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género de insetos Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Heliconius (denominados popularmente, em inglês, Passion vine butterflies ou Longwings; cujo significado, em português, é Borboletas da flor-da-paixão ou Asas longas)[4] é um gênero de insetos neotropicais da ordem Lepidoptera, família Nymphalidae e subfamília Heliconiinae, proposto por Jan Krzysztof Kluk em 1780. Sua espécie-tipo, Heliconius charithonia, foi nomeada por Carolus Linnaeus em 1767, com a denominação de Papilio charithonia[1], sendo uma das poucas espécies de borboletas do gênero a atingir a região sul dos Estados Unidos[3] e chegando até a América Central e cordilheira dos Andes[5]; com a maioria das espécies distribuídas da Guatemala ao noroeste da América do Sul e bacia do rio Amazonas.[6] As lagartas de Heliconius se alimentam de plantas do gênero Passiflora (família Passifloraceae).[7][8] Os tecidos de Passiflora apresentam níveis mais ou menos elevados de compostos glicosídeos cianogênicos[9] que são transferidos para os adultos após a metamorfose, os tornando impalatáveis para seus predadores.[4] Heliconius significa habitantes do Monte Hélicon (de acordo com Turner, 1976), uma montanha no sul da Grécia, mais precisamente na Beócia, considerada na Grécia antiga como fonte de poesia e inspiração.[10][11]
Heliconius | |||||||||||||||||
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Ilustração de H. hermathena, uma espécie da Venezuela e Brasil amazônico, vista superior. | |||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||
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Espécies | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
Migonitis Hübner, 1816 Sunias Hübner, 1816 Sicyonia Hübner, 1816 Ajantis Hübner, 1816 Apostraphia Hübner, 1816 Heliconia Latreille, 1818 Phlogris Hübner, [1825] Podalirius Gistel, 1848 Blanchardia Buchecker, 1880 (Markku Savela)[1] |
São borboletas dotadas de olhos grandes, antenas longas[10], asas longas e estreitas, geralmente com suas margens arredondadas e apresentando uma diversidade de combinações de cores em negro, branco, amarelo, laranja, abóbora, vermelho e azul.[3][5] Neste caso, sua aparência externa está tão intimamente ligada à sobrevivência e à reprodução, que é alvo de intensa seleção natural e sexual. A combinação dessas duas forças evolutivas gera, rotineiramente, uma grande diversidade em padrões aposemáticos de pigmentos.[12] Por sua impalatabilidade, as espécies de Heliconius estão em frequentes relações de mimetismo batesiano com borboletas[13] e mariposas, ou traças[14], palatáveis de outros gêneros e famílias[13] e em relações de mimetismo mülleriano entre si[10] e entre borboletas da tribo Ithomiini (Nymphalidae; Danainae).[15] Os motivos dessa extrema diversidade são múltiplos, porque o padrão de coloração de asas desempenha seu papel em uma variedade de processos biológicos, desde a termorregulação até a evasão de predadores e a atração para a cópula.[12] Um dos mais conhecidos casos de espécies co-miméticas ocorre entre Heliconius erato e Heliconius melpomene, que evoluíram em uma diversidade de raças geográficas, ou subespécies, parecendo idênticas em qualquer localidade em que convivam; porém seus padrões particulares mudam em cada região de sua área geográfica.[13][16] Para piorar sua complexa identificação[3], espécies que convivem em diferentes habitats e que utilizam diferentes plantas-alimento, com asas de diferentes padrões de coloração, ainda podem gerar híbridos férteis ou inférteis.[13]
O dimorfismo sexual aparente pouco ocorre no gênero Heliconius[4], com exceção da rara Heliconius nattereri, da região sudeste do Brasil, em que machos e fêmeas apresentam diferentes colorações em suas asas.[5][6][23] Dentre os fatores pouco perceptíveis, foi descoberto que o olho composto de Heliconius erato é sexualmente dimórfico. Fêmeas apresentam três fotorreceptores sensíveis ao comprimento de ondas de luz, enquanto os machos têm apenas dois.[24]
Estas borboletas voam lentamente, pairando no ar, em áreas de floresta tropical e subtropical úmida; flutuando frequentemente em trilhas, clareiras e lugares de floresta secundária, onde são mais propensas a encontrar as flores[4] (Psychotria, Psiguria, Gurania, Lantana)[26] e as plantas hospedeiras de suas lagartas.[4] Os adultos destas borboletas, e também de Laparus doris (ex Heliconius doris)[27], coletam ativamente o pólen das flores com sua espirotromba, extraindo nutrientes que lhes capacitem para uma existência mais longa do que as de outras borboletas[26], chegando até nove meses[28], e afetando a sua produção de ovos[26]; o que faz fêmeas coletarem significativamente mais pólen do que os machos.[29] De um breve período de dispersão, após sua eclosão, adultos de Heliconius logo estabelecem-se em áreas onde permanecem para o resto de suas vidas; com populações organizadas em unidades moderadamente sedentárias, com pouco movimento de indivíduos[30], ocupando gregariamente[31], durante a noite, galhos de arbustos ou árvores baixas e retornando aos mesmos locais na noite seguinte[3], alojando-se em locais mais ou menos protegidos do vento e da chuva.[31] Parece que as plantas e seu pólen são mais significativos para seu estabelecimento do que a planta-alimento das lagartas na determinação da avaliação de uma fêmea sobre seu habitat.[10] Elas desenvolveram um corpora pedunculata maior do que o habitual. Esta é uma região do cérebro dos insetos que se pensa estar envolvida com a memória. Sendo eficazes em aprender a localização de plantas de alimentação e hospedagem de suas lagartas, em seu habitat, e verificando-as durante os meses de sua existência.[8] Para acasalar-se, os machos de certas espécies procuram as pupas das fêmeas, assentando-se nelas um dia antes do surgimento de suas parceiras. A cópula ocorre na manhã seguinte, antes que a fêmea tenha se desvencilhado completamente de sua crisálida.[10]
Os ovos são em forma peculiar de fuso ou em forma de garrafa e são colocados isoladamente[3] ou em grupos.[6] As lagartas são espinescentes e as crisálidas ficam suspensas, com a cabeça para baixo, nos caules de sua planta-alimento.[3] Às vezes elas são dotadas de compridos cornos, como as crisálidas de Heliconius erato e Heliconius hecalesia.[6] Suas lagartas podem ser gregárias, como ocorre com Laparus doris, ou solitárias e canibais. Curiosamente, neste último caso, as plantas de Passiflora, sua alimentação, desenvolveram um sistema de defesa de ovos falsos. As borboletas fêmeas vêem o que parece ser um ovo em um caule novo[8], onde geralmente são depositados os ovos, por conter maiores níveis de glicosídeos cianogênicos[9], e evitam colocar o seu ovo solitário nele, sendo que tal estratagema da planta é basicamente uma intumescência de tecido vegetal amarelado. Elas também desenvolveram folhas de formas muito variáveis, como se fossem disfarces para enganar seus herbívoros; além de apresentar glândulas dispersoras de néctar que incentivam formigas a residir em suas folhas e a repelir os intrusos.[8]
De acordo com o Museu de História Natural de Londres, Pierre André Latreille, em seu trabalho Heliconius - publicado no Nouveau Dictionnaire D'histoire Naturelle - deu seu diagnóstico para este gênero em sua página 185, não citando nenhuma espécie nominal (espécie baseada em um espécime tipo). Na página 199, no entanto, Latreille comparou o seu sistema com o de Johan Christian Fabricius e cita Papilio ricini Linnaeus e Papilio charithonia Linnaeus (atribuídos por ele a Fabricius). Deve se notar, aqui, que Latreille observou (na página 95) que este era um novo gênero.
A história subsequente deste nome, do ponto de vista da classificação científica foi, por cento e trinta anos, um dos pontos de mal-entendido contínuo. Várias tentativas foram feitas para selecionar uma espécie-tipo para este gênero, mas todas elas falharam; até que, em 1933, foi selecionado Papilio charithonia (Linnaeus, 1767), a segunda das duas espécies citadas por Latreille em 1804.
O nome Heliconius Latreille 1804 (no parecer 382 do Índice Oficial de Nomes Genéricos Rejeitados e Inválidos em Zoologia, publicado em 1956), foi considerado inválido como um homônimo júnior do nome Heliconius Kluk; sendo inválido também como um sinônimo júnior deste nome.[32][33]; até que, em 2014, a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica corrigisse a data de publicação dos nomes Danaus, Heliconius, Nymphalis e Plebejus para Kluk (1780), em vez de Kluk (1802).[34]
De acordo com os livros Borboletas do Brasil / Butterflies of Brazil, volume 2, de Haroldo Palo Jr.[35], e Borboletas: Livro do Naturalista, de Luiz Soledade Otero[36], as Heliconius podem receber as denominações vernáculas de Gravata (Heliconius besckei), Maria-boba (Heliconius erato[35] ou Heliconius ethilla narcaea)[36], Mariquita (Heliconius ethilla) e Castanha amarela (Heliconius sara).[35] O biólogo Eurico Santos ainda cita, em seu livro Zoologia Brasílica, vol. 10: Os Insetos, as denominações Alemã (Heliconius erato phyllis) e Crista-de-galo para espécies que ele não determinou, no Rio de Janeiro, com asas "de cores vivas, sobre fundo negro ou negro-azulado"; dentre elas, com toda a probabilidade, Heliconius sara apseudes.[37]
Na tribo Heliconiini, outros dois gêneros parecidos com Heliconius são Eueides e Neruda, este último em homenagem ao poeta chileno Pablo Neruda[11] e caracterizado por áreas androconiais expandidas na margem costal das asas traseiras em machos adultos.[38] Apresentam borboletas de menores dimensões, algumas lembrando Acraeini do gênero Actinote, como Eueides pavana; outras lembrando espécies de Heliconius, como Eueides isabella e Neruda aoede.[39]
De acordo com Markku Savela[1], TOLWEB,[10], Palo Jr. e GBIF.
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