Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavallaria
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A Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavallaria offerecida ao Senhor D. João Principe do Brasil é um tratado de cavalaria da autoria de Manuel Carlos de Andrade (1755-1817), picador da Picaria Real, publicado em Lisboa, na Regia Officina Typografica, em 1790. Encontra-se organizado num volume dividido em dez livros, de 688 páginas.[1]
A obra é o mais completo tratado de cavalaria da era do Antigo Regime, e a principal obra do género existente em toda a Europa. É uma vasta obra, que contém todos os ensinamentos da equitação, desde a baixa escola ― os andamentos básicos: passo, trote e galope ― à grandiosa arte equestre barroca, a alta escola dos séculos XVII e XVIII, especificamente os Ares Altos: o ensinamento de balotadas, capriolas, corvetas, levadas, e pousadas (ver galeria de imagens). O autor demonstra conhecer todos os autores anteriores, e não hesita, por vezes, em discordar deles, como por exemplo do Duque de Newcastle.[2]
A obra é, para além do texto, um tesouro gráfico: inclui 93 estampas ou ilustrações, 21 delas desdobráveis. Estas são gravuras de altíssima qualidade e rara beleza. Do ponto de vista tipográfico, o livro é a obra magna da tipografia portuguesa do século XVIII. A elevada qualidade das ilustrações teve no entanto uma infeliz consequência: muitos volumes foram com o passar do tempo desfeitos, para se emoldurar as gravuras.[3]
Os ensinamentos de equitação rigorosamente codificados nesta obra formam, juntamente com a Coudelaria de Alter, fundada por D. João V em 1748, o novo e magnífico Picadeiro Real construído por D. José em 1762 ― onde funcionou o Museu Nacional dos Coches ―, os trajes e arreios etc. conservados no museu[4] ― com especial destaque para a sela portuguesa e teliz de D. Pedro de Alcântara e Meneses (1713-1799), o famoso 4.º Marquês de Marialva, estribeiro-mor de D. José ―, e ainda a Escola Portuguesa de Arte Equestre, sucessora moderna da antiga Picaria Real ― que usa trajes, selas e arreios idênticos aos que vemos no livro e nas coleções do museu ― um conjunto único no mundo.
Segue uma introdução ao universo da obra e, para se obter uma ideia do conteúdo, e da língua portuguesa em que foi escrito o livro, uma transcrição exacta do início dos ”argumentos” de cada livro no índice da obra; e, como exemplo, a reprodução in extenso dos argumentos do Livro III e X.