das informações reunidas desta forma pelo terapeuta, é elaborado um diagnóstico usando como referência um sistema para classificar os sintomas apresentados.
Este sistema se fundamenta no conhecimento dos seguintes princípios teóricos:
Para trabalhar com os sistemas de diagnósticos da MTC é preciso desenvolver a habilidade de observar aparências sutis, observar o que está bem a nossa frente mas escapa da observação da maioria das pessoas.
Na China atual, cada vez mais o diagnóstico pela MTC interage com métodos de diagnóstico ocidentais, direcionando-se gradualmente para uma total integração entre os dois sistemas. Frequentemente os praticantes combinam os dois sistemas para avaliar o que acontece com seu paciente.[carece de fontes]
Na medicina tradicional chinesa, a patologia interna tem, como causa, desequilíbrios internos[22] [23] tais como:
As principais perturbações energéticas:
Coincide com o conceito ocidental de patologia crónica.
Na visão da medicina tradicional chinesa, a patologia externa tem, como causa, a penetração de factores externos (ou agentes perversos externos Xie Qi) no organismo:
As principais perturbações energéticas:
Corresponde ao conceito ocidental de patologia aguda.
Conjunto de sintomas que dizem respeito à totalidade do organismo e a nenhum órgão em específico.
Conjunto de sintomas que se referem à perturbação de um dos órgãos principais.
Além de datas específicas de conquistas da arte médica, a invenção da escrita e metalurgia modificaram os rumos e evolução dessa técnica no contexto da civilização chinesa.
A Administração Estatal de Medicina Tradicional Chinesa da República Popular da China (SATCM - State Administration of Traditional Chinese Medicine of the People's Republic of China) foi fundada em 1955. A função da organização é organizar a forma de treinar profissionais da medicina tradicional chinesa, fazer pesquisa acadêmica, explorar a tecnologia e proteger a propriedade intelectual.
Destacam-se, entre suas proposições formais:
1. A formulação de estratégias, planos, políticas e normas relevantes para o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa (MTC) inclusive como patrimônio imaterial.
2. Supervisionar os cuidados de saúde, prevenção de doenças, preservação da saúde e reabilitação, bem como a prescrição clínica da medicina tradicional chinesa, orientar, planejar e coordenar a estrutura das instituições médicas e de pesquisa
3. Realizar o censo sobre a "matéria médica chinesa", bem como promover a sua protecção, exploração e utilização racional, com a formulação do plano de desenvolvimento industrial e as políticas industriais de apoio à medicina tradicional chinesa, e instituição da lista de medicamentos essenciais.
4. Conduzir o desenvolvimento internacional e a propagação da medicina tradicional chinesa, inclusive com a colaboração e cooperação com Hong Kong, Macau e Taiwan.
5. Executar outras tarefas e ordens do Conselho de Estado e Ministério da Saúde.
A portaria nº 971, de 3 de maio de 2006, aprovou a MTC como uma das práticas integrativas da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde.[31] Quando criada, eram ofertados apenas cinco procedimentos. Após 10 anos, em 2017, foram incorporadas 14 atividades, chegando às 19 práticas disponíveis atualmente à população.[32]
Em março de 2018, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão de dez novas Práticas Integrativas e Complementares (PICS) para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que as práticas alternativas ou integrativas, como as aprovadas pelo ministério, "não têm base na medicina e são sem evidências".[32]
Em 2019, durante a passagem do então presidente Bolsonaro pela China, assinou-se, em Pequim, um convênio para o ensino de Medicina Tradicional Chinesa (MTC) na Universidade Federal de Goiás (UFG).[33] Sobre o tema, a revista britânica The Economist notou que o governo chinês vem usando seu considerável poder econômico, canalizado através da rede global de "Institutos Confúcio", para estimular o ensino e o uso de MTC.[34] O conselho também emitiu uma nota.[35]
Segundo o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital, as práticas integrativas feitas no SUS não têm resolubilidade e não têm fundamento na Medicina baseada em evidência (MBE) – ou seja, ignoram a integração da habilidade clínica com a melhor evidência científica disponível, e que "A aplicação de verbas nessa área onera o sistema, é um desperdício e agrava ainda mais o quadro do SUS com carências e faltas".[36]
Em Portugal a Medicina Tradicional Chinesa tem vindo a ganhar adeptos e tornado-se uma das mais recorrentes clínicas especializadas em técnicas de tratamento de medicina alternativa e popular. A tradição da China - Portuguesa em Macau é uma das fontes ainda não completamente exploradas e dimensionadas do "sincretismo" entre o pensamento tradicional chinês e a cultura ocidental. A tradução e adaptação de concepções do pensamento chinês na língua portuguesa datam pelo menos 400 anos, período em que essa Região Administrativa Especial da República Popular da China foi colonizada e administrada por Portugal. Observe-se porém que é recente o desenvolvimento de instituições públicas, como o Centro de Saúde do Fai Chi Kei, que incluem uma clínica de medicina tradicional chinesa desde 1999 e institutos de ensino de medicina tradicional chinesa. [37] [38]
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