Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Hannah Levy (nascida Johanna Levy, depois de casada, Hanna Deinhard) (Osnabrück, 28 de Setembro de 1912 — Basileia, 14 de Julho de 1984) foi uma historiadora da arte alemã que deixou uma importante marca no Brasil através de seus estudos sobre o Barroco.[1]
Era a caçula no casal de filhos de Leo e Zilla Levy, seu irmão se chamava Siegfried. Seu pai era sócio da R. Overmeyer Mechanische Kleider-Wäsche-Fabrik, empresa que produzia uniformes industriais e infantis. Frequentou o "Oberlyzeum für höhere Töchter" em Osnabrück e estudou História da Arte, Filosofia e Alemão a partir de 1932 nos cursos de verão promovidos pela Universidade de Munique. Após a tomada do poder pelos nazistas em 1933, viajou para Paris em uma excursão escolar e, como não podia continuar seus estudos na Alemanha devido às restrições impostas aos judeus, matriculou-se na Sorbonne. Havia, então, começado um relacionamento com o violoncelista Fritz Deinhard, trinta anos mais velho, que havia a acompanhado à França.[1]
Levy obteve seu doutorado em 1936, com a tese Heinrich Wölfflin: Sa théorie, Ses prédécesseurs, sob a orientação de Charles Lalo e Henri Focillon. No trabalho buscava localizar a origem dos conceitos teóricos de Heinrich Wölfflin.[2] Internacionalmente a tese foi seu trabalho com a mais significativa fortuna crítica, sendo traduzida para várias línguas.[3] Em 1937, proferiu uma palestra sobre a necessidade de se promover uma Sociologia da Arte, no 2º Congresso Internacional de Estética e Estudos Artísticos, em Paris.
Levy emigrou para o Brasil em 1937 com seu companheiro e aprendeu rapidamente o português. Também conseguiu que seus pais se mudassem para o país em 1938, e com eles e Fritz se estabeleceu em Petrópolis, por preferir o clima da cidade ao do Rio de Janeiro. Rapidamente Levy conseguiu um cargo junto ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde permaneceu por dez anos desenvolvendo atividades como pesquisadora, crítica de arte e professora, ministrando cursos de História da Arte para os técnicos do órgão, sob os auspícios de Rodrigo Mello Franco de Andrade. Também atuou como professora de Arte Moderna e crítica de arte na Fundação Getulio Vargas em 1946. Publicou artigos sobre arte contemporânea brasileira em revistas brasileiras e jornais diários, além de ter organizado catálogos de exposições. Foi nessa época que se tornou amiga da artista Fayga Ostrower.[1][4]
Teve vários artigos publicados na Revista do SPHAN na década de 1940, textos que deixaram um legado importantíssimo para o aprofundamento e renovação dos estudos sobre o Barroco brasileiro, numa época em que ele ainda era cercado por um preconceito geral e mal começava a ser abordado de maneira científica, o que contribuiu de maneira destacada para sua revalorização no Brasil e divulgação na Europa, quando ainda era praticamente desconhecido.[1][2][5][3] Foi a primeira a chamar a atenção para as principais fontes da iconografia do Barroco brasileiro, identificando-as no grande acervo de gravuras e estampas europeias que circulou entre os artífices da América portuguesa entre os séculos XVII e XVIII.[1][5][6] Sua obra pioneira provocou alguma controvérsia à época,[6] mas hoje seu valor é amplamente reconhecido e vem sendo estudada e comentada por diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros.[1][2]
Segundo Baumgarten & Tavares,
Em janeiro de 1948, Hannah e Fritz se mudaram para os Estados Unidos, onde se casaram e ela passou a assinar com o sobrenome Deinhard. Em 1948, Hannah assumiu o cargo de professora na New School for Social Research em Nova York e passou a complementar seu magro salário guiando passeios aos museus da cidade. Em 1956, ela e o marido se mudaram para Israel, onde ela aprendeu hebraico, ministrou cursos e publicou bastante. Como Fritz logo faleceu, Hannah retornou para Nova York em 1957, voltando a lecionar na New School, onde permaneceu por cerca de vinte anos. De 1961 a 1965, também lecionou como professora associada no Bard College e atuou como docente em diferentes instituições de 1965 até sua aposentadoria em 1978 no Queens College da City University of New York, onde lecionava desde o começo da década de 1960.[7]
O foco de sua docência foi a História da arte europeia de meados do século XVIII ao início do século XX.[1] Seu livro Bedeutung und Ausdruck: Zur Soziologie der Malerei, com ensaios sobre Sociologia da Arte, foi publicado na Alemanha em 1967, o que a levou a participar de debates sobre Arte Contemporânea e proferir palestras na Alemanha, Suíça e Suécia.[8] Com o lançamento da tradução norte-americana, Meaning and Expression: Toward a Sociology of Art, em 1970,[4] Hannah foi convidada a contribuir com periódicos norte-americanos e para ministrar conferências por todos os EUA. Em 1978, ela se mudou para Basileia, na Suíça, onde ainda chegou a ministrar cursos na na Volkshochschule até sua morte, aos 71 anos.[8]
Desde 2021 o Departamento de História da Arte da Universidade de Basileia, na Suíça, concede anualmente o Prêmio Hannah Levy-Deinhard para teses de destaque na área de História da Arte.[9]
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.