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suposta força sobrenatural em seres vivos Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Magnetismo animal ou mesmerismo[1] (em alemão: lebensmagnetismus) foi o nome dado pelo médico alemão Franz Mesmer, no século XVIII, ao que ele acreditava ser uma força natural invisível possuída por todos os seres vivos/animados (humanos, animais, vegetais, etc.). Ele acreditava que tal força poderia ter efeitos físicos, incluindo propriedades de cura. Ele tentou persistentemente, mas sem nenhum sucesso alcançar reconhecimento científico de suas ideias.[2] Mesmer foi inúmeras vezes acusado de charlatanismo.[3][4][5][6][7]
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Em sua origem, Mesmer almejava que o magnetismo animal se tornasse uma ciência coadunante com a filosofia e a religião,[8] buscando a melhor compreensão, não apenas do universo tangível, mas também do que chamava de universo energético e fluídico.[9] Fundamentado como doutrina, o mesmerismo com seu conjunto de aforismos, é relatado como um dos primeiros movimentos em larga escala a tentar aproximar do mundo acadêmico ocidental, os supostos fenômenos paranormais.[10][11]
Esta teoria vitalista atraiu vários seguidores na Europa e Estados Unidos, e foi popular no século XIX. Os praticantes eram conhecidos como magnetizadores, em vez de mesmeristas. Por cerca de 75 anos, desde seu início, em 1779, foi uma importante especialidade médica e continuou a ter alguma influência por cerca de mais 50 anos. Centenas de livros foram escritos sobre o assunto entre 1766 e 1925.[12]
Em 1784, uma Comissão Real, composta por figuras notáveis como Antoine Lavoisier, Benjamin Franklin e Joseph-Ignace Guillotin, investigou o Magnetismo Animal de Mesmer a pedido do rei francês Luis XVI. Os testes cegos conduzidos por eles revelaram que os pacientes só sentiam os efeitos do magnetismo quando acreditavam que ele estava sendo aplicado, levando à conclusão de que as curas observadas eram resultado da "imaginação".[13]
Depois da descoberta do eletromagnetismo por Hans Christian Ørsted, em 1820, Ampère (1827) e a de Faraday (1831), o entendimento da física do magnetismo progrediu rapidamente. Durante o mesmo período, a medicina avança e descobre que os nervos não são controlados por um fluido magnético. Todas estas descobertas vão contra as ideias do magnetismo animal, que incidia na existência do fluido. Finalmente, em 1887 o Experimento de Michelson-Morley demonstrou que a velocidade da luz é independente do seu ambiente e, portanto, nenhum éter físico é o suporte da luz e do eletromagnetismo.[14] Hoje em dia é quase inteiramente esquecida[12] e desde o fim do século XIX, as pessoas que ainda defendem a teoria do magnetismo animal são, essencialmente curandeiros e adeptos de ciências ocultas.[14]
Mesmo que presente em alguns países, suas práticas não são reconhecidas como parte da ciência médica, e são considerados por muitos médicos e pelos cientistas como placebo e autossugestão, através do processo universal conhecido como resposta de esperança.[15][16][17]
O mesmerismo exerceu grande influência no desenvolvimento da doutrina espírita.[18] O método de Mesmer influenciou também a hipnose moderna.[19]
O termo magnetismo animal surgiu como um neologismo, mais precisamente de uma palavra-valise em junção com uma palavra adjetiva (magnétisme + animus).[20]
Tem o magnetismo animal outras heteronomias como o magnetismo humano,[21] magnetismo curativo[22] magnetismo pessoal,[23] magnetismo vital[nota 1], medicina magnética[24] e o biomagnetismo.[25]
A maior parte dos representantes da medicina magnética do século XVII, que se apresentava como uma corrente de conhecimento médico, sofreram influência dos pais fundadores da magia natural, como Paracelso,[26] Marsilio Ficino, Roger Bacon ou Pietro Pomponazzi.[27] Eles descrevem a saúde como um estado de harmonia entre o microcosmo do indivíduo e o macrocosmo celestial, contendo fluidos, ímãs e influências ocultas de todos os tipos[28] Para Paracelso, o poder interior da alma pode se manifestar no exterior do organismo que anima e agem sobre o corpo, a vontade e as representações dos outros.[29] Para ele, a imaginação é a força mágica por excelência, que representa o poder de agir sobre os outros.[30]
O médico inglês Robert Fludd,[31] influenciado por Paracelsus, pratica a medicina à distância, à qual ele atribui os efeitos à "unção de simpatia". Entre os representantes do movimento, encontra-se o alemão Rudolph Glocenius, que segundo Gockel, acredita que a natureza é governada por uma força motriz, presente em todos os lugares, mas discreta, regida pela lei da atração e repulsão.[32] O médico belga Jan Baptist van Helmont desenvolve ideias semelhantes às de Gockel.[33] Para Gockel e de Van Helmont, o magnetismo, pela sua dimensão, tanto na teoria e na prática, é parte do domínio da magia. Van Helmont escreveu: "toda ciência oculta ou que coloca acima daquela que adquirimos pela observação e o cálculo é magia; toda potência que não pertence a uma ação mecânica é uma potência mágica". Para ele, qualquer homem é capaz de influenciar seus semelhantes à distância se uma ligação entre o operador e o paciente for criada e se a sensibilidade do paciente for exercida.[34]
O jesuíta alemão Athanasius Kircher, conhecido por seus experimentos com animais, também acreditava que o magnetismo atuasse como um princípio explicativo de todos os fenômenos naturais. Ele explica o "magnetismo do amor" como uma lei fundamental cósmica de atração entre os seres vivos, atração esta que é a origem tanto dos elos eróticos como da a cura das doenças pelo tratamento magnético.[35]
Entre os representantes tardios desta corrente, encontram-se o médico escocês William Maxwell[36] e Fernando Santanelli.[37]
Depois da descoberta do eletromagnetismo por Hans Christian Ørsted, em 1820, Ampère (1827) e a de Faraday (1831), o entendimento da física do magnetismo progrediu rapidamente. Durante o mesmo período, a medicina avança e descobre que os nervos não são controlados por um fluido magnético. Todas estas descobertas vão contra as ideias do magnetismo animal, que incidia na existência do fluido. Finalmente, em 1887 ode Michelson-Morley demonstra, para a surpresa dos cientistas da época que a velocidade da luz é independente do seu ambiente e, portanto, nenhum éter físico é o suporte da luz e do eletromagnetismo. Depois do século XIX, os adeptos da teoria do magnetismo animal são essencialmente os curandeiros e adeptos de ciências ocultas.[14]
Franz Anton Mesmer (1734 - 1815), médico alemão, formado em medicina pela Universidade de Viena,[38] teólogo pela Universidade de Ingolstadt[38] e doutor em filosofia pela Universidade Jesuíta de Dillingen[38] foi quem postulou a existência de um fluido magnético universal o qual poderia fazer uso terapêutico. Introduziu o termo magnetismo animal em 1773 na mesma época que inicia o tratamento da prima de Mozart.
Mesmer queria ter condições de interpretar racionalmente os fenômenos e energia que, conectada ao corpo humano, seria responsável por muitas manifestações, entre elas; transes e curas.[10][39] E, como tal, denotavam-no referir-se ao irracional ou a magia.[40] Enquanto ele queria fundamentar o magnetismo como ciência, trazendo este da condição sobrenatural para um estudo das propriedades de uma condição natural, isso levou por seus detratores a divulgar sobre ele o arquétipo de charlatão[41] e ao magnetismo animal a condição de uma pseudociência.[42] Desde que se tornou público, o magnetismo animal virou objeto de controvérsia, principalmente na França, onde a Faculdade de Medicina condenou a não ser praticado pelos médicos desde o ano de 1784. Isso não impediu que o magnetismo animal continuasse a se espalhar de várias formas, pois alguns magnetizadores continuaram a atribuir os efeitos dos estudos de Mesmer aos fluídos, outros atribuindo-lhes a vontade e outros ainda a imaginação do magnetizador e magnetizado.
François Deleuze afirmava ser a vontade a matriz e motriz responsável pela atuação dos fluídos, e que se fosse pela imaginação não haveria como os vidente sonâmbulos perceberem sua atuação em objetos inanimados mesmo sendo imantados sem que as cobaias estivessem próximas.[20] Os que defendiam a ideia das imaginações serviram de fonte para as teorias da hipnose desenvolvidas por médicos como James Braid[43] ou Ambroise-Auguste Liébault. E outros ainda denotam o processo magnético em estreito contato com espíritos.[44] Franz Anton Mesmer publicou em 1766, em Viena, De l'influence des planètes sur le corps humain (A influência dos planetas sobre o corpo humano). Foi fortemente influenciado por Newton, Galileu, Kepler, Copérnico e pelos Aforismos de Hipócrates, além de seu mestre professor Universitário.[45] Mesmer é descrito como plagiador de alguns autores como o caso de Richard Head.[46] Depois viria uma injúria do padre jesuíta Maximilian Höll (Hell) sobre a descoberta do uso terapêutico de placas magnéticas as quais Mesmer as achavam sem utilização, onde as mesmas só seriam úteis após serem transformadas em magnetos mesméricos, o que não ocorreria se não fossem mesmerizados.[46]
“ | Os escritos de Padre Höll repetido sobre este assunto, entregou ao público, sempre ávido por uma específica contra a doença do nervo, a opinião infundada, ou seja, que a descoberta em questão consistiu apenas no uso do ímã. Eu escrevi a minha vez de destruir este erro ao publicar a existência do MAGNETISMO ANIMAL, essencialmente distinta do ímã; mas o público avisado por um homem de reputação, permaneceu em seu erro.[47] | ” |
Após sua retificação, e subtraído o magnetismo mineral de sua doutrina, é determinado que seu tratamento viria de seu potencial magnetizador, nascendo então o nome Magnetismo Animal. No ano de 1775, os exorcismos do Padre Johann Joseph Gassner começaram a ser investigados por uma comissão nomeada por Maximilian Joseph III da Baviera após este eleito. Esta mesma comissão intima Mesmer ir a Munique e em 27 de Maio 1775 ele prova sua capacidade de fazer surgir e desaparecer nos pacientes vários sintomas sem o uso de exorcismo.[48] No dia seguinte, na presença do Tribunal e da academia, ele diz:
“ | Gassner curou os doentes por magnetismo animal sem perceber. A partir desta perspectiva, podemos considerar a relação entre o magnetizador e o magnetizado.[49] | ” |
Em fevereiro de 1778, Mesmer chegou a Paris onde tentou, sem sucesso, obter reconhecimento da Académie des Sciences, da Société Royale de Médecine e da Faculté de médecine de Paris. Retirando-se para a aldeia de Créteil[50] publicou seu artigo: Memória sobre a descoberta do magnetismo animal em 1779[51] com o apoio do seu primeiro grande convertido, o médico Charles Deslon.
Mesmer admitindo cada vez mais pacientes, em 1780 introduziu um novo método de atendimento coletivo com a chamada Tina de Mesmer, através da qual ele poderia tratar mais de trinta pessoas ao mesmo tempo. Eram dispostas as pessoas em torno desta celha, a qual, na parte superior dispunha de hastes de metal, que era tocada pelos clientes.[52]
No período destes tratamentos coletivos, em torno da tina de Mesmer, ocorreram eventos denominados "crises magnéticas", durante o qual as mulheres ricas da sociedade perdiam completamente o controle, caindo em histeria, sofrendo desmaios e convulsões.
Mesmer afirmava que estes eventos tinham valor terapêutico.[53] Em casos de convulsões violentas, os pacientes eram levados para uma sala acolchoada chamada sala de crise, onde ali ficariam até que as mesmas cessassem.[20][54]
Em 1781 o Rei Luis XVI, sua esposa e membros de sua corte, solicitaram à Academia Francesa de Ciências que investigasse Mesmer e suas supostas curas. A academia nomeou uma comissão composta por: Benjamin Franklin, Antoine Lavoisier, o então prefeito de Paris Jean Sylvain Bailly e Joseph-Ignace Guillotin. Esta comissão foi encarregada de investigar Mesmer e suas afirmações de cura. Um dos testes se constituiu na magnetização de uma árvore por um preposto de Mesmer, e a posterior identificação desta por um jovem com os olhos vendados. Ele deveria identificar a árvore que apresentasse maior força magnética. O rapaz reportou várias sensações e afirmava que a força magnética estava aumentando mesmo quando se distanciava da árvore. O experimento terminou com o rapaz desmaiando.[55]
O conselho refutou o mesmerismo, mas confirmou os trabalho realizado por Mesmer, alegando ser estes realizados pela sugestão.[56]
Quando Mesmer deixou Paris em 1785, a prática do magnetismo animal estava prosperando, apesar das proibições da faculdade, o mesmerismo foi representado por três correntes principais[57] e apenas surgindo uma nova corrente após a Restauração Francesa:
Admitindo-se a hipótese de um fluido universal, os psicofluidistas, conduziam suas teorias, mas insistentemente, defendendo o potencial que é a vontade do magnetizador e sua convicção com o magnetismo,[62] para realização do tratamento de seu paciente. Além disso, para eles, a vontade do operador, em vez de impor a vontade ao paciente, seria somada com a do mesmo, sendo assim, o sucesso é a soma das vontades e adminículo dos dois.
O Marquês de Puységur, oficial da artilharia, Armand Marie Jacques de Chastenet, foi seu maior divulgador. Sendo ele, um dos primeiros persuadido por seus dois irmãos mais jovens, a entrar na Companhia de Harmonia Universal, para seguir os ensinamentos de Mesmer.
A inclusão prática do Marquês ao magnetismo se deu da seguinte forma: "como parte de seu regimento em Estrasburgo estavam completamente ferido, veio seu interesse em tratar os jovens soldados doentes".
O Iluminista, Marquês encontrava-se igualmente preocupado com a saúde de seus vassalos e com disposição para trabalhar em sua terra, para o advento do progresso.[63] Em 4 de maio de 1784, em repouso em sua área de Buzancy arredores de Soissons, enquanto ele aliviava pelo magnetismo um jovem camponês, Victor. Então com 24 anos, Puységur observa que em vez das convulsões da "crise mesmérica", Victor cair em um sono tranquilo e profundo. Para sua surpresa, Victor, o camponês, embora aparentemente adormecido, manifestava-se uma intensa atividade mental, o qual, era expressado sem o seu arcaico dialeto e com temas que ultrapassavam suas condições cotidianas.[20]
O Marquês de Puységur enquanto reproduzia estas experiências, nos dias seguintes outra coisa surpreende. Em seus acessos chamado de "sonambulismo induzido" ou "sono magnético”,[64] Victor parece capturar os pensamentos e desejos do marquês, sem que fosse necessário formulá-los. Assim, como uma ordem, Puységur formulava um desejo silencioso e Victor expunha-o, como se ele tivesse acesso direto ao que estava acontecendo na mente de seu magnetizador. Além disso, enquanto em transe, Victor ajudava Puységur a diagnosticar os males de seus outros pacientes e explicava como se comportar em relação a eles. Falamos de "lucidez magnética" para descrever a visão no sonambulismo, a qual, discorre sua própria doença e de outros outro, indicando os remédios que melhor os tratariam.[65]
Puységur também descobriu que:
“ | ...um sonâmbulo pode ver dentro de seu corpo, enquanto ele é magnetizado, pode diagnosticar a doença, a previsão da data da sua cura, e até mesmo se comunicar com os mortos e ausentes.[66] | ” |
Ao acordar, Puységur observou que sonâmbulos esqueciam tudo o que acontecera com eles enquanto estavam magnetizados.[67] Os fenômenos de "lucidez magnética" desafiavam a racionalidade do Iluminismo, em que eles pareciam descrever que:
“ | ... a consciência humana pode superar, em certas circunstâncias, os terminais do assunto e restrições espaços-temporais, que pareciam inevitáveis para fiscalizar seu exercício. Este tópico foi fechado para o tipo do pensamento axiomático Iluminista.[63] | ” |
Perante os fatos, descobrem que parecem apoiar a ideia de uma interligação virtual das consciências,[63] Puységur abandonaria a partir de então o axioma da consciência fechada. Para ele, esses fenômenos lúcido deveriam ser estudados como são todas as outras faculdades humanas.
Em seguida, os pacientes se reúnem em Buzancy para tratarem com o marquês Puységur, que organiza os tratamento coletivos em torno de um grande Ulmeiro.[68] E em 17 de maio do mesmo ano, o Marquês de Puységur escreveu a seu irmão:
“ | Eles se juntam em torno de minha árvore, havia mais de 130 pacientes esta manhã.[68] | ” |
Uma testemunha descreveu a cena da seguinte forma:
“ | Foi estabelecido em torno da árvore, vários bancos circulares, pedra, em que sentou todos os pacientes, os quais envolvem com a corda as partes do corpo doentes para sanarem seus sofrimentos. Em seguida, a operação começa, todos formando a cadeia, e erguidos pelo toque do polegar. [...] O Sr. Puységur [...] escolhe entre seus pacientes diversos temas, tocando em suas mãos e apresentando sua varinha (barra de ferro de cerca de 15 centímetros), os quais caem em crises perfeitas [...] Esses pacientes em crise, têm o poder sobrenatural, de descrever [...] órgão afetado, a parte do sofrimento; Eles indicam os devidos remédios que serão mais salutares a seus tratamentos, e o tempo que levará para ser totalmente curado.[69] | ” |
Conforme descreve alguns autores, as experiências de Puysegur, permitiu às crenças populares dos camponeses, relacionadas a curas, videntes e plantas medicinais. O que também contribuiu para Puységur reestruturar essas crenças foi a influência de sua leitura das obras de Jean-Jacques Rousseau.[70][71]
Alguns sonâmbulos após realizar o diagnóstico de um paciente, descrevem o local da floresta onde se encontrará a provável planta que irá curá-lo, fato não diferente dos textos em que o filósofo perto do estado de êxtase encontra-se herborizado, como no livro devaneios de um caminhante solitário.[72]
Em 1785, Victor leva o marquês de Puységur à Paris, para demonstrar suas descobertas, que se sucederam a algumas relatadas por Mesmer. No mesmo ano, ele assumiu o comando de seu regimento de artilharia em Estrasburgo e criou nesta cidade a Société harmonique des amis réunis onde treinara mais de 150 magnetizadores[73] e abriu muitos centros de tratamento. A Société continuou a existir até 1789 a qual publicou numerosos artigos sobre os vários casos tratados pelo magnetismo.
Homem do Iluminismo, Puységur começa a seguir as novas ideias da corrente revolucionária e fica encantado com o rumo dos acontecimentos. Nomeado general de artilharia em 1791, cargo que renunciou em maio de 1792. Enquanto seus dois irmãos se refugiaram no exterior, ele recusou-se a segui-los. Sob o terror da mesma "Revolução" que o encantara anteriormente.[72]
Puységur passou dois anos na prisão com sua esposa e filhos, mas foi evitado o pior, não sendo privado de suas propriedade.
Ao sair da prisão, sob o domínio do Primeiro Império Francês, de 1800 a 1805, ele foi prefeito de Soissons.[73]
Entre 1807 e 1813, Puységur publicou várias obras em favor do magnetismo e realizou diversas demonstrações em conjunto com jovem camponês Hébert para muitas autoridades médicas, incluindo o médico Franz Joseph Gall. E em 1815, revitalizou a Société de l'harmonie em nome de Mesmer e do magnetismo.[74]
Em 1814, com interesse nos escritos de outro adeptos do magnetismo animal, o naturalista Joseph Philippe François Deleuze, colaborador de Antoine Laurent de Jussieu, no Museu Nacional de História Natural, em Paris, desenvolveria a publicação de jornal, os Anais de magnetisme, em que expõe os experimentos conduzidos por magnetizadores em toda a Europa. Estas edições tornar-se-ia a Biblioteca do Magnetismo Animal de 1818.[75] Deleuze defende o magnetismo contra os positivistas da academia, mas também contra a ala direita da Igreja Católica, representada em particular pelo Padre Fustier,[76] Padre Wurtz e o abade Fiard que viam no magnetismo nada mais que uma conspiração maçônica para minar as bases do Cristianismo, uma condição ameaçadora para a igreja tendo em seus bastidores o próprio Satanás.[77] Outros Magnetizadores psicofluidistas foram Charles de Villers, Auguste Leroux, AA Tardy de Montravel, Louis Joseph Charpignon, Casimir Chardel, Charles Lafontaine e o médico Alphonse Teste. Os membros desta corrente publicaram a maior parte da sua doutrina no Revue du magnétisme (Jornal do magnetismo).[78]
Os Espiritualistas são a parte de uma corrente cristã desde o Iluminismo, atribuído a um ramo místico da Maçonaria.[79] Seu líder foi o teósofo Louis Claude de Saint-Martin, e o iniciador desta corrente de pensamento foi Martinez de Pasqually o qual foi fortemente influenciado pelas obras de Emanuel Swedenborg. Saint-Martin tornou-se o vigésimo sétimo membro da "Société de l'Harmonie" (Sociedade da Harmonia), em 4 de Fevereiro de 1784, mas gradualmente longe de Mesmer, ele insistiam na inexistência materialista da a ação do fluido.[80] Alguns espiritualistas afirmam agir diretamente sobre o paciente, sem a influência de um fluido, pela vontade e oração. Outros consideravam o contato do magnetizado com entidades supra-humana.[81] Estes teosofistas magnetizadores Lyon trabalhavam com mulheres sonâmbulas com quem supunha-se ter uma relação especial com as condições extra humanas.[82] Dentre essas mulheres pode-se incluir: Jeanne Rochette e Marie Louise de Vallière Montspey. Além das polêmicas com os psicofluidistas, sabemos que Puységur frequentava a estes ambientes, especialmente através da Loja Maçônica "A franqueza de Estrasburgo", à qual pertencia com seus irmãos[83] e Henry Delaage.[84] A outra parte dos espiritualista conta partir de agosto de 1813, na pessoa de José Custódio da Faria o qual dá em Paris um curso sobre sonambulismo provocado, o qual ele prefere chamar o sono lúcido. Uma testemunha contemporânea, o médico Alexandre Bertrand, descreve seu método:
“ | A pessoa que queria se submeter à sua ação foi colocado em uma cadeira, e prometeu fechar os olhos e meditar; Então, de repente, se soltou em um sono, a voz em forma imperativa, que era geralmente produzida sobre o paciente dava tal impressão para produzir nele uma ligeira agitação do corpo inteiro, calor, sudorese e às vezes, o sonambulismo.[85] | ” |
Abade Faria, tanto contesta: a teoria do fluido de Mesmer quanto a teoria do Marquês de Puységur no papel decisivo da vontade do terapeuta na introdução do transe magnético.[86] Ele também negava a personalidade do magnetizador qualquer poder efetivo sobre o paciente dizendo ser teorias populares sobre os poderes sobrenaturais.[87] Para ele, o sono lúcido só era liberado pelos poderes ocultos da alma, expressando a forma velada e fragmentária dos sonhos. DescreveFaria que o magnetizador só ajuda o paciente a acessar seus recursos internos. Faria foi ridicularizado na imprensa, especialmente em uma série de cruéis artigos de Victor-Joseph Étienne de Jouy e, em seguida, a partir de 1816, em um pedaço de Vaudeville por Jules Vernet por título La magnétismomanie.[88] Refutado pelos psicofluidistas, que não perdoam-lhe a sua rejeição do fluido, e criticado por seus colegas eclesiásticos, que o acusam de se aliar com as forças demoníacas, tendo assim que fechar a sua sala de conferências e retirar-se para um internato para meninas como capelão.[89]
Os imaginacionistas rejeitavam a ideia de fluidos independentemente de sua origem e não aceitavam também a potencialidade da vontade. Eles deferiam a ideia de que tudo era impulsionado pela imaginação. De 23 de agosto de 1819 a janeiro de 1820, o médico Alexandre Bertrand, politécnico e futuro colunista científica no jornal Le Globe, da cursos públicos sobre o Mesmerismo. Primeiro, defensor das ideias psicofluidistas, após um período refaz suas teses mudando para a linha de pensamento imaginacionistas.[90] Bertrand entre os demais ouvintes, há um número de médicos que exercem magnetismo no hospital. Aos poucos, inicia-se em relação aos fluidos os vários médicos céticos de renome, Henri-Marie Husson, Léon Rostan, François Broussais, Pierre Fouquier ou Étienne-Jean Georget,[91] assistir às experiências que se alinham-se à causa do magnetismo. Também encontrado entre eles Barão Étienne Félix d'Henin de Cuvillers, editor da revista Archives du magnétisme animal de 1819, o filósofo Maine de Biran, General François-Joseph Noizet.[92]
O historiador Robert Darnton mostrou como a ciência durante os anos subsequentes de 1780 inspirava tal entusiasmo que quase apagou o limite, nunca muito distinto antes do século XIX, que separa a verdadeira ciência da pseudociência.[93] Numa altura em que a capacidade do cientista para explorar as forças da natureza inspira uma admiração quase religiosa, onde:
“ | Voltaire torna inteligível a teoria da gravitação de Newton, ou Franklin que aplica as propriedades da energia elétrica para a invenção de pára-raios e onde os Irmãos Montgolfier espantam a Europa, ao levantar um homem no ar, o fluido invisível de Mesmer não parece tão milagroso[94] | ” |
Se atualmente podemos considerar que o magnetismo animal fez a transição entre a fé do Iluminismo na capacidade da razão para decodificar as leis da natureza e do fascínio do romantismo para o sobrenatural,[95] que Deve ser enfatizado que o conflito entre os magnetistas à instituição médica não coloca cara a cara à luz da razão e da escuridão do oculto, mas diferentes concepções de razão. Aos olhos dos magnetizadores tal Puységur, Deleuze ou Bertrand, a razão não tem o direito de excluir feita em nome de uma ideia pré-determinada do possível e o impossível. Para seus adversários, no entanto, os fenômenos magnéticos contradizem a ordem da natureza e, portanto, perde seu tempo estudando-o.[96]
Em 1784, diante de rumores e alguns casos de cura em lugares altos, Louis XVI nomeou duas comissões para estudar a prática do magnetismo animal[97]:
Os comissários basearam suas observações no trabalho de um dos discípulos de Mesmer, o médico Charles Deslon, que, ao contrário de seu mestre, concordou em compartilhar sua experiência com eles. Em seus experimentos, os comissários observaram que um paciente teve uma crise na crença equivocada de que estava sendo mesmerizado. Outro paciente foi levado diante de cinco árvores no jardim de Franklin, das quais apenas uma havia sido magnetizada por Deslon, mas ele desmaiou ao pé de uma das outras quatro. Na casa de Lavoisier, um copo de água comum provocou convulsões em um paciente que, sem saber, havia bebido o conteúdo de um copo de água normal, acreditando que estava magnetizada.[98] Em seu relatório oficial,[99] Lavoisier disse que
“ | é sobre as coisas que podemos ver ou sentir que é importante para se proteger contra os desvios da imaginação" | ” |
.[100] O relatório oficial da outra placa faz conclusões muito semelhantes aos de Bailly[101] e Jean Sylvain Bailly também afirma, em um relatório secreto para o rei que:
“ | o tratamento magnético só podem ser prejudiciais à moral.[102] | ” |
Ele ressalta que:
“ | o homem que magnetiza mulheres geralmente mantém os joelhos delas confinado aos seus, portanto, em contato. A mão é aplicada à parte doente e por vezes os ovários; tato por isso é tanto aplicado a um número infinito de partes nas imediações das partes mais sensíveis do corpo ... nisso a atração mútua entre os sexos deve estar em pleno vigor.[102] | ” |
Antoine-Laurent de Jussieu, por sua vez, se recusa a assinar o mesmo documento, ele e seus colegas publicaram um contra-relatório que afirma que "a influência física do homem sobre o homem" com ou sem tocar deve ser aceita.[103] Deslon publica também uma retórica ao relatório no qual ele criticou os métodos e conclusões dos comissários. Argumentando que
“ | se a imaginação medica é a melhor, por que nós não podemos fazer uma medicina imaginativa?.[104] | ” |
Além disso, os defensores do magnetismo animal defenderam que o conceito “IMAGINAÇÃO” permite aos comissários desqualificar o magnetismo sem ter que correr o risco de definir, investigar mais profundamente ou invocam esta condição, portanto, sem ter que produzir testemunha confiável para a “Definição”.[104] Na sequência da publicação em 24.000 exemplares dos dois relatórios oficiais, a “Faculté de médecine de Paris” (Faculdade de Medicina de Paris) impõe aos seus membros magnetizadores a assinar um ato de renúncia em que se comprometem a garantir que:
“ | nenhum médico irá declarar adepto do magnetismo animal nem por seus escritos ou praticando-o[105] | ” |
.
No início do século XIX, a opinião da academia permanece largamente desfavorável ao magnetismo animal, como evidenciado no panfleto privado publicado em 1812 por Antoine-François Montegre de Jenin, o secretário da Academia de Medicina, no qual ele acusa o magnetismo
“ | ser contrária à razão, moralidade e levar os homens a brutalidade[106] | ” |
E o artigo de Julien-Joseph Virey, publicado no Dicionário de Ciências Médicas em 1818.[107] Não foi desenvolvido até 1825 quando o médico, Dr. Pierre Foissac, direciona para a Academia de Medicina a defesa, uma revisão da "memória do magnetismo”.[108]
Onde ele afirmava que o sonambulismo magnético é susceptível de abrir novos caminhos para a fisiologia e psicologia. A reunião pública realizada em 20 de janeiro de 1826 para julgar a adequação desta avaliação. Enquanto alguns membros da academia consideravam ainda as conclusões dos oficiais de Louis XVI como válidas. O professor Henri-Marie Husson, médico-chefe do Hospital Hotel Dieu, observou que as teorias adotadas, os meios utilizados e os efeitos obtidos em tratamentos magnéticos mudaram desde os dias de Mesmer.[109] Em 1826, Husson cria uma comissão oficial para se pronunciar sobre o magnetismo animal. A comissão iniciou seus trabalhos em janeiro de 1827 e apresentaram as suas conclusões para a Academia de Ciências, em 21 e 28 de Junho de 1831, reconhecendo que a maioria dos fenômenos magnetismo eram reais. Em particular, o relatório cita a remoção de um tumor feita em 1829 pelo cirurgião Jules Cloquet em sono magnético, durante o qual o paciente não mostra nenhum sinal de dor.[110] O relatório também descreve como Foissac curou através do mesmerismo o paralítico Paul Villagrand considerado incurável tanto pelo doutor François Broussais como por outros médicos.[111] Neste relatório, o que causou um escândalo e não foi publicado pela academia,[112] foi a citação a Comissão onde afirma que:
“ | Considerado como um fenômeno fisiológico ou como terapia, o magnetismo deve encontrar o seu lugar no contexto do conhecimento médico [...] a Academia deve incentivar a pesquisa sobre o magnetismo como um ramo muito curioso de psicologia e História Natural.[113] | ” |
Em 1833, o médico Frédéric Dubois (d'Amiens) publica um panfleto atacando os magnetizadores e o relatório de Henri-Marie Husson[114] que já havia sido publicado por Foissac. Neste texto, Dubois assimila todos os magnetizadores como charlatães e diz
“ | revoltado ao ver a reputação de personagens sérios comprometidos por malabarismo indigno[115] | ” |
Em 1837, uma comissão chefiada pelo Dubois foi nomeada para estudar os fenômenos magnéticos apresentados pelo médico Dr. Didier Berna. Berna oferece protocolos experimentais que não é aceita pela comissão que relata de forma contrária mesmo sem fundamentação. Além disso, Berna havia exposto aos comissários que se comprometia com a assinatura dos protocolos experimentais em cada reunião, o que foi recusado.[116] O Comitê de Dubois fez meia dúzia de experimentos em dois sonâmbulos[117] e tiraram suas conclusões absolutamente opostas às de Husson. De acordo com o seu relatório, que é lido na Academia de Medicina, em 12 e 17 de agosto de 1837, nenhum dos supostos fenômenos realizados pelos magnetizadores podem ser observados. Apesar dos protestos de Husson e Berna, em 15 de junho de 1842, a Academia de Medicina decide não tomar interesse no magnetismo animal.
Enquanto na França as autoridades científicas quase sempre rejeitaram o magnetismo, a situação foi diferente na Prússia. Em 1812, o governo prussiano nomeou uma comissão de inquérito que publicou em 1816 um relatório favorável ao magnetismo. Posteriormente, as Universidades de Berlim e Bonn criaram as cátedras mesméricas. Entre os mesmeristas alemães incluem os médicos David Ferdinand Koreff, Christoph Wilhelm Hufeland,[118] Karl Alexander Ferdinand Kluge,[119] Karl Christian Wolfart, Karl Schelling, Arthur Lutze, Carl August von Eschenmayer e Justinus Kerner.[120]
Em 1815, o czar Alexander I nomeou uma comissão que concluiu que o magnetismo é um verdadeiro agente, mas só deve ser realizado por médicos instruidos.
No ano de 1817, o rei Frederick VI da Dinamarca publica uma ordem semelhante sobre o mesmo assunto.[121]
O Mesmerismo encontra terreno fértil na Suíça, mais precisamente em Lausanne no ano de 1786, graças ao francês Michel Servan, Procurador Geral do Parlamento de Grenoble. Várias sessões privadas são organizadas sob a sua liderança, apesar do parecer negativo do médico Auguste Tissot.[122] John Bell foi o primeiro a praticar e ensinar o magnetismo animal em Londres nos anos de 1780. Em 1786, as "Memórias da história e ao estabelecimento do magnetismo animal" do Marquês de Puységur surge na velha Londres. Em torno de 1787, o doutor J.B. Mainauduc, aprendiz de Charles Deslon, sai da França e vai ensinar o magnetismo.[123] O interesse no magnetismo é retomado em 1833, seguindo da tradução em Inglês do relatório de Husson e publicado na revista médica The Lancet por J.C. Colquhoun, magnetizador treinado na Alemanha.[124] Em 1837, Jules du Potet de Sennevoy, que conduziu os experimentos para comissão de Husson, "exporta" a prática do magnetismo animal para a Inglaterra que se torna a forma particular de tratamento do médico Inglês John Elliotson.[125]
O último estágio de extrapolação do mesmerismo na Europa se faz com o médico James Esdaile na Índia britânica,[126] um precursor do uso do magnetismo animal na Anestesiologia. Elliotson e demitido do posto de professor no University College de Londres no ano de 1838 sob pressão da Revista Médica. The Lancet, cujo diretor, Thomas Wakley tinha apoiado inicialmente o mesmerismo.[127] O magnetismo é expulso da instituição britânica, mas, ao contrário da França, nenhum decreto oficial vem impedir ou limitar a prática.[128] De 1843 a 1856, Elliotson publica a revista The Zoist dedicada ao magnetismo animais.[129]
Em maio de 1784, o Marquês de Lafayette Gilbert Motier de Lafayette escreveu uma carta entusiasmada com o trabalho de Mesmer para George Washington. Lafayette escreveu:
“ | Um médico alemão chamado Mesmer, fez a maior descoberta sobre o magnetismo animal, já com alunos formados, incluindo seu humilde servo é chamado um dos mais entusiastas.[130] | ” |
Esta carta é seguida por uma do próprio Mesmer em 16 de junho, a Washington, cinco meses depois de confirmar que ele se reuniu Lafayette.[131] Este último, desde então, com instrução sobre o magnetismo animal encontrou uma comunidade de “Shaker” [nota 2] e viu uma semelhança entre as práticas de transe destes e as crises mesméricas. Lafayette também participa de rituais de indígenas norte americanos, convencido de que o magnetismo animal é a redescoberta de uma prática antiga e primitiva.[132] Sabemos, contudo, que Benjamin Franklin e Thomas Jefferson foram ambos hostil à prática do magnetismo animal. Jefferson, que temiam uma onda de invasão do mesmerismo em seu país, enviou numerosos panfletos antimesmeristas e cópias dos relatórios das comissões para os amigos influentes.
Nos anos 1790, Elisha Perkins, membro fundador da Sociedade de Medicina da Connecticut, faz um uso terapêutico de placas de metal.[133] A prática de Perkins não é bem recebida, assim tanto os médicos apoiadores do magnetismo animal quanto Perkins são excluídos da Sociedade Médica Connecticut.[133]
Entre os que levaram o magnetismo animal para a América do Norte, há também o Sr. Joseph du Commun, dando suas primeiras lições de animais magnetismo em Nova York no ano de 1829 e Charles Poyen Saint Sauveur, que ensina a prática do mesmerismo em Massachusetts em 1834.[134]
“ | [Nos Estados Unidos] salvaguardas institucionais, ainda embrionário, não teve como na França o desenvolvimento de mesmerismo.[128] | ” |
O magnetismo animal no Brasil foi instaurado pelos primeiros homeopatas em solo brasileiro, com suas primeiras experiências com o chamado "fluido vital".[135] Pode-se registrar seu primórdio no século XIX através do médico João Lopes ainda no período regencial do Brasil Império. Seu ínterim áureo foi a criação da Sociedade de Propaganda do Magnetismo[136] e o Jury Magnético no Rio de Janeiro com seu reconhecimento em 3 de maio de 1862 por D. Pedro II.[136]
Contando entre seus divulgadores: Francisco de Paula Fajardo Júnior,[137] o médico lisbonês João Lopes Cardoso Machado,[138] o médico Guilherme Henrique Briggs que no ano de 1853 traduz para o português o livro do Barão du Potet (1796 - 1881), com o título "Prática Elementar do Magnetismo"[139] dentre tantos outros.
O primeiro periódico a ser vinculado em solo brasileiro foi "A Verdadeira Medicina Física e Espiritual associada a Cirurgia”[nota 3], em janeiro de 1861, pelo magnetizador e professor de magnetismo Dr Eduardo A. Monteggia editado pela Tipografia do Correio Mercantil.[141]
No ano de 1877 Miguel Lemos (1854-1917) e Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927) viajam a Paris e quando retornam ao Brasil, Miguel Lemos, inicia uma progressiva e enérgica ação positivista, fazendo sugir a lei contra o magnetismo animal no Código Penal de 1890, mais precisamente no capítulo III, Art. 156[142].
Vários revezes se realizam até que no ano de 2004, Paulo Henrique de Figueiredo editou pela primeira vez os livros de Franz Anton Mesmer na integra, sob o nome Mesmer a ciencia negada e os textos escondidos, uma obra contendo a biografia detalhada de Mesmer em conjunto com a maioria de suas obras.[143]
Nos EUA, pesquisas esporádicas sobre magnetismo animal foram realizada no século XX, e os resultados publicados; por exemplo, B. Grad escreveu três artigos relacionados ao assunto entre 1961 e 1976 e Allan Gauld com suas analises atingiu resultados intrigantes.[144]
O Jornal da Cidade de Bauru em 13 de julho de 2014 relatou o trabalho desenvolvido pelo professor Francisco Habermann (professor aposentado de nefrologia), a professora Niura Padula e outros integrante do grupo de pesquisadores da Unesp/Botucatu, descrevendo que o passe magnético seria um conhecimento resoluto desde o século XVIII baseado no que a física clássica denota ser as pontas dos dedos que agiriam como para-raios ou como terminais pontiagudos que recebem e transmitem "forças", podendo uma pessoa influenciar a outra simplesmente "estendendo as mãos".[145]
“ | Este grupo de médicos da Faculdade de Medicina de Botucatu está tomando todo o cuidado metodológico para não ter outra influência a não ser a imposição das mãos ou seja, o uso das pontas.[145] | ” |
O jornal ainda afirmou que após as escolhas dos voluntários as aplicações de passe vão durar oito semanas e que a professora Padula informou até seu método probativo:
“ | Em 20% dos voluntários vamos fazer eletroencefalograma porque queremos saber se esse tipo de tratamento altera as ondas cerebrais. É muito interessante esse trabalho. Queremos um dado mais palpável do indivíduo.[145] | ” |
No ano de 1781 mais precisamente em março, Maria Antonieta ordena a Jean-Frédéric Phélypeaux de Maurepas negociar com Mesmer[146] seus conhecimentos e ideais, ofereceram-lhe uma pensão vitalícia de 20.000 Livre tornesas francesas e mais 10.000 Livre tornesas francesas para abrir uma clínica se ele aceitasse a supervisão do governo, o que foi recusado, por não parecer muito generosa a oferta e porque ele se recusava a ser fiscalizado por aqueles que seriam seus alunos. Em 1782, ao ouvir que Charles Deslon tem adquirido clientes para o magnetismo animal, Mesmer reanima e com a ajuda de Bergasse e Kornmann inicia a propagação do Mesmerismo. Para isso criaram a Société de l'Harmonie Universelle(Sociedade da Harmonia Universal), seu objetivo é garantir a sobrevivência e vulgarização da doutrina e combater as ameaças das instituições governamentais e acadêmicas. Em 1785 Bergasse, Kornmann e D'Eprémesnil estando em discordância com os preceitos de Mesmer e condizencia da doutrina são excluídos da Sociedade.[147] No ano de 1785 em junho, Mesmer encontra-se no Hotel de Coigny, a Rua Coq-Heron, tendo a instituição 343.764 livros de acordo com o tesoureiro da Sociedade. Em 1789, com a Revolução Francesa acontecendo ocorre seu desmantelamento, porém antes disso a organização-mãe de Paris continha quatrocentos e trinta membros e sucursais, além de suas sedes em Estrasburgo, Lyon, Bordeaux, Montpellier, Bayonne, Nantes, Grenoble, Dijon, Marseille, Castres, Douai e Nîmes.[148] Neste período o mesmerismo iniciou sua propagação, não ficando circunscrito em território francês,[149] o professor da Universidade de Yale e historiador de medicina, Arturo Castiglioni, comenta que:
“ | Da França, o mesmerismo passou para a Inglaterra e chegou ao continente americano. O descrédito do mesmerismo decorreu da proliferação de impostores e charlatães, que se diziam magnetizadores e que usavam os mais diferentes processos para ludibriar os incautos[149] | ” |
Outros magnetizadores e pesquisadores se denotam por estudar o fenômeno mesmérico denominado sonambulismo provocado, este é particularmente o caso do médico alemão Justinus Kerner, que fica interessado na famosa sonâmbula de Prevorst Friederike Hauffe, que vivia em permanente estado de transe.[150][151] De acordo com Kerner, Friederike possuía o dom da segunda vista, fez prescrições de remédios onde médicos falharam, detinha muita sensíbilidade a determinadas substâncias. E mantinha-se quase permanente em contato com os espíritos.[128]
Na França, citamos o caso do clarividente Leonid Pigeaire Montpellier que podia ler através dos corpos opacos. Em particular sabe-se que o físico François Arago, George Sand e Théophile Gautier participaram de experimentos com Leonide em Paris[152] em 1838. Devemos também mencionar a famosa Alexis Didier,[153] que foi notavelmente o maior objeto de experimentos conduzidos pelo professor Inglês Herbert Mayo no ano de 1850.[128]
É neste período que surge o Espiritismo forjado no calor dos conceitos e estruturação mesmérica[154].
Foi nesse período que o Espiritismo surgiu.[155] Allan Kardec ainda definiu o Magnetismo e o Espiritismo como ciências irmãs na Revista Espírita:
“ | O espiritismo liga-se ao magnetismo por laços íntimos, considerando-se que essas duas ciências são solidárias entre si. Os espíritos sempre preconizaram o magnetismo, quer como meio de cura, quer como causa primeira de uma porção de coisas; defendem a sua causa e vêm prestar-lhe apoio contra os seus inimigos. Os fenômenos espíritas têm aberto os olhos de muitas pessoas, que, ao mesmo tempo aderem ao magnetismo. Tudo prova, no rápido desenvolvimento do Espiritismo, que logo ele terá direito de cidadania. Enquanto espera, aplaude com todas as suas forças a posição que acaba de conquistar o Magnetismo, como um sinal incontestável do progresso das ideias.[156] | ” |
Segundo Kardec, o magnetismo haveria preparado o caminho para o espiritismo:
“ | O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e o rápido progresso desta última doutrina se deve, incontestavelmente, à vulgarização das ideias sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas não há mais que um passo; tal é a sua conexão que, por assim dizer, torna-se impossível falar de um sem falar do outro. Se tivéssemos que ficar fora da ciência magnética, nosso quadro seria incompleto e poderíamos ser comparados a um professor de física que se abstivesse de falar da luz. Todavia, como entre nós o magnetismo já possui órgãos especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto que é tratado com tanta superioridade de talento e de experiência; a ele, pois, não nos referiremos senão acessoriamente, mas de maneira suficiente para mostrar as relações íntimas entre essas duas ciências que, a bem da verdade, não passam de uma.[157] | ” |
Em 1875, o filósofo Inglês Henry Sidgwick começou a estudar cientificamente os médiuns espíritas, inaugurando o atual "ciência psíquica" com a criação da SPR, (Society for Psychical Research).[158] Alguns anos mais tarde, juntamente com o filósofo William James, estudaram temas como a famosa "medium" Leonora Piper. Na França, a metapsíquica emerge de 1905, em particular com o trabalho de Charles Richet[159]. Richet, com estudiosos de renome mundial, tais psiquiatra Gilbert Ballet, Edouard Branly, Pierre Curie, Marie Curie, Henri Bergson e Jean Perrin, em 1905 iniciam experimentos com a médium napolitana Eusapia Palladino que se estende até o ano de 1907.[160] Depois de 1910, os estudiosos de psicologia migrados da Alemanha iniciam um bloqueio a ascensão das ciências psicológicas, e, a controlar o conselho de estudiosos depois da morte de William James.
Entre os primeiros discípulos de Mesmer, existem muitos dos futuros líderes da Revolução Francesa entre eles o marquês de La Fayette, Jacques Pierre Brissot, Nicolas Bergasse, Adrien Duport, Jean-Louis Carra e Jean-Jacques Duval d'Eprémesnil.[161] Quando Bergasse, Kornmann e D'Eprémesnil são excluídos da "Société de l'Harmonie" em 1785, Mesmer acusa-os de trair a finalidade original do movimento, ou seja, a luta contra "o despotismo das academias", e se estendem essa luta a guerra contra o despotismo político.[162] Como Brissot, se juntou ao grupo no verão de 1785 e tornando-se adepto do magnetismo animal, acusou o governo francês de usar as academias para sufocar as novas verdades da ciência e da filosofia.[163]
“ | pelo qual o fluido magnético Mesmer explica a ação magnética afeta todos os homens e manifestar a sua igualdade essencial para além das distinções sociais.[164] | ” |
Mas, neste momento, é reconhecido apenas aos reis o poder de curar o doente pelo toque. Este poder do rei da França para curar as pessoas que sofriam de escrófula é reconhecida a partir do séc XI[165] e confirmava o direito divino que levava o cargo de monarca. Assim, o magnetismo era em prática uma grande ameaça à ordem política da época.[166] Durante a revolução, o magnetismo animal retorna, dispersos pela emigração e convulsão social, porém não incluso no âmbito do Primeiro Império ou sob a égide da Restauração francesa.[167] Em 1815, a Baronesa Barbara Juliane von Vietinghoff, chegou em Paris com o exército russo rodeado de magnetizadores dentre estes Puységur e Bergasse. Bergasse recebeu muitas vezes a solicitação do czar Alexandre I da Rússia para participar de seu passeio.[168]
O filósofo Maine de Biran, como seu amigo, o físico André-Marie Ampère,[169] era apaixonado por magnetismo animal. Para entender o sonambulismo, Maine de Biran começa pela definição do sono como
“ | a suspensão do esforço e do corpo docente voluntário (que podem deixar no trabalho a capacidade de) sentir ou receber impressões e ser afetado. | ” |
Distingue as impressões obscuros que nunca acessam a representação real das percepções completas que exigem que eu seja a atividade representativa.[170] Ele sugere que, no estado de sonambulismo, impressões obscuros,
“ | uma multidão de impressões nula ou ineficaz no estado ordinário, tornou-se tão sensível, poderia ser usado como sinais ou meios de comunicação entre o magnetizador e o magnetizado.[171] | ” |
Assim, o que revela o estado de sonambulismo, o impacto de uma vida por trás da qual participamos, por meio da imaginação passiva, a animalidade. A partir desta perspectiva, o estado magnético é
“ | ...a revelação do filho com quem são tecidos, muitas vezes sem o nosso conhecimento, todas as relações entre os seres humanos.[172] | ” |
Em geral, na França, a filosofia acadêmica gradualmente foi ganha pelo racionalismo positivista, sendo aos pouco perdido o interesse pelo magnetismo.[173] Na Alemanha, no entanto, o magnetismo animal é objeto de referências constantes entre maiores pensadores como: Hegel, Schelling, Fichte, Schopenhauer e Gustav Fechner. Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que leu Hufeland, Kluge e Schelling fala do magnetismo animal, no início da terceira parte de sua Enciclopédia das Ciências Filosóficas[174] intitulado Filosofia da Mente.[175][176] Hegel também menciona o magnetismo animal na sua correspondência com o filósofo Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (irmão de Karl Schelling) e seu ex-aluno, o holandês Pieter van Ghert Gabriel. Em uma carta a este último, ele escreveu sobre o magnetismo animal:
“ | O efeito parece-me descansar na simpatia uma individualidade animal, pode contrair com o outro, na medida em que a simpatia do último com si mesmo, sua fluidez a si mesmo, é inibida ou parado | ” |
Para Hegel, embora, do ponto de vista da consciência, o estado magnético está caindo, a perda, o perigo, a fonte de muitos erros, é este o início da consciência da doença, não é a não ser que, por si só, uma bênção, pois renova o "’’alma sensível’’" mergulhando o indivíduo em que se encontra por trás do magnetismo animal, o ser humano recupera um pouco do seu sentimento de vida que ele perdeu com a consciência.[177]
Para Schopenhauer, o magnetismo animal é uma função da vida, tendo sua sede no sistema linfático, que seria o centro da vida inconsciente, tendo o centro da vida psíquica estritamente temporal no sistema cerebral, sendo ele o centro da vida consciente. Ele considerava que o transe sonambúlico era um trabalho realizado por ambos sistemas, normalmente separadas da consciência vigilante e das sensações originais do paciente. Schopenhauer sugere ainda que um processo semelhante ao do paciente inconsciente tem lugar em paralelo com o terapeuta. Para ele, a influência do magnetismo é exercida não apenas como um parente de uma mente com outra, mas também como uma comunicação pessoal, sem contato físico direto, mais sutil, mais indireto, mais velada.[178] Nos suplementos para o quarto livro de O Mundo como Vontade e Representação, ele fez a conexão entre o amor, a sexualidade, a magia e o relatório-magnetizador, sendo expressões diferentes do mesmo fenômeno universal de simpatia entre os seres vivos.[179]
Em 1836 Schopenhauer dedicou dois textos ao magnetismo animal. O primeiro em Vontade da Natureza (30 páginas), onde lemos:
“ | ... No magnetismo animal, vemos imediatamente a ruína dos "principium individuationis" (espaço e tempo) que pertence ao reino da mera aparência. As barreiras que impõe aos indivíduos e entre eles estão quebrados; entre magnetizador e sonâmbulo, o espaço já não é uma separação, a comunidade de pensamentos e a Vontade de movimento são estabelecidas. O estado magnético leva o indivíduo além das condições que fazem parte do fenômeno simples, determinados pelo espaço e o tempo, que são chamados de proximidade e distância, presente e futuro. | ” |
Em Parerga e Paralipomena (1851), capítulo 5 do primeiro livro (60 páginas) é dedicado a Aparições e a fatos relacionados ao mesmerismo. Nele, Schopenhauer afirmou: "Quem atualmente duvida dos fatos do magnetismo animal e de sua clarividência não deve ser chamado de cético, mas de ignorante".[180]
A especulação e elaboração do conceito filosófico de inconsciente desenvolveu-se em grande parte junto com e a partir de a prática do mesmerismo.[181] Noções de estados alterados de consciência e diversas outras surgiram a partir dele.[182] Gotthilf Heinrich von Schubert e Carl Gustav Carus escreveram obras e teorias psicológicas sobre o assunto.[181] Carl Jung atribuiria a Mesmer os primórdios da noção de inconsciente.[183] Segundo o historiador Henri Ellenberger, "de 1784 a até cerca de 1880, o sonambulismo artificial foi o método principal de se ganhar acesso à mente inconsciente".[184]
O relatório que a comissão publicou concluiu que não havia evidência científica do magnetismo animal e que as curas atribuídas a isto poderiam ter acontecido por remissão normal do problema ou esta cura era algum tipo de auto ilusão)
Precursor da hipnose, psicoterapia e do tratamento de doenças psicossomáticas foi taxado de charlatão, por causa do uso do magnetismo para curar.
The commission's public report concluded that there was no scientific evidence of animal magnetism and that the cures attributed to it may have either happened through a normal remission of the problem or that the cure was some form of self-delusion (O relatório da comissão concluiu que não havia evidência científica do magnetismo animal e que as curas atribuídas a isto poderiam ter acontecido por remissão normal do problema ou que a cura era algum tipo de auto ilusão).
Without the findings of Puységur and those who built upon his work, we would not have the notion of a subconscious mind, obsessions, compulsions, psychological defenses, multiple personality, hypnosis, trance states, altered states of consciousness, and many other concepts that are now part of our popular culture.
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