Loading AI tools
povo indígena Matsés Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Os Matsés, Matses, também chamados Mayoruna ou Maxuruna [2][3] são um grupo indígena que representa o ramo mais setentrional da família etnolinguística pano. Habitam a região de fronteira Brasil-Peru, em comunidades distribuídas ao longo da bacia do rio Javari, no extremo oeste da Amazônia brasileira, e na Terra Indígena Vale do Javari, onde vivem junto com outros povos falantes de línguas das famílias linguísticas Pano (Matis, Kulina-Pano, Korubo, Marubo) e Katukina (o povo Kanamari). Encontram-se também na aldeia Lameirão (município de Atalaia do Norte) e na Terra Indígena Marajaí (municío de Alvarães), além do Peru.
Apesar da proximidade geográfica e linguística das línguas matis e matsés, trata-se de línguas distintas.
Os Matsés são também denominados Mayoruna,[4] um termo de origem quechua (mayu = rio; runa = gente), usado a partir do século XVII por colonizadores e missionários para se referirem a grupos que habitavam a região do baixo Ucayali, do alto Solimões e da bacia do Javari [5][6]
Já o termo matses (e sua variante, matis) significa "gente", aplicando-se a diferentes indivíduos ameríndios que ocupam um território contínuo: umanuc matses, por exemplo, signifca "gente do exterior" e mananuc matses, "gente do centro". Às vezes, matses se refere também a gente parecida com os chamados Matses, mesmo quando pertenecente a outra tribo.[7]
Segundo Beatriz Matos, antropóloga da Universidade Federal do Pará e pesquisadora associada ao Centro de Trabalho Indigenista (CTI),[2] a população Matsés hoje é resultado de uma composição de vários povos que antes habitavam malocas distintas e nem sempre falavam línguas mutuamente inteligíveis. A formação do grupo que vem se constituindo como etnia e autodefinindo-se como "matsés" deu-se principalmente pela sucessiva incorporação de cativos (principalmente mulheres e crianças) de outros grupos da região.
Ao longo do século XX, até a década de 1960, os Matsés empreenderam ataques a diferentes malocas ou grupos, muitas vezes falantes de línguas Pano.
Em 2012, cinco dos últimos xamãs da tribo se reuniram para a Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés, com mais de 500 páginas. Todos os curandeiros envolvidos no projeto moravam em aldeias localizadas do lado peruano da fronteira, mas o conhecimento diz respeito a toda região. Cada um deles cuidou de um capítulo da obra. Nela registraram nomes de plantas, animais, doenças e sua relação com a floresta. Outros cinco membros mais jovens da tribo ajudaram a escrever os textos e a fotografar as plantas. Todas as informações foram reunidas e passadas para o computador por um Matsés especializado na transcrição escrita de sua língua. As entradas da enciclopédia são categorizadas pelo nome da doença, com explicações de seus sintomas e quais tratamentos devem ser usados. Com apoio da ONG Acaté Amazon Conservation,[8] o trabalho deve ser publicado apenas no idioma do próprio grupo indígena e nunca seja traduzido, nem divulgado fora das comunidades. A apropriação indevida do conhecimento indígena por empresas farmacêuticas e universidades estrangeiras tem longo histórico na Amazônia.[9]
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.