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Kamehameha II (nascido Liholiho, Hilo, Havaí, c.1797 – Londres, Reino Unido, 14 de julho de 1824) foi o rei do Havaí de 1819 até à sua morte em 1824.
Kamehameha II | |
---|---|
Rei das Ilhas Havaianas | |
Rei do Havaí | |
Reinado | 20 de maio de 1819 a 14 de julho de 1824 |
Antecessor(a) | Kamehameha I |
Sucessor(a) | Kamehameha III |
Kuhina Nui | Kaahumanu |
Nascimento | 1797 |
Hilo, Havaí | |
Morte | 14 de julho de 1824 (27 anos) |
Hotel Caledonia, Londres, Inglaterra, Reino Unido | |
Sepultado em | Mausoléu Real do Havaí |
Nome completo | |
Kalani Kaleiʻaimoku o Kaiwikapu o Laʻamea i Kauikawekiu Ahilapalapa Kealiʻi Kauinamoku o Kahekili Kalaninui i Mamao ʻIolani i Ka Liholiho | |
Esposas | Kamāmalu Kaʻahumanu II Kaʻahumanu III Kalani-Pauahi Pauli Keahikuni-i-Kekauʻōnohi |
Casa | Kahemahema |
Pai | Kamehameha I |
Mãe | Keōpuolani |
Assinatura | |
Brasão |
Nascido por volta de 1797 e filho de Kamehameha I, com sua esposa principal, a rainha Keōpuolani. Antes de seu nascimento estava previsto para ele nascer em O’ahu, porém devido a uma doença de sua mãe ele nasceu na Ilha Havaí, na cidade de Hilo.[1] Pouco tempo depois de vir ao mundo, o recém nascido foi enviado primeiramente à sua avó materna, Kekuʻiapoiwa Liliha e posteriormente a Kaahumanu e que lhe deu o nome de Liholiho e foi sua mãe adotiva. Tal nome significava "Gavião Real". [2] Ela também era a principal esposa de Kamehameha I.
Durante sua infância ele teve muitos amigos de sua idade, como Charles Kanaina e Jean Baptiste Rives, um francês que ensinou ao jovem príncipe e outros irmãos seus o inglês e o francês. [3]
O jovem Liholiho assumiu o trono em maio de 1819 após a morte de Kamehameha I e assumiu o nome de Kamehameha II. Entretanto devido à sua juventude, seu poder foi diminuído a um poder simbólico, fazendo com que o poder administrativo estivesse nas mãos de Kaahumanu, que foi a rainha regente (Kuhina Nui) durante todo o reinado do rei. Ele foi saudado pela população de Kailua-Kona (Na época capital do Havaí) com um manto vermelho semelhante ao que seu pai utilizava em cerimônias. Sua madrasta Kaahumanu ter-lhe-ia dito naquele momento “Agora nós governaremos a terra”.
Um de seus primeiros decretos foi a destruição de templos e imagens dos deuses da mitologia havaiana e a abolição total do Kapu, o antigo código de conduta havaiano. Logo seu primo Kekuaokalani se opôs a tal ordem e exigiu a reconstrução dos templos e a devolução do poder sacerdotal, coisa que não foi atendida pelo rei e causou uma guerra civil entre o governo e os rebeldes tradicionalistas. A guerra foi vencida pelo rei na Batalha de Kuamo’o, onde os rebeldes foram derrotados. Poucos meses depois os primeiros missionários cristãos vieram ás ilhas.
Apesar de facilitar a entrada do cristianismo no país, o rei nunca se converteu já que era adepto da poligamia e do alcoolismo. Suas quatro esposas eram parentes suas, sendo a principal delas a sua meia-irmã Kamāmalu.
Ele era um consumidor compulsivo, tendo gastado muito dinheiro em objetos e bebidas do Ocidente, além de ter comprado em 1820 um iate real valorado em 80 mil libras para a época. Ele usava o iate para festas com os missionários e outros nobres, sem nunca dar muita atenção para os cuidados com o navio. Ele fez uma reforma no transporte marítimo em 1823 e o relançou como Ha'aheo o Hawai'i ("Orgulho do Havaí"). O navio seria destruído menos de um ano depois.
Em 1822 ele visitou o chefe-supremo de Kauai, Kaumuali, abordo de seu navio e festejou com ele por mais de um mês e no final o convidando para conhecer Honolulu. Ao chegar à cidade o rei ordenou que Kaumuali se cassasse com Kaahumanu e o manteve sob prisão domiciliar até sua morte em 1824. [4]
O rei tinha uma coleção de navios, sendo um deles o navio "Príncipe Regente", um presente do rei Jorge IV do Reino Unido. Lisonjeado com o presente o jovem rei planejou então fazer uma viagem ao Reino Unido e conversar pessoalmente com o monarca britânico, fazendo assim as relações diplomáticas dos dois países ficar mais forte. Apesar da oposição da maioria de seus conselheiros para tal viagem, ele decidiu ir após a morte de sua mãe em 1823. [5]
Ele novembro de 1823 o casal real embarcou no baleeiro britânico L’Aigle (Francês “A Águia”) sob o comando de Valentine Starbuck para transportar-los até Londres. Junto com o rei estava a rainha Kamāmalu e uma grande comitiva real formada por nobres da alta nobreza do Reino.
Em fevereiro de 1824 o navio fez uma parada no Rio de Janeiro, capital do recém-independente Império do Brasil. O rei e toda a sua comitiva foram recebidos pelo imperador D. Pedro I que os tratou como visitantes de estado. O imperador deu a Kamehameha uma espada cerimonial com diamantes e uma bainha de ouro. Em troca o rei haviano deu-lhe um manto tradicional feito de penas de aves tropicais do Havaí (Que foi destruído no incêndio do Museu Nacional em 2018). A rainha Kamamalu recebeu um anel de diamantes e em troca deu ao imperador um colar de penas amarelas. [6][7]
Seguindo viagem à Grã-Bretanha, o navio chegou em 17 de maio de 1824 em Portsmouth, seguindo viagem terrestre ao Caledonian Hotel em Londres. O secretário de relações exteriores do Reino Unido, George Canning nomeou Frederick Gerald Byng para supervisionar a visita. A vinda do monarca havaiano foi bastante comentada pelo povo e pela imprensa britânica em Londres.[8]
Em 28 de maio o rei foi recebido em uma cerimônia com mais de 200 convidados, incluindo vários duques e lordes. Ele visitou a frente da Abadia de Westminster, porém se recusou a entrar pois segundo ele, sua presença profanaria o local já que eram reis com outro tipo de sangue e era do costume havaiano andar apenas entre os templos de sua religião. Posteriormente eles assistiram um espetáculo teatral na Royal Opera House e suas figuras foram muito admiradas pelo povo britânico, que nunca havia visto um havaiano em terras inglesas. A rainha Kamamalu em especial foi bastante admirada pela sua altura de mais de 1,80. [9]
O rei Jorge IV marcou a reunião com a realeza havaiana em 21 de junho, porém teve de ser adiada devido à doença de Kamamalu e de alguns membros da comitiva havaiana que haviam contraído sarampo, a qual não tinham imunidade e tal fato ocorreu provavelmente em uma visita ao museu militar em 5 de junho. A rainha viria a falecer em 8 de julho. Kamehameha II com uma grande depressão pela morte da esposa e somado à doença acabou também morrendo seis dias depois, em 15 de julho.[10] O chefe Boki assumiu a liderança da visita e teve uma audiência com o monarca britânico em 17 de julho. No mesmo dia os corpos dos reis foram colocados em uma igreja local na espera de serem levados de volta ao Havaí dias depois.[11]
Em 1825 o rei e a rainha foram velados e enterrados no terreno onde futuramente seria construído o Palácio Iolani. Posteriormente foram transportados ao Mausoléu Real do Havaí. O rei foi sucedido por seu irmão mais novo Kauikeaoli, que utilizou o nome de Kamehameha III.
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